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terça-feira, 30 de março de 2010

Meu top 20 dos melhores filmes da década de 2000.




Fiz uma retrospectiva dos melhores filmes que assiti feitos entre os anos 2000 a 2009. São filmes que de fato me marcaram. Posso ter esquecido de alguns, mas é uma lista bem estudada e analisada, não foi feita às pressas, portanto, é uma lista bem aprofundada daqueles que, na minha opinião são os melhores filmes da década passada. São filmes que eu recomendo pra quem procura por uma ótima sessão de cinema.


01 – AMNÉSIA – 2001 – Direção: Christopher Nolan

O melhor filme da década é também o que tem um dos roteiros mais brilhantes de todos os tempos. Um homem (Guy Peace) tem sua mulher brutalmente assassinada. Ele dedica sua vida a procurar e matar o assassino. Mas há um pequeno detalhe: Ele na luta contra o criminoso, perdeu a memória e agora não se lembra de mais nada que se passa nos últimos minutos. Pra não esquecer sua vingança, ele anota tudo em seu corpo. Um policial e uma mulher podem ser seus amigos ou podem estar lhe usando para fins próprios. Esse filme tem um diferencial dos demais: Ele começa pelo fim e termina pelo começo. O final (ou seria o começo?) é de cair o queixo.

02 - BATMAN - O CAVALEIRO DAS TREVAS - 2008 – Direção: Christopher Nolan

Mais um do diretor Christopher Nolan. Continuação do sucesso Batman Begins de 2005, esse aqui fez tanto sucesso que ultrapassou a marca de 1 bilhão de dólares nas bilheterias mundiais. É um merecido sucesso, um dos melhores filmes de ação e aventura dos últimos tempos. Traz uma excepcional interpretação do já falecido Heath Ledger como o Coringa, no papel que lhe deu todos os prêmios de melhor ator coadjuvante do ano, entre eles o Oscar e o Globo de Ouro. Batman (Christian Bale) tem que combater a insanidade do Coringa ao mesmo tempo que o promotor Harvey Dent se transforma no vingativo Duas-Caras. Um ótimo filme. Tenso, e alucinante. Excelente do início ao fim.

03 - DESEJO E REPARAÇÃO – 2007 – Direção: Joe Wright

Um jovem filho da caseira de uma mansão na Inglaterra, resolve confessar seu amor pela filha de seus patrões, através de uma carta. Mas a inveja e imaturidade da irmã da moça faz com que ele pague um alto preço por isso. Depois da prisão, participando da Segunda Guerra contra sua vontade, ele vê ali a oportunidade pra reencontrar seu grande amor, mas tristes acontecimentos mudam toda a história. Excepcional transposição de um romance para as telas, esse filme é uma das mais originais e comoventes histórias de amor que o cinema já fez. Há uma longa seqüência na praia de Dunquerque toda sem corte. Os mais sensíveis podem preparar o lenço.


04 - O ESCAFANDRO E A BORBOLETA – 2007 – Direção: Julian Schnabel

Jean-Dominique Bauby, editor de uma famosa revista, que vive a vida como playbloy, tem sua vida tragicamente transformada quando tem um derrame cerebral que paralisa seu corpo inteiro, exceto o olho esquerdo, que ele usa pra se comunicar. Um dos mais belos e comoventes filmes da década passada, conta uma história real baseado na autobiografia de Bauby. É um filme difícil, pois trata de algo doloroso, mas ao mesmo tempo nos mostra o que a vontade de viver é capaz de fazer. Ganhou o prêmio de direção em Cannes. Obra-prima indiscutível.


05 - VALSA COM BASHIR - 2008 – Direção: Ari Folman

Uma animação israelense que é diferente de tudo que já se viu. Não é pra crianças, e nem todos os adultos embarcarão na complexidade que esse filme tem a oferecer. Trata-se de um ex-soldado do exército israelense que vai lembrando aos poucos que participou de um grande massacre durante a guerra do Líbano. É uma experiência áudio-visual acima de qualquer comentário. Um verdadeiro exercício de estilos semi-documental que assuntos como: horrores da guerra, a memória desfacelada, as conseqüências dos atos impensados. O diretor folman é o protagonista da história, baseada em suas próprias experiências.


06 - MAR ADENTRO – 2004 – Direção: Alejandro Almenábar

A história real de Ramon Sampedro e seu drama após ficar tetraplégico num acidente no mar. Sua luta para conseguir o direito de cometer eutanásia, seus questionamentos, suas lembranças. Rodeado de pessoas sinceras e comovidas com o seu problema, ele chega a ser motivo de esperança de vida para outras pessoas. A notável interpretação de Javier Bardem ajuda a dar uma força ainda maior a esse belíssimo drama que ganhou o Oscar e o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro. Um filme polêmico e sempre atual, além de muito emocionante.


07 - REQUIÉM PARA UM SONHO – 2000 – Direção: Darren Aronofsky

Um dos filmes mais impactantes da história do cinema. Uma obra que é de difícil acesso. Barra pesada ao extremo, fala sobre uma mãe que se vicia em medicamentos e aos poucos vai perdendo a lucidez, e de seu filho que se vicia em drogas juntamente com a namorada e o melhor amigo. Não recomendável para pessoas sensíveis, é mesmo pra quem está preparado pra se surpreender. Sua trilha sonora agonizante só faz aumentar a sensação de sufocamento que esse filme provoca. Seu final é de uma agonia poucas vezes vista nas telas. Pode provocar mal estar aos não acostumados a um cinema mais forte.


