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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Um balanço do Oscar 2011

Antes de qualquer coisa, eu gostaria de expressar aqui a minha frustração com a TV brasileira, no caso aqui a Rede Globo e seu tremendo descaso com seus telespectadores. Quem não tem TV por assinatura se dá mal mesmo. Sabendo-se que o Oscar é só uma vez por ano, essa rede de TV poderia muito bem adiantar as programações do domingo, para que as pessoas pudessem assistir a transmissão do Oscar na íntegra. Mas o que vimos foi a premiação mais famosa do mundo começar a ser exibido quando não tinha mais graça, depois da meia-noite. Se é pra esculhambar, porque não passa os direitos de transmissão do Oscar pra outro canal de TV? E o pior de tudo é que, a programação que “impede” a transmissão do Oscar mais cedo é o descartável Big Brother Brasil. Até nisso o Brasil mostra atraso. Um absurdo. Mas vamos deixar isso pra lá. Esses tipos de atitudes mesquinhas de redes de TV nem merecem nossa atenção. Vamos ao que interessa.

Os premiados:

Melhor filme:
O Discurso do Rei
Um filme quadradinho, muito comportado, do jeito que a Academia gosta. Logicamente o Oscar parece não estar preparado ainda pra premiar filmes originais e ousados como A Origem, Cisne negro ou A Rede Social.

Melhos direção:
Tom Hooper por O Discurso do Rei
David Fincher ficou de mãos vazias. Decidiram premiar o que era mais convencional. Não que Hooper não seja bom diretor, mas esse ano era de Fincher.

Melhor roteiro original:
O Discurso do Rei
Onde é que o roteiro de O Discurso do rei é melhor do que o de A Origem? Uma das maiores injustiças da noite.

Melhor roteiro adaptado
A Rede Social
Justo e merecido.

Melhor ator:
Colin Firth por O Discurso do Rei
Firth já havia levado todos os prêmios anteriores (Globo de Ouro, Sag, Bafta), e só lhe faltava o Oscar.

Melhor atriz:
Natalie Portman por Cisne Negro
Quem assistiu Cisne Negro, viu a a complexidade da personagem interpretada por Portman. Super merecido.

Melhor ator coadjuvante:
Christian Bale por O Vencedor
Bale já merecia atenção da Academia por filmes como Psicopata Americano, O vencedor e O Sobrevivente. Nesse aqui mais uma vez ele está ótimo.

Melhor atriz coadjuvante:
Melissa Leo por O Vencedor
Um belo trabalho de uma atriz bastante versátil. Merecido.

Melhor animação:
Toy Story 3
De fato um ótimo filme. Merecido.

Melhor fotografia:
A Origem
Inesperadamente, A Origem foi premiado nessa categoria. Mas é justo.

Melhor direção de arte:
Alice no País das Maravilhas
Achei que fosse pra O Discurso do Rei, mas aqui não foi injusto, uma vez que a direção de arte é um dos poucos pontos positivos desse filme.

Melhor figurino:
Alice no País das Maravilhas
Outro que achei que era pra O Discurso do Rei, e outro que é um dos poucos pontos positivos desse filme. Foi justo.

Melhor trilha sonora:
A Rede Social
Um bom trabalho. Merecido.

Melhor canção original:
Toy Story 3
A canção We Belong Together é legal.

Melhor montagem:
A Rede Social
Merecido.

Melhores efeitos visuais:
A Origem
Super merecido. Um excelente trabalho, um dos melhores dos últimos anos.

Melhor mixagem de som:
A Origem
Merecido.

Melhor edição de som:
A Origem
Merecido.

Melhor maquiagem:
O Lobisomem.
O filme é fraco, mas a maquiagem é boa. Merecido.


