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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Batman - A Piada Mortal



Em 1988, o aclamado escritor Alan Moore junta-se ao desenhista Brian Bolland para criarem a mais emblemática luta entre o bem e o mal nas histórias em quadrinhos (HQs) envolvendo um justiceiro mascarado (Batman) e um sádico criminoso (Coringa). Trata-se de Batman - A Piada Mortal (Batman – The Killing Joke), uma das HQs mais aclamadas por crítica e público. Nela, vemos o Batman descobrindo que o Coringa fugiu mais uma vez do Asilo Arkham, mas dessa vez a fuga traz conseqüências desastrosas para o homem-morcego. O Coringa em uma vingança contra o comissário Gordon, atira em sua filha Bárbara Gordon (ex-Batgirl), deixando-a paralítica, ao mesmo tempo em que tortura Gordon de várias maneiras, mostrando a este fotos horríveis com sua filha agonizando. Para o Batman, capturar o psicótico vilão dessa vez é questão pessoal. Em flashbacks, ficamos conhecendo o passado do Coringa, quando este era chamado Jack Napier, um artista circense que se envolve com mafiosos e vê sua esposa grávida morrer em um acidente. Napier, durante a fuga em uma ação criminosa que dá errado, acaba sendo perseguido pelo Batman e cai dentro de um tonel de produtos químicos, que o faz ficar com o rosto transformado. No presente, o Batman seguindo as pistas, chega até o Coringa, e começa aí um acerto de contas que terminará de forma inesperada.
Em A Piada Mortal, o Coringa tenta provar que um dia muito ruim na vida de um homem pode transformá-lo, pra pior. Nesse caso, ele queria ter certeza que o comissário Gordon, homem de confiança do Batman, se tornaria um psicótico quando passasse por torturas e humilhações e culminasse quando soubesse que sua filha foi brutalmente agredida e colocada para sempre em uma cadeira de rodas. Para Alan Moore, o Coringa nada mais é do que um reflexo de um passado atormentado e trágico. Assim como o Batman teve seus pais assassinados quando este era pequeno, ao crescer, adotou a identidade de um vigilante justiceiro e resolveu combater o crime, o Coringa agiu de forma contrária: ao passar pela tragédia, ele resolveu intensificar todo o horror, espalhando o caos para não “se sentir só” em seu pranto. O que temos aqui é uma história do Batman, porém com um foco centralizado no seu maior adversário.
O Coringa sempre foi o vilão mais insano das HQs. Em A Morte de Robin, ele tortura e mata o menino-prodígio. Em Asilo Arkham, ele está a frente de uma terrível rebelião daquele lugar sombrio. Em O Cavaleiro das Trevas, ele mostra que seu sadismo não tem limites, resultando em seu fim nas mãos do já cansado e velho homem-morcego.
O Coringa apareceu pela primeira vez nos quadrinhos, no ano de 1940, na primeira edição da revista própria do Batman, criação de Bob Kane e Bill Finger, que se basearam no ator Conrad Veidt ( O Gabinete do Dr. Caligari, Casablanca) no filme O Homem que Ri (de 1928). 


Conrad Veidt em O Homem que Ri (1928)

No cinema, o Coringa foi interpretado em 1966 pelo ator César Romero , no longa metragem Batman, o Homem-Morcego, estrelado por Adam West e Burt Ward (havia uma série cômica de TV no mesmo formato e com os mesmos atores). Em 1989, no filme Batman, o diretor Tim Burton (que tem A Piada Mortal como sua HQ preferida) colocou o ator Jack Nicholson na pele do Coringa, e lhe deu uma origem parecida com a da história de Alan Moore (somente a cena em que este cai no produto químico). O Coringa de Nicholson é debochado, irreverente (apesar de sádico também), diferente da imagem mais trágica criada por Alan Moore, e também por Frank Miller (em O Cavaleiro das Trevas). Em Batman - O Cavaleiro das Trevas (2008), o ator Heath Ledger (falecido no mesmo ano) criou a imagem definitiva do Coringa, onde o mesmo é terrivelmente insano, porém estrategista; não se revela de onde ele veio ou pra onde ele vai. É uma caracterização incrível, que rendeu postumamente para Ledger cerca de trinta prêmios (entre eles o Oscar e o Globo de Ouro de melhor ator coadjuvante) num trabalho realmente notável. Na TV, em Batman: The Animated Series o Coringa é dublado pelo ator Mark Hamill (O Luke Skywalker da série Star Wars – Guerra nas Estrelas).