08 – MUNIQUE – 2005 – Direção: Steven Spielberg

Último grande filme de Steven Spielberg até o momento, Munique é a cidade alemã onde ocorreram as Olimpíadas de 1972, onde 11 atletas israelenses foram mortos por terroristas. Agentes israelenses altamente selecionados, vão atrás dos culpados para exterminá-los. O chefe do grupo começa a se questionar sobre o que estão fazendo. É um filme, tenso, envolvente e surpreendente. Extremamente bem feito, perdeu injustamente o Oscar de melhor filme para o superestimado Crash – No Limite. Não toma partido entre a rivalidade israelenses/palestinos, e acaba sendo um retrato fiel de uma época.


09 - FALE COM ELA – 2002 - Direção: Pedro Almodóvar

O diretor espanhol faz aqui sua obra-prima. Um trabalho que é uma verdadeira poesia, uma obra-prima irretocável. Dois homens têm suas vidas mudadas quando as mulheres de suas vidas sofrem acidentes e ficam em coma. Um deles, o enfermeiro, vivia um amor platônico, o outro era envolvido com uma delas. Enquanto o primeiro está perto da amada, cuidando dela, o outro está sempre em visita. Recomenda-se que eles falem com elas, enquanto estão no coma, isso fará que elas se recuperem mais cedo. Aos poucos vai se criando um belo espetáculo de amor e dedicação. Merecidíssimo vencedor do Oscar de melhor roteiro original.


10 - O OPERÁRIO – 2004 – Direção: Brad Anderson

O ator britânico Christian Bale de mais de 1,80 cm de altura e mais de 90 kg, precisou ficar aproximadamente 40 kg pra interpretar um homem que tem sua vida drasticamente transformada por algo terrível no qual ele não se lembra. Passa um ano inteiro sem dormir, perturbado por memórias que podem ou não ser verdadeiras. Um homem chamado Ivan começa a atormenta-lo de alguma forma, enquanto ele conhece uma mulher e seu filho que mudarão os rumos de sua vida, até levar a uma surpreendente revelação. Alguns mais experientes podem acabar montando o quebra-cabeça antes do final, pois o filme entrega durante toda a sua projeção a chave de todo o mistério.


11 - AS INVASOES BARBARAS – 2003 – Direção: Denys Arcand

Oscar de melhor filme estrangeiro e vencedor em Cannes como melhor direção e atriz pra Marie-Josée Croze, que faz a drogada. Esse é um filme que fala da relação pai e filho após o primeiro estar com uma doença terminal. E o relacionamento do doente com seus antigos amigos intelectuais que o visitam em seus últimos dias de vida, e suas lembranças. Ao mesmo tempo, o filme toca em assuntos como o 11 de setembro e suas consequências. Feito com muita sensibilidade, é uma obra que fala de saudade, nostalgia, perdão e perdas.


12 - OS OUTROS- 2001 – Direção: Alejandro Almenábar

O diretor de Mar Adentro faria poucos anos antes esse filme de terror em que lembra um pouco O Sexto Sentido, porém só nos sustos, uma vez que as histórias são muito diferentes. Aqui, uma mãe (Nicole Kidman) contrata três empregados para trabalhar em sua velha mansão, durante a segunda guerra. Aos poucos, ela vai descobrindo a presença de fantasmas na casa. Isso faz com que ela aos poucos se desespere, enquanto seus filhos têm outros tipos de reação diante dos acontecimentos. O final é um dos mais espantosos e inesperados dos últimos tempos. Alguns verão uma certa semelhança com o livro A Volta do Parafuso do escritor Henry James, que virou filme em 1962, com Deborah Kerr no papel principal.


13 - MARCAS DA VIOLENCIA – 2005 – Direção: David Cronenberg

Numa pequena cidade dos EUA, um pacato dono de uma lanchonete tem seu estabelecimento invadido por dois homens armados. Em meio à ameaça, ele reage e dá início a uma transformação em sua vida que o remeterá a um passado esquecido. Baseado numa Graphic novel, esse filme
mostra até que ponto alguém pode deixar o passado pra trás. Grande retorno de Cronemberg, que depois faria com o mesmo ator principal Viggo Mortensen o interessante Senhores do Crime. Envolvente do início ao fim, é um filme bastante pesado, mas de grande qualidade. Indicado aos Oscars de roteiro original e ator coadjuvante pra William Hurt, que faz o irmão mafioso.


14 – OLDBOY – 2003 – Direção: Chan-wook Park

Esse filme é tão complexo que fica difícil até falar do que se trata, mas vamos lá: Um homem se vê preso em um quarto de hotel, ele é mantido lá por uma pessoa misteriosa que mostra que o tem sobre controle. Um dia ele é libertado e vai atrás de pistas que o leva ao homem que o aprisionou. Diante de vários mistérios que o cerca, entre eles o assassinato de sua esposa no qual ele é o principal suspeito, ele se vê cada vez mais dentro de um jogo imprevisível. Obra-prima do cinema sul coreano, esse filme aborda o tema da vingança como poucos filmes mostraram até hoje. O final é antológico.



15 - HOMEM-ARANHA 2 – 2004 – Direção: Sam Raimi

Cresci lendo histórias em quadrinhos, e o Aranha sempre foi um de meus personagens favoritos. O segundo filme da até agora trilogia Homem-Aranha é de longe o melhor de todos. Aqui, o aracnídeo enfrenta a loucura do Dr. Octopus e luta pelo amor da bela Mary Jane. Sam Raimi capricha em tudo: condução dos atores, roteiro, efeitos especiais (vencedor do Oscar). Filme movimentado do início ao fim e que retrata fielmente o famoso personagem das histórias dos quadrinhos e também sabe dar uma personalidade bem convicente ao vilão Octopus. Há algumas revelações sobre o filho do Duende Verde.