Outros prêmios:

Filme estrangeiro:
Em um Mundo Melhor (Dinamarca)

Documentário
Trabalho Interno

 
Documentário Curta-metragem
Strangers No More

 
Curta-metragem (Live Action)
God of Love


Curta-metragem de Animação
The Lost Thing


O melhor momento da noite de entrega do Oscar 2011 foi quando o veterano ator Kirk Douglas entrou no palco para entregar um dos prêmios.



sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O amor ontem e hoje

Faz um bom tempo que eu estava na casa de uns amigos de nossa família. Era um domingo, e havíamos sido convidados para um almoço. Como eu não gosto de ficar muito tempo em um único ambiente, saí na porta e fiquei ali na frente da casa. Nisso, vi uma senhora idosa na porta de uma casa ao lado. Ela me perguntou se eu era parente daquele pessoal. Sei que, entre uma conversa e outra, ela me disse algo em tom emocionado, do qual nunca vou me esquecer. Na síntese o que ela me disse foi o seguinte:

Sabe? Eu fico aqui em minha casa, e me pego pensando na vida. Lembranças que vão e que vêm. Meus filhos me visitam, amigos meus me visitam, familiares e vizinhos me fazem visitas, mas te confesso uma coisa: nenhum deles preenche a falta que meu marido amado me faz. Vivemos juntos há mais de 50 anos, e desde que ele se foi, vivo aqui com ele em minhas lembranças. Sinto muita falta dele.

Posso dizer sem muita exatidão, mas com toda a certeza que essas palavras faladas por essa senhora, foi há mais de 15 anos, e creio que hoje ela já não esteja mais aqui. Foram palavras sinceras, emocionadas, como poucas vezes já ouvi alguém dizê-las. Além de, ela ter se referido a um grande e verdadeiro amor, ela meio que indiretamente também quis dizer que o amor nos dias atuais não era mais o mesmo (diga-se naquela época, 15 anos atrás). Porém, eu jamais esperava que aquilo fosse uma espécie de profecia, onde eu jamais me dava conta do que estava por vir, ou seja, perceber que o amor de 30, 40, 50 anos atrás era um amor real, mas que ficou pra trás, e que nos dias de hoje é apenas fumaça ao vento.
Não digo com isso que não existam pessoas que ame, na verdade não existem pessoas que dê valor àquele que ame. Dificilmente você vai gostar de uma pessoa e essa pessoa vá te corresponder pelo menos 50%. Há exceções, é claro, mas no geral o que vemos hoje são casais que estão juntos hoje, mas amanhã não estão mais.
Alguém diz hoje pra você que te ama muito, etc. e tal. Mas amanhã essa mesma pessoa já está de olho em outro alguém. Resumindo: Parece que só se fica junto hoje em dia na falta de alguém “melhor”, na falta de outras oportunidades.
Um amigo meu, aliás, conhecido meu, se casou faz tempo com uma adolescente de 13 anos. Sim, a estúpida família da moça que mora numa roça autorizou o casamento, certamente pra se ver livre de mais uma “boca” a ser sustentada. Esse conhecido meu na verdade tinha outros planos, ele se casou com essa adolescente certamente pra fazer o que ele queria fazer, e depois aproveitou a ingenuidade e falta de experiência dela, e começou a sair com outras mulheres. O processo aí foi simples e astucioso ao mesmo tempo. Vamos analisar os fatos e chegaremos lá: Malandro da cidade grande chega em um pequeno povoado e joga a lábia em menina nova, depois chega para os pais da mesma e a pede em casamento. Os pais, que em alguns casos são até certo ponto ignorantes (em todos os sentidos da palavra), concedem a vista do passaporte do malandro para sua plena felicidade (não a felicidade da menina, essa é aquela que no final das contas só vai servir pra ser escrava sexual e doméstica de homem canalha). Infelizmente casos assim continuam acontecendo no mundo todo. Em vez de se casarem por amor, muitas mulheres novas se casam (forçadamente) por interesses dos próprios pais.
O que mais chama a atenção no quesito amoroso, é que, toda pessoa romântica demais acaba não dando certo no amor. Parece que tanto sacrifício para agradar a pessoa ao lado é em vão. Não se tem o mesmo em troca. Vou repetir o que eu já disse em outros tópicos: o ser humano parece se agradar mais daquelas pessoas que as maltrata, de certo modo até mesmo indiretamente, quando não diretamente. É algo na linha: “Quanto mais eu piso nele (a), mais ele (a) gosta de mim”.
Se você é uma mulher e descobriu que seu namorado era o maior dos pilantras, ele mentiu pra você, te traiu e te enganou, e obviamente você terminou o relacionamento (se não terminasse, você merece tudo de ruim que ele faz com você), pode ter certeza que o canalha um dia sem mais nem menos vai te rodear novamente, se fingindo de “mudado”, dizendo que agora é outra pessoa, blá, blá, blá e tentar de tudo pra te ganhar na conversinha mole. Se você for uma mulher esperta, experiente e principalmente que se dá valor, não vai cair nessa. Se ele te pedir perdão, porque não perdoá-lo? Isso é bíblico. Mas não vá cair nos papos desses malandrecos espertos que só querem voltar a se aproximar de você depois que outras mulheres deram um tremendo chute neles. Fuja do mal em suas vidas. Cair nessas lorotas é coisa de mulher desesperada que acha que não vai mais arrumar alguém, ou não tem amor-próprio. Simplesmente perdoe e mande-o seguir a vida dele e você segue a sua, um bem longe do outro. Ou você vai confiar novamente em alguém que te fez sofrer? Sendo que, seria de certo modo muito difícil haver confiança, uma vez que, seu subconsciente não te deixaria em paz, achando sempre que o malandro está com outras por aí quando ele demorar de chegar em casa. Se quiser aceitá-lo de volta, é por sua conta e risco, porque no final de tudo quando ele voltar a aprontar com você (dessa vez ainda pior), todos chegarão pra você e dirão: “Mas você entrou nessa novamente foi porque quis, já sabia que iria acabar nisso”.
Nos dias de hoje, relacionamento amoroso é uma loteria, onde a pessoa entra já sabendo dos riscos. Mas é preciso ser forte e encarar um relacionamento, porque ninguém ficou pra viver só. Não um relacionamento que já está fadado ao fracasso, ou retorno de ex-namorado medíocre que só quer se aproveitar de você, mas um relacionamento com uma pessoa que a princípio te pareça legal e confiável. Se não der certo, coloca pra vazar de sua vida e siga em frente. 