Cesar Romero em Batman, o Homem-Morcego (1966)


Jack Nicholson em Batman (1989)


Heath Ledger em Batman - O Cavaleiro das Trevas (2008)


A Piada Mortal foi publicada e republicada aqui no Brasil diversas vezes, com cores refeitas pelo próprio desenhista Brian Bolland, substituindo o original feito por John Higgins, e chegando até a sair em preto e branco em uma das edições. História preferida de dez entre dez leitores, é uma obra inquietante, um verdadeiro marco no mundo dos quadrinhos.

Abaixo, a piada que o Coringa conta para o Batman, no final da história:



 "Tinha dois caras no hospício... Uma noite eles decidiram que não queriam mais viver lá... e resolveram escapar pra nunca mais voltar. Aí eles foram até a cobertura do lugar e viram, ao lado, o telhado de um outro prédio apontando pra lua... apontando para a liberdade! Então um dos sujeitos saltou sem problemas pro outro telhado, mas o amigo dele se acovardou... É, ele tinha medo de cair. Aí, o primeiro cara teve uma idéia. Ele disse:
-Ei! Eu estou com minha lanterna aqui. Vou acendê-la pelos vãos dos prédios e você atravessa sobre o facho de luz!
Mas o outro sacudiu a cabeça e disse:

- O que você acha que eu sou? Louco??? E se você apagar a luz quando eu estiver no meio do caminho?!"


terça-feira, 17 de maio de 2011

Infâmia



Em uma escola particular, uma aluna chateada (Karen Balkin), inventa para a sua avó (Fay Bainter) que duas professoras (Audrey Hepburn e  Shirley MacLaine) mantêm um relacionamento amoroso. A partir daí a rotina das acusadas muda drasticamente. O namorado de uma delas (James Garner) lhe dá apoio, mas aos poucos ele vai demonstrando insegurança, devido ao grande escândalo. A menina é neurótica, problemática, o que poderia fazer com que ela tenha inventado essa história, mas os fatos posteriores mostram que ela não está completamente errada.
O excelente diretor William Wyler refilma uma obra dele próprio, de 1936, baseada na peça da escritora norte-americana Lillian Helman. É um texto forte, maduro, bem avançado para a época, com toques psicológicos, tratando de um assunto que até então era raro nos cinemas no início dos anos 60: o homossexualismo.  
Infâmia é daqueles filmes que, se caísse em mãos de um diretor qualquer, resultaria em algo frio, esquemático, sem grande profundidade dramática. Mas Wyler não é um diretor qualquer, e sim um dos maiores gênios do cinema, que sabe conduzir como ninguém grandes atores em uma grande história, sem nunca se perder. Quando situamos esse filme em seu ano de produção (1961), percebemos que é uma obra que está além de seu tempo, porque diferentemente de alguns filmes da época que apenas contêm algumas conotações homossexuais, Infâmia apresenta uma gama de situações e conseqüências relacionadas diretamente ao homossexualismo. Para o expectador mais atento, ele verá de antemão que uma das professoras acusadas, Martha Dobie (MacLaine) apresenta uma atração no mínimo estranha, pela sua colega de profissão, ainda que nunca demonstre uma maior aproximação. A menina que cria toda a polêmica, é manipuladora e obsessiva, mas consegue tornar crível toda a situação, fazendo com que sua avó em certo momento diga para as acusadas: “Uma criança jamais inventaria tais coisas”. O que Wyler quer de fato mostrar não é se a menina está ou não inventando tudo, mas fazer um painel sobre duas vidas destruídas por algo que elas não vivem, afinal de contas, uma delas (Hepburn) está de casamento marcado. As acusadas se isolam no agora abandonado lugar de trabalho, e ali são alvos do desprezo das pessoas daquela cidade.  
