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segunda-feira, 31 de maio de 2010

Almas Gêmeas

  









Esse provavelmente é o melhor filme de Peter Jackson, sua obra-prima. Superior até mesmo à sua trilogia O Senhor dos Anéis (2001 a 2003). Narra a verdadeira história de uma amizade que culminou em um dos crimes mais chocantes da Nova Zelândia.
O ano é 1953, na cidade de Christchurch duas adolescentes se tornam amigas em um colégio, e dali nasce uma amizade muito profunda. As jovens fechadas entre si, vão criando um laço de união, no que culmina em uma intensa devoção entre ambas a ponto de causar espanto e preocupação aos seus familiares. Juliet Hulme (Kate Winslet, em seu primeiro filme e três antes de se tornar famosa por Titanic) é uma adolescente de família de classe alta, angustiada pela turbulência da péssima união de seus pais, ela se sente insegura, oprimida por desejos trancados dentro de si, e com uma rebeldia incontrolável; ela então conhece sua nova colega de classe Pauline Parker, (Melanie Lynskey, a irmã de Drew Barrymore em Para Sempre Cinderela) uma jovem de família pobre, tímida, de poucos amigos. O que poderia ter sido uma história de uma grande amizade, se torna uma terrível obsessão, no qual as duas jovens renegam o mundo real em prol de um mundo imaginário onde há borboletas gigantes voando, bonecos ganham vida e até o cantor lírico Mario Lanza aparece como um deles. Suas imaginações tornam tudo muito surrealista, uma fuga da realidade, uma vez que essas duas adolescentes já não se importam mais com o mundo real. Essa amizade vai ganhando conotações homossexuais, fugindo do controle da razão e tornando-se algo fora dos padrões éticos em uma década onde o moralismo era objeto de honra para toda uma sociedade.
Pauline e Juilet juntas, mesmo com suas fraquezas, se mostram inteligentes, criativas, talentosas e determinadas.
E determinação é o que move suas vidas, o que não as deixa se separar uma da outra. Quando elas vêem sua amizade ameaçada, planejam algo macabro que resulta no crime que abalou o país. O final é um grito de desespero, amargura, revolta e separação
O diretor Peter Jackson vinha de filmes trash, baratos. Então, em 1994 decide filmar um roteiro seu feito juntamente com sua mulher Fran Walsh, sobre duas adolescentes que se tornam amigas e assassinas. Depois viria Os Espíritos em 1996, cinco anos antes dele fazer a trilogia O Senhor dos Anéis que seria um mega-sucesso e lhe renderia ótimas críticas. Em 2005 leva às telas a refilmagem de seu filme preferido: King Kong, um clássico em preto e branco de 1933 (Não aquele de 1976 com Jeff Bridges e Jéssica Lange). Em 2009, Jackson acerta como produtor num ótimo filme sobre alienígenas chamado Distrito 9, mas não agrada como diretor com Um Olhar do Paraíso, filme em que uma menina depois de assassinada narra as reações da família, amigos e do próprio assassino na terra. Esse filme é baseado no livro “Uma vida interrompida: Memórias de um Anjo Assassinado" (The Lovely Bones) escrito por Alice Sebold. Infelizmente é um filme que nem de longe se compara ao talentoso Almas Gêmeas. Falta-lhe a sagacidade, a emotividade e as metáforas que fazem de Almas gêmeas um filme inesquecível.
Jackson sabia que, ao fazer um filme que misturasse realidade com um mundo fantástico cheio de cenários irreais e elementos fantasiosos, precisaria de uma boa empresa de efeitos especiais, mas o orçamento para esse filme era pouco, então só lhe restava inventar seus próprios efeitos, então ele criou a Weta Digital. Pra se ter idéia da dimensão dessa empresa que surgiu como algo de fundo de quintal, a Weta não só fez os efeitos especiais dos filmes de Jackson já citados, como também de grandes sucessos como Eu, Robô, X-Men – O Confronto Final, Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado e chegando ao maior de todos os efeitos já vistos nas telas: Avatar.
Todos os lugares do filme são os lugares reais onde aconteceram os fatos. As atrizes protagonistas estão excelentes. Kate que foi eleita a atriz do ano, ficou de fora das indicações ao Oscar. O filme só foi indicado como melhor roteiro original, mas ganhou o Leão de Prata no Festival de Veneza e outros prêmios mundo afora.
Não confundir com outro filme de mesmo nome, feito em 2006, é só ficar atento ao ano de produção (1994) e o título original Heavenly Creatures (Criaturas Celestes).
Almas Gêmeas é singular, forte, contundente e genial. Se você gosta de cinema ou de uma ótima história e ainda não assistiu a esse filme, não sabe o que está perdendo.


Nota: 5 de 5

Ttitulo original: Heavenly Creatures

Lançamento: 1994 (Nova Zelândia, Reino Unido)

Direção: Peter Jackson

Atores: Kate Winslet, Melanie Lynskey, Sarah Peirse, Clive Merrison, Diana Kent, Simon O'Connor

Duração: 99 min

Gênero: Drama, Romance, Suspense


sábado, 29 de maio de 2010

Atos e fatos que fazem refletir

Em uma rua, um pit-bull atacava todo mundo. Inclusive crianças. Um dia, esse cachorro ataca uma criança e a deixa toda cortada e mordida da cintura pra cima. O pai da criança invade a casa do dono da fera e mata o pit-bull. Dizem que ele enterrou um taco de sinuca goela abaixo no bicho, mas este ainda continuava agitado e atacando. Depois de matar o cachorro, a polícia chega, faz a ocorrência e dá o caso como encerrado.
(As crianças são as que mais sofrem por causa de atos inconsequentes dos adultos).