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Oscar 2011 - Os 10 filmes indicados ao prêmio máximo



No próximo domingo dia 27, teremos mais uma entrega do Oscar, o prêmio máximo do cinema mundial. É a 83º edição do prêmio, e dessa vez como não poderia deixar de ser, temos filmes, atores, diretores e técnicos justos e outros nem tanto concorrendo ao prêmio mais cobiçado da Sétima Arte. Vamos analisar um pouco os possíveis vencedores às várias categorias, entre os 10  indicados ao prêmio de melhor filme.

São eles:

Cisne Negro:
Uma bailarina vai aos limites quando lhe é dado os dois papéis principais de A Valsa dos Cisnes.
O filme mais controverso da lista, Cisne Negro foi elogiado por muitos, mas alguns o rejeitaram por causa de seus elementos surreais e até mesmo bizarros. Mas na verdade se trata de uma obra diferente. É pra quem procura fugir do convencional e quer embarcar em algo mais visceral. Concorre a melhor filme, diretor (Darren Aronofsky), atriz (Natalie Portman), fotografia e montagem.
Natalie Portman é a favorita a melhor atriz.


O Vencedor:
Ex-boxeador fracassado tenta treinar o irmão e fazer dele um campeão nos ringues.
Partindo de uma história real, é um bom drama que mexe com assuntos familiares, superação e a perda das oportunidades. Traz um bom elenco, em especial os coadjuvantes. É um interessante drama otimista, cheio de nuances sentimentais. Concorre a melhor filme, diretor (David O. Russel), ator coadjuvante, atriz coadjuvante, roteiro original e montagem.
Christian Bale e Melissa Leo são os favoritos a melhor ator e atriz coadjuvante, respectivamente.


A Origem:
Equipe precisa implantar uma idéia nos sonhos de um milionário, mas essa missão não será nada fácil.
Meu preferido da lista, A Origem é o filme mais original e empolgante dentre os indicados. Trata-se de mais uma obra-prima de Christopher Nolan (Amnésia). Mas perde chances de ganhar a melhor filme quando injustamente ficou de fora como melhor diretor. Concorre a melhor filme, roteiro original, direção de arte, fotografia, trilha sonora, edição de som, mixagem de som e efeitos visuais.
É favorito nas categorias de efeitos visuais, edição de som e mixagem de som. Pode vir a ganhar como roteiro original também.