16 - O TIGRE E O DRAGÃO – 2000 – Direção: Ang Lee

Ang Lee, diretor de filmes dramáticos ou intimistas como Banquete de Casamento, Razão e Sensibilidade e Tempestade de Gelo, surpreendeu a todos com essa aventura com espadas passado numa era bem antiga. Mas engana-se quem pensa que o filme se limita apenas a lutas muito bem feitas. Lee mistura artes marciais e golpes com espada aliados a doses de romantismo e poesias para contar a saga de duas mulheres que se envolvem com o roubo de uma lendária espada. O filme mostra como o amor pode sobreviver ao tempo, como no final emocionante e bastante inesperado. Algumas pessoas não gostam, mas foi o melhor do ano 2000 na minha opinião.


17 - A PARTIDA – 2008 – Direção: Yojiro Takita

Interessante como o Japão, considerado um país de pessoas “frias”, pôde fazer um filme que fala da morte com tanta sensibilidade. Um jovem volta depois de muito tempo pra sua cidade natal. Lá, ele acha um trabalho numa agência, em que terá de fazer um ritual com os corpos de pessoas mortas: vesti-las e maquiá-las, preparando assim a partida daqueles que se foram. Sua esposa e seu amigo vêem isso com bastante preconceito, mas para ele é uma nova forma de dar sentido a sua vida até então bastante desmotivada. Verdadeira obra-prima, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro. Impossível não fazer chorar.


18 - O SENHOR DOS ANEIS - O RETORNO DO REI – 2003 – Direção: Peter Jackson

Ao contrário de muita gente, esse ainda não é o meu filme preferido de Peter Jackson, mas sim o belo Almas Gêmeas de 1994. Mas foi com a trilogia O Senhor dos Anéis que Jackson ganhou o merecido reconhecimento e popularidade mundial, e com essa terceira parte conquistou os Oscars de filme, direção, e mais outros nove prêmios da Academia, se igualando ao recorde de Ben-Hur e Titanic. É a terceira e última parte, que conta a história de Aragorn, Frodo e seu grupo na missão de destruir o Um Anel. É de fato um filme impecável, um grande final de uma ótima saga.


19 - CIDADE DE DEUS – 2002 – Direção: Fernando Meirelles

O melhor filme brasileiro da história, Cidade de Deus é o maior exemplo que o cinema nacional pode ir bem além das comédias bobas e de filmes baseados em histórias reais de celebridades e políticos que só têm a missão de comover o público e arrecadar muito dinheiro. É uma verdadeira obra-prima que mostra a ascensão e queda dos traficantes do Cidade de Deus no Rio de Janeiro, da fundação do lugar até os anos 70. Tudo visto pelos olhos do menino e depois adolescente Buscapé. Mas é o personagem Zé Pequeno (feito excepcionalmente pelo ator Leandro Firmino da Hora) o verdadeiro ponto alto do filme, um traficante frio e que ao mesmo só toma atitudes que o levam à ruína.


20 - ONDE OS FRACOS NAO TEM VEZ – 2007 – Direção: Irmãos Coen

Os irmãos Coen ficaram mundialmente conhecidos por filmes de humor negro como Arizona Nunca Mais, Fargo e O Grande Lebowski. Mas eles acabariam levando o maior reconhecimento da crítica e do público com esse filme policial que conta a história de um homem comum de uma cidadezinha americana que acha uma maleta cheia de dinheiro em meio a corpos que sugerem terem sidos alvos de um massacre. Mas como nada fica oculto, ele acaba sendo alvo de um matador impiedoso (Feito por Javier Bardem, Oscar de ator coadjuvante por esse filme) que nunca pára até conseguir o que quer. Paralelamente a isso, o policial que investiga esse caso questiona o papel da violência no mundo moderno. Um grande filme, vencedor de 4 Oscars, entre eles de melhor filme e direção.



Iguaimix.com


Meu amigo Ronecson inaugurou hoje o site oficial da cidade de Iguaí. É um site de bastante importância social, cultural e educacional. Só informações da mais alta qualidade. O pessoal da cidade de Iguaí está de parabéns por mais esse grande veículo de notícias e comunicação.


Novo site é lançado em Iguaí - Bahia

No início de noite desta terça-feira (30 de Março de 2010), foi lançado o mais novo site de Iguaí – Bahia: o portal www.iguaimix.com. De acordo com a equipe do site o principal objetivo deste é promover a informação, comunicação e memória das belezas naturais do município Iguaí-Ba através da produção, edição e veiculação do presente site, bem como: noticiar o município de Iguaí e região; incluir o município no meio digital; informar sobre os acontecimentos no município; produzir novas tecnologias de informação e comunicação com ênfase na coletividade; criar um novo canal de comunicação; realizar cobertura dos eventos do município; divulgar os pontos turísticos do município e suas respectivas belezas naturais.
Sabendo do grande potencial de recursos naturais (nascentes, cachoeiras, vales, serras, muitos rios, belíssimas paisagens, trilhas), contudo, ainda pouco explorada pelo turismo e ainda sofrem com a ameaça da ação predatória do homem, principalmente, as queimadas e o desmatamento.
Daí surgiu a idéia de criação e veiculação do site com o intuito de auxiliar na criação de uma demanda pelo turismo local, bem como conscientizar a população à preservação do patrimônio ecológico do município.
Espera-se com a implantação do site mais um passo para a consolidação do município de Iguaí entre os mais destacados roteiros eco turístico e de turismo rural da Bahia, uma vez que através do site será possível em qualquer parte do planeta o acesso a todas as belezas naturais disponíveis no município.