O que Wyler não pôde fazer na primeira versão (lembrando que nos anos 30 vigorava o Código Hays, que censurava obras com teor homossexual, entre outros), ele conseguiu fazer em sua versão de 61, indo mais a fundo no texto de Lillian Hellman (que já foi casada com o famoso escritor Dashiell Hammett, autor de obras como O Falcão Maltês e A Ceia dos Acusados, que viraram filmes de grandes sucessos) apoiado em duas extraordinárias atrizes nos papéis principais. Lembrando que, Audrey Hepburn em seu primeiro grande filme em papel principal: A Princesa e o Plebeu, foi dirigida por Wyler. Esse conto de fadas metropolitano deu o Oscar para Hepburn e lhe abriu as portas para uma das carreiras mais brilhantes em Hollywood, em filmes como Sabrina, Cinderela em Paris, Uma cruz à beira do abismo, Bonequinha de Luxo, Charada e Uma Bela Dama (My Fair Lady), entre outros. Shirley MacLaine também teve uma bela carreira, começando em um filme de Alfred Hitchcock: O Terceiro Tiro, fazendo posteriormente entre outros, os aclamados Deus Sabe Quanto Amei, Se Meu Apartamento Falasse, Irmã La Douce, Muito Além do Jardim e Laços de Ternura (de 1983, que lhe deu o Oscar de melhor atriz). James Garner muito jovem faz o namorado de Hepburn, e Fay Bainter que interpreta a avó da menina, ganhou um Oscar de melhor atriz por Jezebel (1938), dirigido por Wyler.
William Wyler foi um diretor de carreira brilhante, muito requisitado por produtores e atores, todos queriam trabalhar com ele, porque sabiam que seus filmes eram sinônimos de qualidade. Foi ele quem ajudou a tornar Bette Davis uma das maiores estrelas do cinema, com filmes como Jezebel e A Carta. Em 1942, dirigiu o premiado Rosa de Esperança; em 1946 faria Os Melhores Anos de Nossas Vidas que lhe deu seu segundo Oscar de direção, mas ainda foi premiado mais uma vez nessa categoria, pelo épico Ben-Hur (1959, primeiro filme a levar 11 estatuetas da Academia). Wyler dirigiu em 1939 a melhor versão de O Morro dos Ventos Uivantes.
Em Infâmia, podemos perceber que o isolamento das duas professoras acusadas, e o preconceito que elas vivem, se assemelha bastante com a situação vividas pela mãe e irmã do personagem principal em Ben-Hur, no qual estando com lepra, se isolam no vale dos leprosos, em uma das seqüências mais emocionantes da história do cinema.
Infâmia é um filme no qual não há saída fácil, não procura solucionar os problemas, deixando que as duas personagens vão em busca de explicações do qual não há respostas, culminando em um final trágico. Indicado aos Oscars de atriz coadjuvante (Bainter), Direção de Arte, Figurino, Fotografia e Som.
Imperdível para quem busca um filme denso e atemporal.