Um casal está brigando sem parar. Um vizinho já atormentado com aquele barulho e temendo acontecer uma tragédia já pra lá de 11 da noite, liga pra polícia. A policial lhe pergunta seu nome. Ele diz outro nome que não o seu. A policial do outro lado da linha diz: "O senhor tem certeza que me deu seu nome verdadeiro?" Com medo de algum problema, ele diz ter omitido o nome verdadeiro. A policial diz: “Tá vendo só? Já começou mentindo o nome. Se passarmos aí na rua do senhor e não tiver acontecendo briga alguma, o senhor é quem vai sobrar nisso tudo, temos seu telefone registrado aqui”. Ao desligar o telefone, o casal para de brigar, e esse vizinho torce pra que nenhum carro de polícia apareça ali naquela noite. E pro seu próprio bem não passou mesmo.
(As pessoas entram em cada enrascada sem saber)

Um alcoólatra em um bar começa a passar mal. Os colegas ali tentam ajudá-lo e pedem que ele vá pra casa. No caminho sua situação piora. Ele cai perto de uma escada. Alguém diz: “Peraí que vou buscar um copo de leite”. Ao tomar o leite, o homem comça a tremer e morre naquele exato momento. O homem era tão viciado em álcool, que nada mais conseguia entrar em seu estômago. O leite lhe causou uma espécie de choque térmico, lhe levando à morte.
(O vício da bebida é algo no mínimo terrível).

Dois viajantes chegam a uma pequena cidade e param em uma praça. Lá procuram confusão com todo mundo. Um jovem ali não gosta do modo deles e pede pra que eles continuem sua viagem. Eles batem no rapaz e tira ele dali. Eles seguem o rapaz e vão até a porta da casa dele. Ali, eles vêem uma senhora na janela. Daí perguntam: “Esse jovem que entrou aí é seu filho?” ela responde: “Sim, é. Por quê?” Eles Dizem: “Por que nós vamos esperar ele sair daí e depois vamos meter bala nele”. A Mãe do rapaz então olha bem firme pra eles e diz: “Tudo bem. Vocês podem fazer isso. Mas uma coisa eu lhes digo: como ele tem família, nós também vamos atrás de vocês, e uma coisa é certa, não serão só vocês que cairão na bala, mas todo mundo que aparecer pela frente, não importando se for criança ou adulto”. Os viajantes olham um para o outro e dizem pra aquela mulher: “É brincadeira minha senhora, acreditou foi?” Os valentões saíram daquela cidade naquele mesmo instante e nunca mais se viu rastro deles”.
(Todo valente encontra outro mais valente algum dia).


Em São Paulo, um bandido estuprou e matou uma jovem. O criminoso fugiu. A família da vítima só a lamentar sua morte, a enterra no dia seguinte. Passado poucos dias, o estuprador vai ao cemitério, tira o caixão dessa jovem debaixo da terra, pega seu corpo e volta a estuprar novamente.
(Um dos casos mais bárbaros que eu já ouvi falar. Necrofilia está abaixo de qualquer coisa).

sexta-feira, 28 de maio de 2010

História Concisa da Literatura Brasileira

Se você é estudante ou não, mas gosta da história da literatura brasileira, um livro que eu recomendo é História Concisa da Literatura Brasileira, do professor, historiador, crítico e que, desde 2003 é membro da Academia Brasileira de Letras, Alfredo Bosi. Antes de tudo, é importante ressaltar que essa obra se diferencia das demais outras escritas por nomes célebres como Afrânio Coutinho, Lúcia Miguel Pereira, Agripino Grieco e Sílvio Romero, por se estender além do que é proposto. Claro que os autores citados têm sua demasiada importância dentro da crítica literária brasileira, cada um tem sua influência e valor inquestionável e com certeza ajudaram a levantar o pilar da nossa literatura, dissecando as escolas literárias, os estilos, as metáforas, os questionamentos, as biografias de cada autor, etc. Mas geralmente essas obras podem parecer didáticas, chatas ou nacionalistas demais pra quem quer conhecer um pouco de cada movimento literário e seus principais autores. Alfredo Bosi usou um artifício interessante: escreveu nessa sua famosa obra (publicada em 1970 pela Editora Cultrix), não apenas elementos que ficassem fechados ao que é de nossa terra ou buscando ao que é normal a críticos de nossa língua: beber na fonte da literatura portuguesa, a precursora da literatura brasileira, mas simplesmente colocou em seu texto elementos da literatura geral, de uma forma ampla e de certa forma até lúdica.
Ao lermos História Concisa da Literatura Brasileira, pensamos o quão profundo é o conhecimento de Bosi. Ele mergulha a fundo nos aspectos lingüísticos, sociais, urbanos e teóricos, sempre enxertando suas linhas com escritores estrangeiros, não apenas literários. Vai do Barroco ao Modernismo, esclarecendo tudo sobre cada escola literária, citando nomes de pesos como Shakespeare, Dostoievski, Ibsen, Flaubert, Maupassant, Zola, Anatole, Comte, Taine, Pirandello, Dante, Proust, Stendhal, Balzac, Dickens, Hugo, Diderot, Defoe, Fielding, Jane Austen, entre vários outros.
Seu estudo da literatura brasileira nunca cai no pieguismo ou no convencional, mas ganha novo fôlego e nos direciona ao que é o princípio básico de uma crítica: o esclarecimento amplo do contexto, seja seu autor parcial ou não ao que escreve. Não cai em armadilhas fáceis, como julgar a capacidade de um autor, como o fez Sílvio Romero, que teve a infelicidade de desmerecer o talento de ninguém menos que Machado de Assis (diga-se de passagem, nosso maior escritor, e um dos maiores da literatura mundial) em seu livro Estudo Comparativo de Literatura Brasileira, em 1897, tudo isso só porque Machado era tido como genial, bem mais que Tobias Barreto, amigo de Romero. Bosi aponta sim as falhas, mas nunca desmerece o talento de cada profissional, e não está preocupado com isso.
O que vemos nessa grande obra de Bosi é uma riqueza de detalhes, um aprofundamento teórico de grande valor para os apreciadores de nossa literatura. Sua avaliação crítica é perfeita. Uma leitura mais que recomendada.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Banhistas na Grenouillière