Mais informações: www.iguaimix.com


quarta-feira, 24 de março de 2010

O Grito


Pintado pelo norueguês Edward Munch em 1893, o quadro O Grito é uma das pinturas mais estudadas e interpretadas em todo o mundo; é também referência de escritores (Difícil ver as obras de Munch e não se lembrar dos angustiados personagens de Franz Kafka) e também de desenhos animados (Os Simpsons e Pernalonga já satirizaram essa obra) e o cinema (Dizem que o assassino de Pânico é inspirado nessa pintura).
Munch era um homem angustiado, desesperado com as frustrações de sua vida, um artista em busca de respostas, mas que ia de encontro ao vazio e à solidão.
Essa pintura representa uma figura humana num estado de equizofrenia, gritando por dor e por desabafo, numa tentativa de ser ouvido (talvez numa tentativa em vão, pois note que dois homens que passam por ali não notam sua atitude de desespero. Vemos aí um retrato do próprio Munch.
Um dos quadros artísticos mais importantes da história, O Grito já foi roubado duas vezes e recuperado, da segunda vez houve danos irreparáveis.

domingo, 21 de março de 2010

Entre os Muros da Escola




Filmes em que um professor tem de encarar alunos que mais se parecem presidiários incuráveis, não é novidade, temos entre os mais famosos: Sementes de Violência, Ao Mestre, com Carinho, O Preço do Desafio, Meu Mestre Minha Vida e Mentes Perigosas. Todos eles (o primeiro é de 1955) apresentam os alunos como um sério problema social que precisa ser combatido a duras penas e em alguns casos, compreendidos. São filmes em que o professor tem um papel não só de tutor, mas de mãe, pai, policial, psicólogo e juiz. Mas nenhum desses filmes tem uma bagagem tão profunda quanto o belo filme francês Entre os Muros da Escola. Talvez por que nesse há o fato de ser menos maniqueísta, heróico e ser mais focado na subjetividade do ser humano como instrumento de mudança e esperança. Assim como aqui no Brasil, o ensino público na França passa por uma difícil crise: greves, falta de verbas, falta de qualidade, embate professor/alunos. E é esse último ponto o foco central de Entre os Muros da Escola. O professor François (interpretado por François Bégaudeau, autor do livro em que o filme se baseia, e fazendo a si mesmo) vê no dia-a-dia de seu trabalho, uma tarefa difícil quando tem que se esforçar ao máximo para que seus alunos (em sua grande maioria jovens desinteressados e rebeldes) aprendam alguma coisa. Mas a tarefa não é fácil. François dá o máximo de si, mas só recebe desafetos por parte de seus alunos. Ele também é orientador, e recebe pais de alunos que lhe contam progressos e regressos de seus filhos. Apesar da história se centrar em François, vemos também aos poucos o drama de seus colegas, os desabafos, intolerâncias, impaciência, esforço em tentar mudar a triste realidade de suas salas de aulas. Os professores são em grande parte animados e prontos pra mudarem a terrível situação do ensino público, mas é visível também o desgaste físico e emocional pelo qual eles passam.
François tem em especial um problema maior com dois alunos. Ambos o acabam tirando a paciência e o inevitável acontece: o professor mostra seus limites. Naquele momento o homem e não o professor François toma conta da situação e tudo parece ir por água abaixo. Isso parece ser uma mensagem para os professores: “Também somos seres humanos, não agüentamos tantas humilhações”.
O diretor Laurent Cantet filmou tudo com um realismo impressionante, poucas vezes visto em um filmo de temática social. Parece que realmente estamos vendo um professor dando aula pra seus alunos. Tudo é de uma veracidade incrível.
O filme não cai na armadilha de solucionar o problema e com isso não oferece uma saída tirada da cartola de um mágico. O problema do ensino público na França, onde os imigrantes já são uma grande porcentagem por lá, o problema social dessas pessoas são alarmantes. E o ensino público consequentemente não consegue ser diferente e vai de encontro com o fracasso da instituição educacional. Mas se por lá o problema é grave, aqui no Brasil parece ser muito pior, uma vez que se analisa que até em alguns colégios particulares, já não há tanta força no aprendizado, não por falta de interesse de professores, coordenadores, educadores e diretores, mas por falta de interesse dos próprios alunos.
Entre os Muros da Escola ganhou a Palma de Ouro de melhor filme no Festival de Cannes. Concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro ao lado dos ótimos Valsa com Bashir e A Partida. Perdeu para esse último.
Filme mais que recomendado para profissionais da área da educação, alunos e o público em geral que aprecia um ótimo filme que discute um assunto de interesse de todos.



Nota: 5 de 5


titulo original: Entre les Murs

lançamento: 2008 (EUA)

direção: Laurent Cantet

Atores: François Bégaudeau, Nassim Amrabt, Laura Baquela, Cherif Bounaïdja Rachedi, Juliette Demaille