Minhas Mães e Meu Pai:
Casal de lésbicas é surpreendido quando seus filhos procuram seu pai biológico.
O filme mais discutível entre os indicados, Minhas Mães e Meu Pai na verdade se sustenta mais é na interpretação dos atores do que na história em si, sem contar que termina de forma incoerente. Concorre a melhor filme, atriz (Annette Bening), ator coadjuvante (Mark Ruffalo) e roteiro original.
Annette Bening é a maior rival de Natalie Portman como melhor atriz, ainda assim não tem fôlego pra ganhar.


O Discurso do Rei:
O rei George da Inglaterra recorre a um especialista para lhe curar a gagueira, no início da Segunda Guerra Mundial.
Esse é o filme que mais tem cara de “filme do Oscar”, bons atores, boa direção e uma história de amizade e superação. Se ganhar não é injusto, porém é mais um filme com a velha fórmula de filmes sobre a monarquia inglesa, assunto que não agrada a todos. Concorre a melhor filme, direção (Tom Hooper), roteiro original, ator (Colin Firth), ator coadjuvante (Geoffrey Rush), atriz coadjuvante (Helena Bonham Carter), fotografia, montagem, direção de arte, figurino, trilha sonora e mixagem de som.
Pode roubar os Oscars de filme e direção do favorito A Rede Social, e também roteiro original de A Origem. É favorito a melhor ator (Colin Firth), fotografia, direção de arte e figurino.


127 Horas:
Um montanhista tem seu braço preso em uma rocha e fica ali 5 dias até que precisa tomar uma difícil decisão.
Esse é o filme que causou as mais diversas sensações por onde foi exibido. Trata-se de uma forte e amarga história real. Um filme que seria mais difícil se não fosse pelo talento do diretor Danny Boyle em criar um clima de descontração em meio à tragédia do protagonista. Concorre a melhor filme, ator (James Franco), roteiro adaptado, trilha sonora, canção e montagem.
Seria legal se James Franco ganhasse como melhor ator, mas Colin Firth é o favorito nessa categoria.


A Rede Social:
A história real do criador do Facebook, um dos maiores sites de relacionamento do mundo.
Estamos diante de um filme sem ação ou adrenalina, baseando-se apenas em diálogos e situações, mas trata-se de um verdadeiro triunfo do diretor David Fincher (Seven). É uma obra que fala de ambição, traição, inveja e principalmente sobre o poder do dinheiro nas mãos de jovens estudantes. Concorre a melhor filme, direção, ator (Jesse Eisenberg), roteiro adaptado, fotografia, montagem, trilha sonora e som.
É o favorito (ao lado de O Discurso do Rei) a melhor filme e direção. Favorito também a roteiro adaptado, montagem e trilha sonora.

 
Toy Story 3:
Terceira aventura dos brinquedos mais divertidos dos últimos tempos. Dessa vez eles são abandonados e separados pelo seu dono.
Maior bilheteria de 2010, Toy Story entra na disputa como melhor filme. É a terceira animação da história a concorrer ao prêmio máximo. É uma divertidíssima aventura que agradou a críticos e público no mundo todo. Concorre a melhor filme, roteiro adaptado, animação, edição de som e canção.
Ainda que não tenha muitas chances de ganhar como melhor filme, é favorito absoluto a ganhar como melhor animação.  


Bravura Indômita:
Uma adolescente contrata um velho pistoleiro pra caçar e prender o assassino de seu pai.
Inesperado grande sucesso dos irmãos Coen (o maior de suas carreiras). É um remake do clássico homônimo de 1969 que deu o Oscar de melhor ator a John Wayne. Depois de quase 20 anos, é o primeiro faroeste a fazer uma grande bilheteria. É um filme muito bem realizado, mas injustamente roubou a vaga de direção de Christopher Nolan por A Origem. Concorre a melhor filme, direção (Irmãos Coen), roteiro adaptado, ator (Jeff Bridges), atriz coadjuvante (Hailee Steinfeld), fotografia, direção de arte, figurino, edição de som e mixagem de som.
A jovem atriz Haille Stenfeld que é a protagonista mas inexplicavelmente concorre a coadjuvante, tem uma presença luminosa, mas não tem chance contra melissa Leo (por O Vencedor).