Bain à la Grenouillère é mais uma obra-prima do pintor francês Claude Monet (1840-1926). Pintado em 1869, quando Monet e sua família estavam na comuna de Bougival. É um óleo sobre tela magnífico, cheio de nuances, com uma suavidade extraordinária, estilo típico do impressionismo.

terça-feira, 25 de maio de 2010

No amor entre homens e mulheres ninguém é insubstituível

Há poucos meses um psicólogo dizia numa reportagem, que, após o término de um relacionamento, ao contrário do que muita gente imagina, a outra pessoa é sim substituível. Explicarei melhor pra quem não tenha entendido: Uma mulher termina um relacionamento com um homem, ele em sua mente fica imaginando que ela é única, que não vai conseguir achar outra mulher à altura ou até melhor do que a que o dispensou. Isso enraíza no seu coração e mente, fazendo parecer que o mundo se torna pequeno demais pra ele, ou para ela caso seja o contrário. Mas de fato o amor prega peças no ser humano, cola uma idéia de exclusividade. Mas se analisarmos racionalmente faz mesmo sentido a explicação do psicólogo. O amor é ocasional, você conhece uma pessoa numa lanchonete, numa festa, num ônibus, na net, numa reunião, numa igreja, num encontro entre amigos, enfim, de alguma maneira você não foi ao Nepal ou outro lugar do outro lado do mundo conhecer exclusivamente uma pessoa, ela sim apareceu de alguma forma sem que você ficasse esperando por ela há anos. Um exemplo: Digamos que você conheceu a pessoa no ônibus, sentada ao seu lado, papo vai papo vem, antes da descida no seu ponto, você conseguiu o número do celular dela e aí tudo vai se encaminhando pra algo construtivo. Voltemos no tempo e imaginemos que você acabou perdendo aquele ônibus, você pega o que vem em seguida, e ao seu lado não senta ninguém, ou senta qualquer outra pessoa. Você vai pra casa sem ter pra quem ligar. É como o seguinte: Você passou no vestibular e vai estudar e se formar em alguns anos ou você perdeu no vestibular, agora é esperar o próximo. No relacionamento, você perdeu a chance de conhecer aquela determinada pessoa, isso não altera nada, pois não se perde o que não foi conquistado.
Quem já não teve vontade de se beliscar quando lembra que sofreu tanto por uma pessoa no passado, e hoje aquela mesma pessoa não significa mais nada. No momento de um término, você fica imaginando de tudo: os momentos agradáveis passados juntos, os planos para o futuro, a torcida dos amigos e familiares por vocês dois. De fato, quando um casal que se ama estão juntos, não restam dúvidas de que tudo deve ser mantido assim, na maior união, e se acabou, mas ainda há como voltar, isso é ótimo. Mas, se uma das partes não quer de forma alguma, cabe ao outro se conformar e partir pra próxima.
Claro que, quando se fala de amor, o emocional fala mais alto. Como diz uma canção: O coração tem razão que o próprio coração desconhece. Então, a pessoa que ama fica iludido, se martirizando, achando que não vai encontrar mais ninguém que goste dela como a anterior. E nesses momentos de solidão, qualquer coisa lhe acende a lembrança da pessoa amada: uma música, um lugar, um filme, uma viagem...
Um amigo meu sempre diz: Sou fácil de gostar, mas fácil de desgostar também. Outros já não têm essa facilidade em esquecer. Há pessoas que, ao término de um relacionamento, não passam de uma semana, um mês, e já arrumam outra pessoa pra substituir a anterior. Outros demoram tempo, amargurados, perdidos em dúvidas que faz pensar coisas do tipo: Se eu arrumar alguém, perco a chance dele (a) voltar pra mim. E assim, passa meses e até anos sem ninguém, no sofrimento. Aquela pessoa que é ou foi tão importante pra você, é apenas mais um rosto na imensa multidão para a maioria das pessoas. Infelizmente, a mente humana é cheia de fraquezas, não compreende o sentido lógico da vida quando está apaixonado, não percebe que ninguém é insubstituível. Se você tem seu grande amor ao seu lado, faça todo o possível para segurá-lo (a) e procure retribuir todos os carinhos e amor. Mas, se acabou e não tem retorno, não há mais nada a fazer. Sei que não é fácil quando se vive uma situação de término de um relacionamento, não é fácil pra quem saiu disso contra a própria vontade, pois quem tratou de terminar não vai estar se importando com nada. Não pense que vai estar se importando com seus sentimentos, porque não vai mesmo. Enquanto você fica na amargura, ela ou ela está por aí com alguém nem se lembrando mais que você existe. Então, porque você vai ficar se desvalorizando? Deixar de comer direito, de dormir, de sair pra conhecer novas pessoas. Quem está vivendo a situação de amar e não ser mais correspondido vai dizer que falar é fácil. Mas pra quem já passou por isso e hoje deu a volta por cima, vai saber exatamente que ninguém é insubstituível em relação ao amor entre homem e mulher.