duração: 128 min

gênero: Drama




terça-feira, 16 de março de 2010

Cadeia alimentar humana

Às vezes me pergunto se as pessoas fazem idéia de que são feitas à imagem e semelhança de Deus. Me pergunto se estamos vivendo numa sociedade ou em uma cadeia alimentar humana, cheia de predadores. Muitos que estão com uma situação financeira boa, acham que são os donos do mundo, que podem desprezar as pessoas, que podem ser autoritárias e se sentirem como imperadores. Muitos que vivem o sufoco do dia-a-dia, que têm que suar a camisa prá terem alguma coisa, não páram de reclamar, falam mal de tudo e de todos, reclamam se chove ou se faz sol; falam mal do governo mas são os primeiros a votarem nos piores.
Em todos os sentidos, a coisa tá feia. Se é no trabalho, sempre há alguém disposto a te puxar o tapete, mas na sua frente é uma beleza de pessoa. O chefe só te cobra por mais serviço, mas nunca te elogia pelos seus esforços.
Nas amizades, é preciso saber com quem andas, senão o bicho pega. Há "amigos" que logo se interessam na mulher que você tanto diz estar gostando, eles pensam: "Ela deve ter algo de muito bom prá ele estar tão interessado, nesse caso...". Começa então o gosto pelo proibido.
Nos relacionamentos amorosos, quem é bonzinho (quase sempre) se dá mal . Muitas mulheres e homens parecem dar mais valor a seus respectivos pares quando esses (as) lhes pisam, lhes ignoram, lhes magoam. Romantismo hoje em dia em muitos casos é visto como cafonice. E a infidelidade e traição correm soltas.
Inveja, despeito, destrato, incompreensão, desrespeito e intolerância já estão enraizados nos corações de muita gente. Muitos não aceitam te ver bem, te ver feliz e realizado. Quando te vê em algum lugar e pergunta como você está, torcem prá ouvir coisas do tipo: "Eu estou péssimo, sem emprego, sem paz, sem nenhuma estrutura, mal na área amorosa, tudo desmoronando". Por que se eles ouvem isso, eles automaticamente te vê de cima, satisfazendo seus egos e enganando suas próprias vidas vazias.
Se você é sorridente, você é taxado de bobo; se você é sério, te taxam de metido; se você oscila entre ser sério e sorridente, te taxam de falso. Então, fica de fato muito difícil agradar as pessoas como elas querem.
Se você tem um gosto mais refinado prá coisas tipo cultura, você acaba sendo alvo de incompreensão. Poucas pessoas reconhecem o talento dos outros, enquanto outras tendem a criticar.
Muitas pessoas dizem da boca prá fora que não são preconceituosas, mas é pura mentira. Além de preconceituosas, ainda por cima atacam com agressões morais e em alguns casos até físicas.
Uma das maiores degradações do mundo atual é a prepotência de muita gente. Se acham importantes, insubstituíveis, intocáveis. Pensam que estão acima dos outros, quando na verdade é uma triste ilusão, uma mentira criada por elas mesmas.
O interesse pelo dinheiro é outro mal. Muitos se casam com pessoas "ricas" prá viver no conforto; muitos bajulam prá conseguir uma posição melhor no trabalho; muitos dão tapinhas nas costas prá conseguirem um lugar de "destaque" na sociedade.
Muitos só se lembram de Deus na Páscoa ou no Natal. Depois esquecem Dele e voltam a viver suas vidas ordinárias.
É de fato lamentável os dias em que vivemos, mas não podemos desistir de lutar pelos nossos ideais. Lutar prá continuarmos vivendo dignamente e sermos corretos, mesmo que muitos estejam longe disso.

domingo, 7 de março de 2010

12 Homens e uma Sentença

















Em 1957, o diretor Sidney Lumet (ainda em atividade, mesmo com seus oitenta e cinco anos de idade) criou o melhor filme sobre tribunal da história do cinema. Ainda melhor que outros grandes filmes do gênero como Anatomia de um Crime, Testemunha de Acusação, Julgamento em Nuremberg e O Veredicto. A história é a seguinte: Doze jurados entram numa sala pra decidirem se um adolescente é ou não culpado de ter matado o próprio pai, logo após os advogados terem apresentados suas defesas, sejam elas contra ou a favor do acusado. Agora cabe àqueles homens naquela sala o veredicto que dirá se o tal adolescente é inocente ou culpado
Ali dentro, os 12 homens se sentam pra votarem. Onze deles só querem sair logo dali, não agüentando mais o intenso calor e as árduas horas que já estão ali, e já se dizem convencidos da culpa do acusado. Mas um deles, o jurado nº. 8 (brilhantemente interpretado por Henry Fonda) não quer se precipitar e espera uma discussão entre o grupo pra, só depois se pronunciar. Ele não diz achar que o acusado é inocente, mas também não diz que o acha culpado, ele apenas quer chegar sair dali com a certeza que votou com consciência e racionalidade.
Acontece que os 11 homens decididos a votar contra, não estão com paciência ou boa vontade de discutirem algo que já fora feito minutos antes pelos advogados. Eles acham que cabe agora a eles apenas colherem os fatos e decidirem. Mas como não se pode chegar a um veredicto se um deles votar diferente é preciso que se chegue a um consenso. Mas o que parecia ser algo rápido se torna um verdadeiro duelo de opiniões. E é justamente aí que não piscamos nossos olhos por um segundo. Cada palavra, cada atitude conta para que alguém apresente uma nova visão dos fatos. O jurado nº. 8 consegue ganhar adeptos, pouco a pouco ele vai conseguindo convencer seus colegas de que um fato ou outro não se encaixa, começa a apresentar provas que põe em dúvida a participação do adolescente naquele crime. Mas há uma parte do grupo do contra que não está disposto a ceder e jogam de igual pra igual. Assim, um jurado que antes fora convencido de uma coisa, pode mudar de opinião em seguida, e também, quem se calara, de repente apresenta uma nova versão pros fatos e muda todo o rumo da discussão ou por si só acrescenta mais detalhes. Mas, uma dúzia de homens dentro de uma sala, entrando em discórdia, consequentemente não poderia dar em coisa muito boa, daí, problemas pessoais vêm à tona: pais autoritários, infância dolorida, ajustes de conta, consciência pesada e outros temas, começam a aparecer e se misturam àquela discussão que parece não ter mais fim.
Em 1943, Fonda havia feito também outro ótimo filme sobre defesa e acusação, o excelente western Consciências Mortas, em que um grupo de moradores de uma pequena cidade se precipitam e querem levar à forca 3 homens acusados de cometerem um crime.
12 homens e uma Sentença é um clássico absoluto. A obra-prima do diretor Lumet (Rede de Intrigas, Um Dia de Cão, O Veredicto, Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto). Um filme tenso e totalmente diferente de muita coisa que já foi vista nas telas. Nunca envelheceu e continua super atual. Tem um elenco fantástico que inclui além de Fonda, Martin Balsam, Lee J. Cobb, Jack Warden e Ed Begley, entre outros.
Indicado aos Oscars de melhor filme, direção e roteiro adaptado.
Recomendado pra quem é aluno de Direito e quem se interessa por uma boa trama de tribunal, e especialmente pra quem procura uma sessão de cinema de alta qualidade.