Inverno da Alma:
Pra não perder sua casa, uma adolescente precisa a todo custo encontrar seu pai. O Problema é que isso lhe causará problemas.
Todo ano o Oscar escolhe um filme “independente” pra concorrer a melhor filme, e o filme escolhido esse ano é Inverno da Alma. É um filme que se concentra basicamente no olhar de cada ator em cena. Trabalha-se muito aqui com os sentimentos e as conseqüências do passado obscuro e a terrível tentativa de trazê-lo à tona. Na verdade é uma obra fria e distante, mas com um ótimo elenco.
Este é o que se chama de filme-zebra, poucos apostam nele, mas pode vir a surpreender nas premiações. Embora eu acredito que vá sair de mãos vazias.


Confesso que nos dois últimos anos, não me agradei dos vencedores a melhor filme e algumas outras categorias. Espero que nesse ano haja uma maior coerência por parte da Academia e que resolvam premiar quem realmente merece. 

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Balzaquiana


O escritor francês Honoré de Balzac (1779-1850) ao escrever seu famoso livro A Mulher de Trinta Anos, não imaginava que essa obra lhe ajudaria a ficaria imortalizado não apenas como escritor, mas seu próprio nome sendo referência a um tipo de mulher de nosso tempo. Balzaquiana assim como a personagem do livro citado, diz respeito à mulher que está com trinta anos (e acima) e que depois de “trintona” descobriu a intensidade do amor e da vida. Seriam mulheres que, depois de várias experiências (boas e ruins), descobrem que a referida idade lhes chega como um presente, um novo sentido, um autodescobrimento.
A mulher quando chega aos trinta anos, não descobre apenas uma nova vida, mas descobre também as frustrações, os dilemas, os anseios, as normas (a serem quebradas), o descontentamento com (e de) muitas coisas, a vontade de acertar e também de corrigir o que errou. Como em toda a regra há exceções, também existem mulheres que ao chegarem à casa dos trinta se entregam aos problemas, outras começam a se desvalorizar, há aquelas que são assustadas pelo fantasma do tempo (diga-se idade avançando, uma bobagem, todo mundo envelhece), há também aquelas que perdem totalmente a direção de suas vidas e começam a viver desordenadamente (conheço algumas assim).
Mas em boa parte, a mulher balzaquiana se torna uma mulher mais amadurecida, disposta a tornar-se cada vez mais uma pessoa melhor. Muitas delas se tornam independentes, longe dos conceitos de “Amélia”, mulheres que preferem criar sozinhas seus filhos a teimarem em viver ao lado de maridos cretinos. Sempre admirei a verdadeira mulher, aquela que vai à luta e não fica dependendo do marido, aquela que sabe a hora certa de dizer sim e não, aquela que não abaixa a cabeça pra homem algum, aquela que se valoriza e ama mais a si própria do que a seu companheiro, aquela que sabe o verdadeiro sentido do que é amar e ser amada.
Se nem tudo são flores depois dos trinta, há de se concordar que muita coisa melhora para as mulheres que começam com essa idade: a conviver com a experiência de vida, a não cometerem erros do passado, a encararem a vida com mais naturalidade, a não confiarem tanto, a tomarem mais decisões acertadas, a serem mais exigentes no que diz respeito a seus direitos, a se olhar no espelho e dizer: “Eu sou linda” e “Eu posso”.
Depois dos trinta, a mulher é invejada. Vida longa às balzaquianas. 



terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Despedida

Caramba, fui levar agora a pouco em um ponto de ônibus uma pessoa que eu gosto muito, mas quando ela entrou no ônibus, tive a sensação ainda maior que aquele momento seria o último que eu a veria. Ela vai viajar, ir embora pra longe. Ela me abraçou, e entrou no ônibus, fiquei com aquela sensação de que estava perdendo algo. 
Quando vim embora pra casa, senti um aperto, como se tivesse implodindo algo dentro de mim, sem conseguir colocar pra fora. É um momento bastante triste. Eu fingindo por fora estar tudo bem, dizendo olá para as pessoas nas ruas, mas meu interior não correspondia a isso. 
Seria bom se não precisássemos despedir de quem a gente gosta. No meu caso, eu preferiria que se passasse uma borracha em minha cabeça, sem ter que encarar esse momento difícil. 
Ela disse “tchau”, mas eu sabia que era um “adeus”.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Cisne Negro