domingo, 23 de maio de 2010

Amnésia
















Homem tem sua mulher brutalmente assassinada e sai à procura do assassino, sem descansar até que faça justiça com as próprias mãos. Simples, não é? Um tema pra lá de batido. Quem afinal nunca assistiu a um filme com um enredo desse? Mas Amnésia se diferencia de todos os filmes. Ele antes de tudo, é bastante original e complexo. E é nesse último quesito que reside a força desse filme dirigido por Christopher Nolan, do ótimo Batman – O Cavaleiro das Trevas.
É complicado falar de Amnésia sem acabar estragando as várias surpresas que ele traz.
Amnésia é um filme já diferente desde seus minutos iniciais, quando o personagem principal Leonard shelby (Guy Pearce de Los Angeles – Cidade Proibida) tem sua vida mudada quando certa noite alguém entra em sua residência e mata sua esposa, durante uma luta contra o agressor, ele é golpeado e fica no chão enquanto o bandido foge.
Depois se descobre que ele ficou com um tipo de amnésia no qual esquece tudo que se passa depois de cinco minutos. Ele só sabe que precisa se vingar, e tatua em seu corpo as informações que precisa para poder ir além nisso. Durante sua trajetória, ele encontra uma mulher misteriosa (Carrie-Anne Moss, a Trinity de Matrix) e um homem que se diz policial (Joe Pantoliano, também de Matrix).
Sua história é contada de trás pra frente, ou seja, o que vemos na primeira cena na verdade é o final, e o que vemos no final,na verdade é o começo. Parece difícil de seguir, mas não é, mas isso não quer dizer que o você vá entender de cara o enigma da história. Tem pessoas que assistem várias vezes e não assimila muita coisa, mas há quem assista e entende de cara. Entendê-lo ou não vai de cada um. Pra quem não tem experiência com filmes legendados, é recomendado que se assista dublado mesmo, pra assim não se perder na trama que é aparentemente confusa, mas que no fundo faz o maior sentido. Não é desses filmes que tentam ser complexos e enganam o espectador. Esse aqui de fato segue uma linha de raciocínio lógico. Há nele também uma subtrama em que Leonard antes da tragédia, investigava um homem que poderia estar fingindo perder a memória pra se dar bem com um seguro. Intercalando cenas coloridas em que Leonard busca pelo assassino e cenas em preto e branco em que ele investiga o caso do suposto golpista, culminando num final surpreendente de deixar qualquer um de queixo caído. O filme nos prega peças em vários sentidos, troca imagens que só vemos numa questão de segundos, nos leva a ter várias interpretações. Seria esse homem nvestigado por Leonard, ele mesmo?
Entre as várias cenas antológicas, uma delas brinca com o telespectador, quando Leonard persegue um homem.
As pessoas se aproveitam de sua situação, como o homem da recepção o muda sempre de quarto dizendo que ele não se lembraria mesmo em qual quarto esteve no dia anterior. Leonard sempre abre a porta do hotel pra dentro, quando na verdade a porta abre por fora. O policial brinca com ele dizendo que pode contar sempre a mesma piada.
O filme do início ao fim é uma sucessão de surpresas que vão dando um novo sentido à história. É incrível como ele nunca se perde e se torna cansativo ou chato, muito pelo contário. Quando termina queremos ver novamente. A cada vez que eu assisto vou descobrindo novos detalhes que me haviam passado despercebidos das primeiras vezes.
Se Leonard não se lembra de nada que se passou até cinco minutos atrás, isso significa que ele já pode ter pegado o assassino de sua mulher e não se lembrar disso. Sua luta incessante por vingança pode ou não ser algo que agora faça algum sentido.
O elenco é perfeito. Guy Pearce nos passa todo o conflito de um homem atormentado, Carrie-Anne Moss faz de forma natural a garçonete que tenta lhe ajudar, Joe Pantoliano está ótimo como sempre como o policial que pode ou não estar tentando se aproveitar de Leonard. Não menos perfeita é a direção do sempre ótimo diretor Christopher Nolan, que, juntamente com seu irmão Jonathan Nolan, escreveu o brilhante roteiro. Nolan é diretor do melhor filme de super-heróis do cinema: Batman – O Cavaleiro das Trevas (filme do qual o Coringa é interpretado de maneira magistral por Heath Ledger). Dirigiu também Insônia (filme tenso com Al Pacino e Robin Williams), Batman Begins (com Christian Bale e Liam Neesom, entre outros) e O Grande Truque (com Hugh Jackman e novamente Bale).
O filme Amnésia já virou caso de estudo entre historiadores, profissionais da área de cinema, e outros interessados. Sua história bastante original fascina e faz refletir sobre a necessidade do ser humano em fazer justiça, mesmo que ele não entenda o porquê disso.
Amnésia concorreu aos Oscars de montagem e roteiro, perdeu esse último absurdamente para o filme Assassinato em Oxford Park, de Robert Altman.
Meu filme preferido da última década e também um dos melhores roteiros já feitos, em minha opinião. Amnésia é uma obra excepcional, um exemplo notável de como se fazer uma história perfeita e original.



Nota: 5 de 5

titulo original: Memento

lançamento: 2001 (EUA)

direção: Christopher nolan

Atores: Guy Pearce, Carrie-Anne Mos, Joe Pantoliano, Mark Boone Junior, Stephen Tobolowsky

duração: 113 min


gênero: Drama, suspense

domingo, 16 de maio de 2010

Escrever errado

O Brasil é um dos países com o maior índice de analfabetismo, e um dos que mais tem uma gramática complicada a se seguir. Mas obviamente o assunto do qual vou falar agora não isenta ninguém da culpa em não saber ou querer escrever corretamente. Tudo começa por uma educação pobre já existente em nosso país, salários baixos dos professores, escolas improvisadas ou mal feitas em muitos lugares por aí, baixa estrutura, fatores que comprometem uma boa qualidade gramatical. O mau hábito da leitura é o fator predominante para uma péssima escrita. Quem não lê não faz idéia de que maneira são escritas várias palavras que não constam no hábito rotineiro. Nem me refiro ao “internetês” onde várias palavras são abreviadas pra tornar tudo mais rápido e prático, como por exemplo:

Cadê = Kd
Você = Vc
Beleza = Blz
Valeu = Vlw
Também = Tb


O mais grave é o fato de certas palavras fáceis serem escritas de qualquer forma, menos da forma correta.