Nota: 5 de 5


titulo original: 12 Angry Men

lançamento: 1957 (EUA)

direção: Sidney Lumet

Atores: Henry Fonda, Martin Balsam, Lee J. Cobb, Jack Warden, Ed Begley, John Fiedler , E.G. Marshall, Jack Klugman,
Ed Binns, Joseph Sweeney, George Voskovec e Robert Webber

duração: 96 min

gênero: Drama

quinta-feira, 4 de março de 2010

Oscar




Criado em 1927, o Oscar ou Academy Awards é o prêmio mais importante da história do cinema, e por isso mesmo o mais comentado e copiado em todo o mundo. O ano de seu surgimento foi justamente o ano em que os filmes começariam a deixar de serem mudos para serem filmes falados (ou sonoros). O primeiro vencedor do Oscar de melhor filme foi uma produção de guerra: Asas (o primeiro e único filme mudo a ser premiado pela Academia) que até hoje impressiona pelos seus efeitos técnicos, mostrando cenas perigosas de vôos, algumas delas bem chocantes.
Seguiram-se alguns prêmios: Frank Capra em 1935 ganharia o primeiro de seus três Oscars de direção por Aconteceu Naquela Noite, mas estranhamente seu melhor filme A Felicidade não se Compra (de 1947) não ganharia nada. Em 1940 foi premiado aquele que na minha opinião foi o melhor vencedor do Oscar de todos os tempos: ...E o Vento Levou (1939), primeiro filme em cores a ganhar o Oscar principal, ele foi também o primeiro filme ganhador do Oscar a passar de 3 horas e meia de duração, a ter a primeira pessoa negra a ganhar um Oscar de interpretação, e a ganhar 10 prêmios (recordista na época). No ano seguinte Rebecca - A Mulher Inesquecível ganharia o Oscar mas seu diretor Alfred Hitchcock perderia o de direção. Em 1942 Cidadão Kane de Orson Welles (eleito por muitos críticos como o melhor filme de todos os tempos) perderia o Oscar principal pra Como Era Verde meu Vale (um filme emocionante, mas bem aquém da obra-prima de Welles).
Alguns dos principais vencedores posteriores seriam Casablanca, Farrapo Humano, Hamlet, A Malvada, Sindicato de Ladrões, A Ponte do Rio Kwai. Em 1960, Ben-Hur (1959) é o recordista em prêmios, levando 11 Oscars (só igualado anos depois por Titanic de 1997 e O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei de 2003.). Depois dele, outros que ganharam o prêmio principal: Amor, Sublime Amor (10 Oscars, se igualando a ...E o Vento Levou), Lawrence da Arábia, A Noviça Rebelde, O Homem que não Vendeu sua Alma, Perdidos na Noite, O Poderoso Chefão I e II, Um Estranho no Ninho, O Franco-Atirador.
Em 1980, o melhor filme de guerra da história: Apocalypse Now perde o Oscar principal pra um drama hoje meio esquecido: Kramer Vs Kramer. Em 1982, o único filme desacreditado dos 5 concorrentes ganha o Oscar: Carruagens de Fogo (ganhando de filmes melhores como Os Caçadores da Arca Perdida, Reds e Atlantic City).
Outros vencedores: Amadeus, Platoon, O Último Imperador, Rain Main. Em 1990 Conduzindo Miss Daisy ganha injustamente de Nascido em 4 de Julho, Sociedade dos Poetas Mortos e Meu Pé Esquerdo.
Na década de 90 tivemos como vencedores: Dança com Lobos (bom filme sobre o pacifismo), O Silêncio dos Inocentes (merecido), Os Imperdoáveis (O melhor Western a ganhar o Oscar de melhor filme), A Lista de Schindler (Belíssimo filme, mais que merecido), Forrest Gump (Muito bom), Coração Valente (Num ano fraco, foi justo), O Paciente Inglês (meu preferido era Shine-Brilhante), Titanic (Gosto muito desse filme, apesar de hoje em dia muita gente dizer que não gosta), Shakespeare Apaixonado (Num ano polêmico, ganhou de O Resgate do Soldado Ryan, mas Steven Spielberg ganhou de direção), Beleza Americana (Muito bom).
Ano 2000 pra cá: Gladiador (Meu preferido era o chinês O Tigre e o Dragão), Uma Mente Brilhante (Filme interessante, mas não acredito que merecesse ganhar de O Senhor dos Anéis – A Sociedade do Anel. O melhor filme daquele ano: Amnésia, nem foi indicado), Chicago (Muitos acham que O Pianista deveria ter ganhado), O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei (merecido), Menina de Ouro (Bom filme), Crash – No Limite (Na minha opinião um dos piores filmes a ganhar o Oscar principal. Não é ruim, mas perde feio pra todos os outros 4 filmes que concorriam com ele), O Infiltrados (Bom filme), Onde os Fracos não têm Vez (Bom, mas meu preferido do ano era Desejo e Reparação), Quem Quer ser um Milionário? (Um equívoco, sendo que o melhor filme daquele ano: Batman – O Cavaleiro das Trevas ficou de fora das indicações de filme e direção).
Nesse domingo teremos mais uma edição do Oscar, dessa vez ao invés de 5 concorrentes ao Oscar principal, teremos 10. Mas dois filmes estão na disputa maior: o campeão de bilheteria Avatar (Não é um grande filme, mas uma grande diversão, de James Cameron, o mesmo diretor de Titanic) e Guerra ao Terror (Um bom filme de guerra. O filme que pode dar o primeiro Oscar de direção a uma mulher). Meu preferido no entanto é Bastardos Inglórios (Um filme totalmente alucinante de Quentin Tarantino). É esperar até domingo prá ver quem sairá o vencedor.