Nina (Natalie Portman), uma bailarina de uma famosa companhia de dança é escalada pelo seu diretor (Vincent Cassel) para ser a principal atração de Cisne Branco e Cisne Negro em O Lago dos Cisnes do compositor russo Tchaikovsky. Agora resta a Nina se dedicar como nunca, mas ela tem pela frente sua mãe super protetora (Barbara Hershey) e uma provável concorrente (Mila Kunis). Aos poucos, Nina vai mergulhando em remédios e drogas, passando a ter alucinações, misturando realidade e alucinações.
Esse é o enredo de Cisne negro, um dos filmes mais aguardados do ano, e também um dos mais intrigantes e fora do comum. É importante que se perceba tratar-se do novo trabalho do prestigiado Darren Aronofsky, um diretor que foge das fórmulas hollywoodiana e consegue sempre surpreender seu público. Para entender Cisne Negro, é interessante que se entenda primeiramente o cinema de Aronofsky: Pi (1998) é a história de um homem obcecado em decodificar a famoso número irracional que representa a divisão entre uma circunferência e o diâmetro, esse número é denominado de Pi = 3,1415926. Dois anos depois, Aronofsky nos apresenta a sua obra-prima Réquiem Para um Sonho, um perturbador estudo sobre o uso de diferentes tipos de drogas envolvendo uma mulher (Ellen Burstyn), seu filho (Jared Leto) e amigos. Em A Fonte da Vida (2006), através de três histórias, três homens (interpretados por Hugh Jackman) tentam encontrar a essência da existência humana. Em 2008, em O Lutador, um ex-campeão de luta livre (Mickey Rourke), tenta retornar ao ringue para uma última luta.
O cinema de Aronofsky é muitas vezes difícil, indigesto e irreal. Em Cisne Negro, a protagonista vive sérias crises que a levam por vezes ao desespero. Não sabemos o que ali é real e o que faz parte da imaginação de Nina. Sua inteira dedicação ao papel principal do futuro espetáculo lhe provoca um anseio enorme, uma busca incessante pela perfeição, abdicando de qualquer tipo de lazer. Até mesmo a dançarina anterior que ela substitui, feita por Winona Ryder, lhe causa efeitos devastadores.
Cisne Negro tem uma atmosfera bastante claustrofóbica, misturando ainda elementos sensuais, como na cena em que a protagonista mantém uma relação com sua concorrente, numa das cenas mais comentadas do ano. Há de se lembrar também que Cisne Negro é um filme que cresce sempre, com um desfecho arrasador, quando a heroína demonstra tudo o que aprendeu, em seqüências de tirar o fôlego.
O elenco é composto de bons atores: Natalie Portman, que estreou quando era garota em 1994 em O Profissional. Cresceu e se tornou uma atriz de respeito, em filmes como Cold Mountain, Closer – Perto Demais e V de Vingança. Foi a personagem feminina principal da nova (e irregular) trilogia Star Wars. O francês Vincent Cassel fez trabalhos importantes como Rios Vermelhos, Pacto dos Lobos e Irreversível. A bela ucraniana Mila Kunis fez entre outros, o fraco Max Payne e o interessante O Livro de Eli. A veterana Barbara Hershey retorna aqui depois de alguns anos em trabalhos sem maiores expressões.
Repleto de imagens oníricas, vislumbres narrativos e uma história intrigante e dramática, Cisne Negro é um filme digno na carreira de Aronofsky. Com câmera na mão, ele registra todo o pesadelo de sua protagonista, sem que em nenhum momento seja lhe tirado o foco, em prol de subtramas desnecessárias. Portman tem aqui o papel mais importante de sua carreira, ganhando vários prêmios, entre eles o Globo de Ouro e o SAG de melhor atriz. O Oscar praticamente já é dela, e por falar nisso, Cisne Negro concorre a mais outros 4 prêmios da Academia: Filme, diretor, montagem e fotografia.
Não é um filme pra qualquer um. Alguns podem reclamar de seu clima sufocante, outros podem achá-lo complexo demais. Mas é inegável que se trata de uma obra diferente e de grande impacto. 


Nota: 4 de 5

Título original: Black Swan

Lançamento: 2010 (EUA)

Direção:
Darren Aronofsky

Elenco: Natalie Portman, Vincent Cassel, Mila Kunis, Bárbara Hershey, Winona Ryder

Duração: 108 minutos

Drama/Suspense