Prazer > Praser
Vier > Vinher
Lidar > Lhe dar
Consciência > Concienssia
Difícil > Dificio
Fazer > Faser
Advogado > Adevogado
Falsidade > Falcidade
Age > Haje
Poupe > Polpe


Há os casos de redundância (ou pleonasmo) como:

Sair pra fora
Entrar pra dentro
Subir pra cima
Descer pra baixo
Repetir novamente
Dupla de dois
Agora nesse momento
Dar gratuitamente


Erros de concordância:

A gente vamos
Nós vai
Eu se dei mal...


Convenhamos, a língua portuguesa nos prega peças estranhas só pra piorar mais ainda:

Receio = Receoso (e não receioso), Bem = Benigno (o M some). Palavras como Otorrinolaringologista não são bons exemplos de palavras fáceis a serem ditas ou lembradas.
Existem quatro tipos de “porquês”: Por que, por quê, porque e porquê, cada um significando um sentido diferente.
Mal com L é antônimo de “bem”, já mau com u é antônimo de “bom”.

Erros costumeiros:

Eu Nascir; Dar-se banca; Morrir de rir; Ele ler tudo certo.

Certa vez alguém me disse:
“Rapaz, você já percebeu como fulano véve falando errado”?

Escrever certo ou errado vai além de qualquer grau de escolaridade ou formação acadêmica. Alguns podem dizer: “Mas ele pensa que é professor de português pra estar falando dos erros dos outros”? Não, não sou professor de português ou de coisa alguma, e erro da maneira como qualquer um pode errar, alguns erram mais, outros menos. Só sei que alguns professores não alteram muita coisa quando nos referimos às armadilhas da língua portuguesa ou até mesmo a erros grosseiros. Já vi inúmeros professores errarem feio, não terem explicações pra respostas simples referentes a ortografias. Mas é claro que, passar 4 anos numa faculdade de Letras fará com que um professor saiba muito mais do que qualquer um fora da área, e são eles que detém as regras do assunto, porém pra ser bom é preciso mesmo uma boa dedicação e não apenas ser formado. Fora do campo de Letras, a coisa é diferente, há pessoas por aí formado em tudo que é coisa e que não sabem escrever corretamente, mesmo que tenham passado tanto tempo em salas de aula. Cresci lendo histórias em quadrinhos, quando adolescente tomei o gosto pela literatura, não essa literatura vazia de hoje em dia, mas a literatura clássica, de grandes autores da língua portuguesa e estrangeira, leituras de peso. É através da boa leitura que aprendemos a ler e escrever corretamente. Quem escreve mal lê mal.
A maioria das pessoas no Brasil não gosta de assistir a filmes legendados porque não conseguem acompanhar a rapidez das legendas, aí se perdem por inteiros. De fato, é preciso ter certo treino nas palavras pra acompanhar as legendas de um filme. Mas aí vai um conselho: Quer aprender a desenvolver melhor a escrita e errar menos? Assista mais a filmes legendados, no início pode parecer meio cansativo, mas logo você se acostuma, e além do mais, é muito melhor ver o idioma original de um filme, sem aquelas vozes já conhecidas e batidas.
No mundo globalizado de hoje, somos “obrigados” a aprender muitas palavras estrangeiras, o que a gramática chama de Estrangeirismo:

Hot Dog
Net
Backup
Enter
Outdoor
Marketing


Mas será que somos obrigados mesmo a escrever aquilo que está fora de nosso idioma? Realmente é muito difícil acompanhar palavras que muitas vezes são lidas de uma forma e escritas de outra, como por exemplo, quando se fala essa palavra que, quando dita soa assim: Impitiman, na verdade, sua escrita é totalmente diferente: Impeachment (Palavra que significa impedimento ou acusação). Repare que não tem nenhuma semelhança entre o que se ouve e o que se escreve. Quem se arrisca a soletrar por aí Schwarzenegger?
A Cacofonia é outra cilada, mas daí já não é erro de ortografia, mas sim gramatical mesmo. São palavras que quando unidas têm um som bastante esquisito, como por exemplo:

Vou-me já
Ela tinha
Confisca gado
Moça fada
Vez passada
Já que tinha
Havia dado



Pior do que escrever errado é escrever errado pra todo mundo ver, como em placas ou outdoors, o que torna tudo além de lamentável, bastante risível. Eis alguns exemplos de placas que já vi pessoalmente:

VENDE-SE
ESTACA-
SA

(a venda de uma casa virou arma pra matar vampiro em Sociedade Anônima?)


CONSERTA-SE PANELA DEPRESSÃO

(o conserto de uma panela virou um consultório para panelas com problemas emocionais. Mesmo que não tenha havido um erro ortográfico nessa frase e na de cima, apenas a falta de espaço de uma palavra a outra)

FAZEMOS ESTALA SÃO DE SOM DE CARRO

(Em vez de colocar o som, ajuda é estalar)


Eis alguns erros de placas retirados da NET:


ATENÇAO
ESTA OBRA NAO
SE RESPONÇABELI
SA POR CUAL - QUER
DANOS QUE AJA NAS
VIATURAS JUNTO A OBRA

VENDE-SE
CRAVÃO

NAO RECEBEMOS
POLITICOS NEN
FASEDOR DE
CANPANHA

CONCERTA-
SE FOGÃO
E PANELA DE
PRESSAO
AMOLA: ALECATE
E: TEZORA

VERDURA
CEM
AGROTOXIO

PROPRIEDADE
PARTICULAR
PROIBIDO
ENTRADA,DE
PESSOAS,CEM
ALTORISASÃO
PROIBIDO
CASAR E,PESCAR

SER MOÇA
É FACI,O DE-
FICIO É SER
VIGE

PARABÉNS!
É ASSIM QUE CUMPRIMENTAMOS NOSSOS ALUNOS PELOS EXELENTES
RESULTADOS OBTIDOS NO PROVÃO DO MEC!