quarta-feira, 3 de março de 2010

O menino que coleciona Homem-Aranha




Essa história em quadrinhos do Homem-Aranha é algo diferente das demais histórias do personagem. Aqui, há um único espaço-tempo, não se passa em vários lugares e não é uma aventura. Na verdade é um drama, do garoto de nove anos chamado Timothy Harrison, confesso colecionador de tudo que diz respeito ao Aranha. Um repórter faz um apelo no jornal Clarim Diário para que o herói vá visitar Timothy. Na visita ao garoto, este lhe conta tudo que sabe sobre suas aventuras, ao mesmo tempo que o Aranha fala sua origem, uma ou outra aventura e por fim decide ceder ao pedido do menino e lhe revela sua identidade secreta.
O aracnídeo sabia que tinha que visitar o pequeno Timothy o mais rápido possível, pois este tem leucemia e consequentemente apenas algumas semanas de vida. É uma historinha curta (apenas 11 páginas) mas de um grande significado prá quem seguiu as histórias desse personagem.
Roteirizado por Roger Stern e desenhado por Ron Frenz, essa história foi publicada originalmente na revista americana Amazing Spider-Man, The n° 248 e no Brasil viria a ser vista pelos leitores um ano após sua publicação original, em janeiro de 1985 na revista Homem-Aranha nº 19, pela Editora Abril.

Era uma vez a TV

Quando eu era menino, preferia ficar mais em casa, com isso eu aprendi mais do que se eu ficasse na rua. E nem por isso vivi ou aproveitei menos do que outros meninos "rueiros" da época. Sempre fui um leitor assíduo de gibis e posteriormente de literatura e livros de conhecimentos gerais. Mas uma de minhas maiores diversões era a TV. Eram tempos diferentes, as emissoras passavam progamações de qualidade, nada desse lixo de hoje em dia.
Os filmes eram clássicos (obras dos anos 30 aos anos 70), os programas eram inteligentes (coisas horríveis como BBB, Faustão, Casos de Família e Malhação não existiam). O jornalismo era mais sério e menos manipulativo. Até as novelas que prá mim não tem valor algum, naquela época chegavam a ter um pouco de inteligência.
Hoje liga-se a TV prá se empanturrar de bobagens, mediocridades e inutilidades.
Se torce prá um monte de exibidos prá ver qual deles levará um prêmio de 1 milhão de reais. Se alguém vê diversão nisso, além de mera curiosidade...
Os filmes são uma pobreza só; salva-se no máximo 10% dos filmes que passam na TV hoje em dia (só acho exceção, séries como 24 Horas, Heroes, CSI, Dr. House e Grey's Anatomy entre outras, que são de um alto nível de qualidade). Os filmes que passam à
tarde são de bichinhos, adolescentes emburrecidos, pop stars (nada que chegue aos pés dos filmes infantis que envolviam valores familiares, aventuras emocionantes e mensagens de esperança).
Programas televisisos são o que há de pior na TV atualmente. Quando não se apela prá um monte de modelos de roupas sensuais, apela-se prá cópia do concorrente do outro canal. Por exemplo: O canal X apresenta um programa sobre namoro em que os homens são escolhidos por algumas mulheres. Se esse programa faz sucesso, ele é logo plagiado pela concorrência.
A novelas são terríveis, nada mais banal e inútil. Há até uma fórmula: Digamos que uma novela tem 200 capítulos. No primeiro capítulo tudo é muito bonito, do segundo capítulo ao capítulo 199, o vilão atormenta a vida do herói e da mocinha. Enquanto isso, o elenco de apoio serve de escada pros atores principais, e tentam fazer gracinhas e draminhas. Daí, no capítulo 200, o vilão é morto ou preso. Se ele foi muito mal durante a novela inteira, com certeza ele cairá de um prédio ou será brutalmente atropelado, dando lugar à felicidade do casal principal, e não pode faltar um casamento, onde ali todos festejam e a felicidade será para sempre. Aliás, note que, em novelas todos os casamentos tem alguém que acaba levantando a mão na igreja e dizendo ter algo revelador prá contar. Algumas novelas usam de artifícios dramáticos, se utilizando do drama de pessoas reais prá tentar sensibilizar o público e fazer pensar que aquilo tudo é açao de utilidade pública. Bobagem, todos sabem que a pobreza, por exemplo, retratada em novelas é muito diferente da vida real.
O futebol de hoje é visto como um espetáculo de gladiadores em uma arena, com muita festa e idolatria comendo solta. Jogadores atuais são astros, celebridades e objeto de adoração prá muitos fanáticos. Em uma vitória de um certo time no campeonato brasileiro, houve depois na cidade dos vitoriosos, uma volta pela cidade com uma
ambulância com os jogadores. A ambulância circulou os pontos importantes dali, enquanto alguns fanáticos encostavam e beijavam os pés de seus "ídolos da bola". Há algo mais ridículo do que isso? Repare que no futebol brasileiro é geralmente assim: ganha-se um campeonato, ganha-se outro, vão e ganha tudo, fazem bonito; mas quando vem a Copa do Mundo, amarelam tudo e são humilhados pelos adversários (salvo uma vez ou outra que acertam uma).
Dificilmente ligo a TV hoje em dia, se não prá assistir um jornal ou algo que ainda possa ser interessante (o que é muito difícil).
A Cerimônia do Oscar (do qual assisto desde menino) é anual, e mesmo assim a Rede Globo não perdoa e "corta" a metade da exibição prá não deixar de passar seu circo dos horrores chamado BBB.
Enfim, faço minhas as palavras do comediante Groucho Marx:

Quando ligam a TV em minha casa, me incentivam à cultura: Vou para o quarto e leio um livro.