Nota: 5 de 5

Título original: The
Children's Hour

Lançamento: 1961 (EUA)

Direção: William Wyler

Elenco: Audrey Hepburn, Shirley MacLaine, James Garner, Fay Bainter, Karen Balkin.

Duração: 114 minutos

Drama





domingo, 1 de maio de 2011

Aquela sensação de vazio

Você com certeza alguma vez em sua vida (ou muitas vezes) já sentiu uma sensação de vazio que lhe toma e lhe deixa mal. Um mal-estar que você sente, mas quando vai ver, não é febre, não é alteração de pressão arterial, não é fome, não é cansaço e nada que em uma rápida análise poderia representar um sintoma de algum problema mais visível. Rico, pobre, famoso, anônimo, europeu, asiático, alto astral, baixo astral, não importa o que a pessoa seja, ela tem tendência a sentir esse vazio que os médicos costumam chamar de depressão, síndrome do pânico, angústia, desespero, ansiedade, reclusão, saudade, tormento, ou qualquer coisa que de uma hora pra outra (ou vagarosamente, conforme cada caso) pode mudar seu astral de bom pra ruim. Pode variar de um simples mal estar, mudança de humor até a algo mais sério que necessita de ajuda. Ou seja, essa sensação de vazio é sinônimo de infelicidade, tristeza que nos sobrecarrega e maltrata. Faz parecer que a vida perdeu o sentido, que fomos abandonados, que já não há mais esperanças em nada. Há quem aponta para pessoas com tais problemas e diz-lhes que estes são fracos, que os mesmos “precisam” sair dessa, etc. (coisa de quem quer parecer melhor que os outros e aproveita um momento de fraqueza do próximo para criticá-lo, e com palavras duras se fingindo de “amigo”, acaba por tornar as coisas ainda mais difíceis pra quem passa por sérios problemas emocionais).
Quem sente um vazio dentro de si não é uma pessoa louca, desestruturada ou pior que os outros, é sim uma pessoa que porventura passa por problemas difíceis, pessoas que não conseguem achar o rumo de algumas coisas em suas vidas, seja na área financeira, no amor, na saúde, em uma perda, em alguma decepção, ansiedade, ou até mesmo sem motivo aparente. Em alguns casos, esse vazio vem acompanhado de sofismas (pensamentos indesejados, que podem variar de pequenas indagações e dúvidas até algo que nos impulsiona a fazer coisas que não queremos, sugerindo que você está derrotado e chegou ao seu final. Algo totalmente diabólico). Sofisma é algo muito perigoso, é preciso fugir disso. Quando você perceber que está vindo em sua mente pensamentos de morte, assassinatos, aberrações ou algo que lhe impulsiona a cometer o mal contra os outros ou contra você mesmo, procure ajuda, vá ao encontro de pessoas que você sabe que estão prontas para te ajudar. Em muitos casos o sofisma está interligado à área espiritual.
Alguns pastores mal preparados que estão por aí em busca de riquezas materiais, chegam perto de pessoas que se sentem vazias, e lhes dizem que as mesmas precisam passar por descarrego espiritual, que esse tipo de “doença” é coisa do demônio. Esses “pastores” só querem mesmo é lucrar em cima dos problemas dos outros. Não caia em conversinhas desses lobos em peles de ovelhas. Procure igrejas sérias, comprometidas de fato com a Palavra de Deus.
No campo da medicina, procure um especialista que possa lhe ajudar, e não deixe que esse tipo de problema cresça e tome todo o seu direito de viver uma vida dignamente apropriada.
Esse vazio pode representar algo momentâneo, mas pode também representar um sério problema de depressão. Se você sofre de tais problemas emocionais, e fica quieto, guardando somente pra si, isso só tornará tudo mais difícil, porque raramente algum familiar, amigo ou vizinho “adivinhará” que você está passando por determinados problemas. E o que se guarda, só causa um sufoco muito grande que vai lhe tomando por dentro, e lhe derrubando a cada dia que passa. Algo te incomoda? Ponha para fora, desabafe, impeça que sentimentos que te prejudica lhe cause um mal maior. A maioria das  pessoas, ao passarem por tais momentos de angústias, preferem ficar a sós. Não é nem por ser uma atitude “egoísta”, mas porque faz parte da patologia do problema, que tais pessoas procurem se isolar do mundo, isso faz com que elas sofram menos durante o doloroso processo que estão vivendo. Isso é normal durante os momentos de vazio? È. Porém, não significa que seja o mais apropriado a se fazer. Solidão nunca é sinal de felicidade, e se algo não te deixa feliz, consequentemente não te faz bem, e o que fazemos quando algo não nos faz bem? Procuramos cortá-lo pela raiz, não é mesmo?
Infelizmente, vivemos hoje em tempos difíceis, onde muita gente procura levar pelo lado da brincadeira esse tipo de situação. Em vez de tentar ajudar, ou até mesmo não atrapalhar se não puderem ajudar, procuram satirizar e fazer piadas com coisas sérias que estão bem acima de seus próprios entendimentos, sem nem ao menos pararem pra pensar que ninguém está livre de nada nesse mundo, ou como diz um ditado popular:
Quando os meus males forem velhos, os de alguém serão novos.”
Quando você se sentir triste, desolado (a), fraco (a), evite ficar perto de pessoas que não lhe traga nada de bom, evite ver ou ouvir o que pode te causar melancolia, evite conversas tristes, não fale de coisas que remetam à saudades, coisas que ficaram para trás, situações que não voltam mais, de tal modo então é desnecessário ficar lembrando. Por mais difícil que seja, procure fazer um esforço e saia de casa um pouco, vá ver coisas boas, se distrair. Você só vai conseguir se sair desse problema que lhe causa um grande vazio, se você mesmo (a) fizer esforços pra passar por cima de tudo isso e superar essa fase tão difícil. Conheço pessoas que tiveram esses problemas, que conseguiram dar a volta por cima e hoje ajudam e aconselham pessoas que passam pelos mesmos sintomas. Preencha esse vazio só com coisas boas, e assim, consequentemente você viverá uma vida bem melhor.