HOGE
FLANGO
AÇADO KOM
FALOFA PALA
VIAJEM

SERVIMOS SUCO NATURAL
DO PÓ DO GUARANÁ
A FLOR DE ZIACO

VEREFIQUE
OS FREIOS

VENDO-SE

BATATA
4,OO
SEBOLA.1.50
MÉU.4.00
MELANSIA 3,00
LARANJA 3.00

VENDE-SE CAXORROS
PUDOS

- EMPOTENÇIA SEXUAL
- GENECOLOGIA GERAL
- EMOROIDE.INTERNA E EXTERNA
- HERNIA.INTERNA E EXTERNA
- APENDICITA.TROMBOSE
- DOR DO PEITO.DOR DE DENTE
- DOR DE VISTA.TURBECULOSA
- HOMEMQUE NÃO FAZ FILHO
- MULHERQUE NÃO FAZ FILHA
- BRONQUITE.GOTA.MACULU
- FEBRE AMARELHO. CATARATA
- MBASU. DIABETE.COLA ABERTA

CEJA BEM
VINDO E
ESPRIMENTE A
LINGÜIÇA

O assunto é bastante amplo e complexo, pra encerrar, aqui vai uma pequena historinha:

Um homem chega a uma cidade, e ao perceber que as placas das lojas estão escritas de forma errada, fica bem entristecido. Já desistindo a achar algo que venha a ser uma exceção, vê de longe uma alfaiataria do qual está escrito “Águia de ouro”. Ele então entra ali e diz para o dono:
-Meu senhor, entrei aqui para lhe dar meus parabéns, pois em toda a cidade o único lugar que vi uma placa escrita de maneira correta foi a sua: Águia de ouro.
O Alfaiate olha para o homem e diz:
- O senhor está enganado, o nome não é Águia de ouro, e sim Agúia de ouro!

sexta-feira, 14 de maio de 2010

São Bernardo

Dentre os 10 maiores escritores da literatura brasileira, encontra-se o alagoano Graciliano Ramos, escritor da fase modernista e um dos grandes influentes da literatura atual. Graciliano tem um estilo seco, direto, sem enigmas, do qual sempre extrai o máximo de suas narrativas. No geral, suas histórias se passam em lugares marcados pela dor, pela precariedade, pela necessidade de vencer para não sucumbir.
Em São Bernardo, o autor cria um romance narrado em primeira pessoa, no qual o protagonista Paulo Honório narra sua história de conquistas e perdas, começando por sua infância quando era guia de cego, depois cuidando de terras, suas viagens pra conseguir dinheiro no que culmina com a compra da fazenda São Bernardo, no interior de Alagoas. Paulo Honório como ele mesmo narra, é um homem frio, fechado, pouco simpático; um homem que só se relaciona com as pessoas se ver que levará alguma vantagem com isso.
Mas ele próprio deixa subentender que nem sempre teve essa personalidade hostil; é onde entra o fator do determinismo, no qual o homem é fruto do meio em que vive. Essa teoria foi muito usada na literatura do início do século 20, e ainda hoje em alguns textos.
Um dia ele se casa com a professora Madalena, uma mulher totalmente diferente dele. Ela encanta todos a sua volta com sua bondade, seu carisma, contrastando com a rudeza e egoísmo de seu marido.
Esse choque de personalidades faz com que Paulo Honório a atormente e conseqüentemente a leve a cometer suicídio.
O narrador começa então a ter relapsos de arrependimento, corroído por lembranças que o leva a reflexão de que, embora sempre com atitudes grosseiras, havia nele um certo grau de humanidade no qual a vida difícil em que ele levava não o deixava demonstrar.
Muito se compara esse livro com Dom Casmurro de Machado de Assis: Um personagem rude que conta sua própria história de ascensão e queda, seu relacionamento conturbado com a esposa, suas indiferenças com tudo e todos que o rodeia. De fato, são obras singulares na literatura brasileira.
Escrito em 1934, São Bernardo tem a mesma força narrativa de outra obra-prima de Graciliano: Vidas Secas. Nada na escrita de Graciliano é gratuita, ele não envereda por caminhos que procure enrolar o leitor, sempre sendo direto e eficaz ao que se propõe contar.
Muito se fala em um erro cometido por Graciliano ramos: O narrador, um homem que era latifundiário, de poucas instruções, jamais poderia escrever de forma tão objetiva, cheia de beleza e qualidade em suas palavras. Isso é algo discutível, mas de forma alguma apaga o brilho de uma obra forte e contundente, uma das melhores da literatura brasileira.
Foi filmado em 1971, pelo diretor Leon Hirszman, com Othon Bastos no papel de Paulo Honório e a já falecida Isabel Ribeiro no papel de Madalena.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Saga Crepúsculo: Filmes só para fãs