terça-feira, 2 de março de 2010

O Processo de Franz Kafka



















O Escritor tcheco Franz Kafka não é conhecido de muita gente, inclusive em nosso país onde o hábito da leitura é tão grande quanto uma bola de ping-pong. Até mesmo alguns leitores vorazes de obras máximas da literatura não conhecem Kafka, ou ao menos não o conhecem na íntegra. As obras desse escritor não é o que podemos chamar de leitura ligeira, ou algo que está mastigado pra leitores que não têm a intenção de pensar um pouco mais.
O Processo é o romance mais famoso de Kafka, o mais lido e estudado. É também o que mais se aproxima da persona do autor. Ao ler o Processo (ou qualquer outra de suas obras), nos vemos presos em labirintos e emaranhados de situações sufocantes. Um pesadelo se inicia na mente de um personagem, ele sabe que aquilo é real, mas as circunstâncias apontam pra algo que está além de sua compreensão. Assim é Josef K. Um homem comum que certo dia é acordado em seu próprio quarto por homens que o acusam de um crime, e que devem levá-lo pra prestar contas com o sistema penal. Depois, K é submetido à toda sorte de interrogatórios, tribunais esquizofrênicos, fatos inusitados, pessoas confusas e indiferentes ao seu drama. K não pode contar com muito apoio, uma vez que é incompreendido por muitos, tem o apoio de poucos. Suas idas e vindas por becos escuros, lugares estranhos e passagens que parece não levá-lo a lugar algum, o faz duvidar do presente e temer o futuro. Afinal, ele foi acusado de algo que nem ele mesmo sabe o que é. Seus acusadores lhe colocam em situações ameaçadoras onde a cada hora que passa, ele vê que não tem mais pra onde fugir. Depois de várias tentativas de se livrar dessa acusação sem motivos, K se vê frente a frente novamente com os homens que o acusaram, culminando aí numa defesa do réu e consequentemente em sua punição fatal. Quem conhece as obras de K e sua biografia, sabe que seus textos se confundem com sua própria vida. Em O Processo por exemplo, temos a inicial K do personagem, a mesma do autor; a justiça penal: Kafka era advogado; tentativas frustrantes do personagem K em encontrar uma saída pra o que lhe acometera: Kafka era reprimido pelo pai, isso o perseguiu durante toda sua vida, seus esforços em querer vencer eram sufocados pela presença autoritária do pai. Kafka tentou se casar três vezes, mas não conseguia levar isso adiante. Sua vida foi marcada por sucessivos transtornos de auto-rejeição. Lembrando que, não estamos falando de um homem que experimentara a fama de ser um grande escritor, como por exemplo, o russo Leon Tolstoi e o francês Emile Zola experimentaram em vida. Kafka não publicou nenhuma de suas obras, e perto de morrer, pediu ao grande amigo Max Brod que queimasse suas obras. Este, depois da morte de Kafka sabia que deveria publicar essa coleção de obras-primas, mesmo que algumas delas (inclusive o próprio O Processo) estivessem inacabadas. De fato, Brod não poderia ter sido mais feliz em sua atitude, uma vez que, Franz Kafka era um escritor fenomenal, dono de obras de caráter únicos, imparciais e intrigantes. Sabe-se que Kafka escrevia enigmas em forma de narrativas, seus textos eram a chave pra se entender o próprio Kafka. Vejamos alguns exemplos em suas obras mais conhecidas:
Em Da Colônia Penal, é mostrado uma máquina de execução humana. Suas irmãs morreriam tempos depois em Campos de Concentração durante a Segunda Guerra.
Carta a Meu Pai descreve correspondências do autor ao seu pai Herrmann Kafka, sua indignação e um aparente desprezo por essa figura paterna que faria dele um homem fragmentado e fracassado emocionalmente, levando-o a achar sempre incapaz e mostrar um nível de inferioridade que o levaria à morte precoce.
A Metamorfose mostra um homem que se vê certo dia transformado em um inseto. Uma alusão ao seu estado de impotência em não ter forças pra levar uma vida fora do âmbito familiar, sendo massacrado pela inconformidade de sua própria existência (Kafka era pessimista, viajou muito, conheceu vários lugares e pessoas, mas no fim de tudo, voltava pra casa e se prendia em suas angústias, não conseguia se libertar de seus traumas).
O Castelo (talvez sua obra mais complexa), o agrimensor K (mais uma vez sua própria inicial) não consegue se aproximar do Castelo no qual foi chamado pra fazer um trabalho, ficando “preso” em um vilarejo cheio de pessoas estranhas e mais uma vez indiferentes ao seu estado físico e emocional; remetendo-nos ao complexo de vida que Kafka levava consigo, suas frustrações em não conseguir se aproximar do que lhe era pretendido em teoria. O Castelo serve como uma metáfora: seria aquela construção o lugar onde Kafka deveria alcançar o auto-conhecimento, suas descobertas de vida que o levaria ao sucesso como ser humano. Mas de alguma forma, lhe é impedido a entrada ali.
Enfim, em O Processo, Kafka nos direciona ao que não tem direção, ao vazio da vida de um homem que não consegue se encontrar. Um reflexo de todos nós: quem já não foi alguma vez na vida acusado de algo que não cometeu? Quem já não se viu calado por forças que impunham uma situação de intolerância moral, social ou emocional? Quem já não se sentiu sufocado em não conseguir provar que poderia ir além do que as circunstâncias diziam não ser possíveis? (uma forma de arbitrariedade em que nos vemos presos em alguns momentos de nossas vidas)
O Processo foi levado às telas em 1963 pelo genial Orson Welles. O ator Anthony Perkins (Psicose) interpreta Josep K.
Recomendo a quem procura uma leitura de alta qualidade, não apenas O processo, mas também todas as obras citadas aqui.
Agradeço à minha amiga Daniana em sugerir o comentário dessa obra.