Nem tudo que faz sucesso por aí é sinal de qualidade. Vejam por exemplo o Big Brother, onde até mesmo muitos que gostam falam que não presta, que é só escapismo mesmo, uma bobagem na falta de coisas melhores. Assim como na TV e em outras mídias e artes, Hollywood não é diferente. As terceiras partes de Piratas do Caribe e Shrek são uma negação e fizeram uma montanha de dinheiro. Bobagens como A Bruxa de Blair rendem uma fortuna. Há inúmeros exemplos de filmes irregulares que fazem o maior sucesso (Enquanto filmes como Amnésia e Desejo e Reparação são praticamente esquecidos pelo grande público). O maior exemplo de injusto sucesso de Hollywood nos dias de hoje é a Saga Crepúsculo, que até agora tem dois filmes: Crepúsculo (2008) e Lua Nova (2009). São dois de uma quadrilogia. A terceira parte Eclipse está prevista pra ser lançada aqui no Brasil no próximo dia 30 de junho, e a quarta parte Amanhecer provavelmente virá no próximo ano. Vamos falar um pouco sobre os dois primeiros já lançados:
Crepúsculo: Dirigido em 2008 por Catherine Hardwicke (Uma diretora de pouca expressão). É um filme que fala do envolvimento de uma jovem recém-chegada a uma pequena cidade com uma famílçia de vampiros. A moça logo inicia um romance com um deles, um rapaz que se isola de todos no colégio. A sinopse é bem água-com-açúcar, mas poderia render uma boa história, mas não é isso que acontece. Simplesmente há uma sucessão de draminhas e romances que não chegam a lugar algum. É impressionante como tudo é altamente sem graça e sem clima ou clímax. A protagonista é feita por Kristen Stewart, que fez O Quarto do Pânico (2002, dirigido por David Fincher), na qual era a filha de Jodie Foster, mas cresceu e não virou uma boa atriz. O galã é feito por outro ator sem graça chamado Robert Pattinson (que usa um pó branco no rosto, lhe deixando com um jeito afeminado).
Lua Nova: Mudando a regra de que um filme que faz sucesso é mantido o mesmo diretor, dessa vez a direção fica a cargo de Chris Weitz, que dirigiu um filme irregular em 2007 chamado A Bússola de Ouro, que hoje é mais lembrado por ter tirado injustamente o Oscar de efeitos visuais de Transformers. Lua Nova não melhora em nada no que já era ruim, ou seja, continuam as mesmas falhas do filme anterior, só que o namorado da mocinha aparece pouco, dando lugar a um índio que se transforma em lobisomem, feito por Taylor Lautner de As Aventuras de Sharkboy e Lavagirl em 3-D (2005). Aliás, Lautner e Anna Kendrick (a amiga da protagonista) são os melhores atores dessa série entre os mais jovens, mas mesmo assim não conseguem salvar o filme da monotonia. Como bem observou um crítico, é um filme onde vampiros não mordem ninguém e os lobisomens se parecem com bichos de pelúcia. Michael Sheen e Dakota Fanning entram na história pra tentar salvar alguma coisa, mas de fato o filme se arrasta e não funciona mesmo.
O casal central é muito fraco. Faltam emoção e momentos mais acelerados à história. Esses filmes são baseados na série de livros escritos pela americana Stephenie Meyer, sendo mais uma febre literária (veja o caso de Harry Potter, As Crônicas de Nárnia e Percy Jackson). Esse é o mais inferior de todos e o mais precário em realização. Seus efeitos especiais nunca convencem, tudo parece feito às pressas. Pra uma série que rende tanto dinheiro (Os dois primeiros já renderam mais de 1 bilhão de dólares em todo o mundo), podia-se ao menos caprichar um pouco mais na produção.
Os adolescentes lotam os cinemas pra ver “rostinhos bonitos” sem nem se importarem com qualidade. Na verdade, é mesmo filme pra fãs, que não enxergam os inúmeros defeitos de uma saga pobre e descartável. Quem procura por um cinema mais inteligente não vai embarcar nessa saga “vampiresca”.

Nota: 2 de 5

domingo, 9 de maio de 2010

Falta de tempo? Não, é falta de boa vontade mesmo

Muitas pessoas dizem não ter tempo pra fazer uma visita a um amigo, a um parente que não tenha mais visto, dizem que é por falta de tempo, porque estão trabalhando demais, porque os estudos estão lhe tomando o restante do tempo, etc...
Na verdade isso não passa de conversa fiada, algo que não convence ninguém. Ninguém é escravo pra poder dizer que trabalha 24 horas por dia, 7 dias por semana. Em algum momento (final de semana) sempre sobra um tempo. Alguns que se “dizem” meus amigos, quando os encontro por aí, me dizem: “Fiquei de ir em sua casa, mas não deu, ando muito apertado, falta de tempo mesmo”. Mas pra uma namorada, pra um jogo de futebol, pra uma viagem, logo se arruma tempo.

Vou contar algo que aconteceu em minha vida do qual me arrependo muito:

Quando morávamos em outro bairro, havia um vizinho na base de seus 70 e poucos anos, irmão da dona da casa em que ele morava. Ele gostava de conversar comigo sempre que eu saia na porta. Ele não tinha quase ninguém com quem conversar e eu era um dos poucos que lhe dava atenção (Nesse país, pessoas de idade mais avançada sofrem preconceito e muitos parecem que estão fadados ao isolamento). Eu era um dos poucos que o entendia, que o ouvia, que lhe dava atenção. Esse vizinho certo dia foi levado para um albergue e ficou morando lá. Todas as vezes que seus parentes voltavam de lá, me diziam que ele havia perguntado por mim. E eu sempre dizia que iria lhe fazer uma visita. Mas eu dizia pra mim mesmo que me faltava tempo. Os dias foram passando e eu não fui. Um dia recebi a notícia de seu falecimento, sem eu nunca tê-lo visitado naquele albergue. A lição disso tudo é que hoje me arrependo muito de não ter deixado de fazer alguma coisa fútil, pra ter feito uma visita àquele homem, pois sei que ele teria feito isso por mim.
Quando vejo alguém falar que não visitou certa pessoa porque lhe faltou tempo, sei que isso é uma mera desculpa, sem nenhum sentido. A correria do dia-a-dia é muito grande, realmente nos falta tempo pra fazermos mais do que desejaríamos fazer, mas sempre há um final de semana ou feriado pra colocarmos em pauta certas coisas em nossas vidas. Não deixe que o “tempo” lhe deixe de fazer hoje o que você se arrependerá amanhã.

sábado, 8 de maio de 2010

A Caolha - Uma história do amor de uma mãe por seu filho.

Uma mulher que tinha um de seus olhos arrancados era chamada de caolha por onde quer que fosse. Seu filho único chamado Antonico tinha vergonha e nojo dela; todos zombavam de sua mãe e ele assim ficava constrangido, não por ela, mas por ele mesmo. Na rua em que morava, na escola, no trabalho, ninguém o poupava de chamá-lo de “O filho da caolha”. A mãe, bastante compreensiva e nunca querendo desagradar seu filho, entende de certo modo o fato deste ter vergonha dela, e evita sair com ele. Crescido, esse rapaz se apaixona por uma moça, mas esta depois de um tempo receosa em ser rotulada de “nora da caolha”, desiste de ir em frente com ele. O jovem então, em seu trabalho de alfaiate, decide morar no seu emprego e deixar a mãe morando só, e questiona o fato da mãe nunca ter lhe contado o motivo que a deixou sem um dos olhos. Ao ver tal atitude do filho, a mãe lhe diz:

- Embusteiro! O que você tem é vergonha de ser meu filho! Saia! Que eu também já sinto vergonha de ser mãe de semelhante ingrato!

O rapaz, arrependido em sua nova moradia, procura sua madrinha pra que esta converse com a mãe por ele a fim de amenizar o ocorrido entre os dois, contando-lhe todo o ocorrido.


- Eu previa isso mesmo, quando aconselhava tua mãe a que te dissesse a verdade inteira; ela não quis, aí está!
- Que verdade, madrinha?
Encontraram a caolha a tirar umas nódoas do fraque do filho - queria mandar-lhe a roupa limpinha. A infeliz se arrependera das palavras que dissera e tinha passado a noite à janela, esperando que o Antonico voltasse ou passasse apenas... Via o porvir negro e vazio e já se queixava de si! Quando a amiga e o filho entraram, ela ficou imóvel: a surpresa e a alegria amarraram-lhe toda a ação.
A madrinha do Antonico começou logo:
- O teu rapaz foi suplicar-me que te viesse pedir perdão pelo que houve aqui ontem e eu aproveito a ocasião para, à tua vista, contar-lhe o que já deverias ter-lhe dito!
- Cala-te! - murmurou com voz apagada a caolha.
- Não me calo! Essa pieguice é que te tem prejudicado! Olha, rapaz! Quem cegou a tua mãe foste tu!
O afilhado tornou-se lívido; e ela concluiu:
- Ah, não tiveste culpa! Eras muito pequeno quando, um dia, ao almoço, levantaste na mãozinha um garfo; ela estava distraída, e antes que eu pudesse evitar a catástrofe, tu o enterraste pelo olho esquerdo! Ainda tenho no ouvido o grito de dor que ela deu!
O Antonico caiu pesadamente de bruços, com um desmaio; a mãe acercou-se rapidamente dele, murmurando trêmula:
- Pobre filho! Vês? Era por isto que eu não queria dizer nada!


Veja esse conto na íntegra aqui:
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/julia-lopes-de-almeida/a-caolha.php


Esse conto foi escrito pela brasileira Júlia Lopes de Almeida no início do século 20 e mostra que o amor de uma mãe suporta a tudo, disposta até a pagar um alto preço pra não magoar seu filho, mesmo que isso a faça sofrer durante toda a sua vida.
Que esse texto sirva de lição àqueles que não dão o devido valor às suas mães. Lembrando que mãe na vida da gente só existe uma.
A todas as mães, muitas felicidades nesse dia especial.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Avatar



Há quase 30 anos, um canadense chamado James Cameron fez um filme chamado Piranha II – Assassinas Voadoras (1978), seqüência de Piranha (1978, dirigido por Joe Dante), um filme que obviamente visava buscar parte do sucesso alcançado por Steven Spielberg e o seu Tubarão (1975). Piranha II é um filme que, de tão tosco e ridículo (anfíbios que voam!) acaba sendo engraçado. Outros diretores teriam continuado a seguir essa carreira trash, mas James Cameron não era qualquer diretor, e provou isso com seu primeiro sucesso, em 1984 com O Exterminador do Futuro, filme que elevou Arnold Schwarzenegger a astro do cinema. Em 1986, Cameron dirige Aliens – O Resgate (seqüência de Alien – O Oitavo Passageiro de 1979, feito por Ridley Scott). A carreira de Cameron começava a tomar novos rumos, o qual o levou a fazer filmes tecnicamente inovadores como O Segredo do Abismo (1989), O Exterminador do Futuro 2 (1991), True Lies (1994) e finalmente se superar com Titanic (1997, até então o filme mais caro e mais rentável do mundo). Mas “superar” é mesmo uma palavra que define bem James Cameron, e doze anos depois ele chega com o filme que revolucionou a arte dos efeitos visuais no cinema: Avatar.
Até onde me lembro, Cameron tinha esse projeto na cabeça desde 1995, mas os efeitos visuais que ele pretendia utilizar ainda não haviam surgido, segundo ele. Mesmo que em 1993 Steven Spielberg tenha deixado todo mundo boquiaberto com os fantásticos efeitos digitais de Jurassic Park. De 2001 a 2003, o neozelandês Peter Jackson e sua empresa de efeitos visuais: a Weta Digital, daria vida aos personagens criados pelo escritor J. D. Salinger na saga O Senhor dos Anéis. A trilogia feita por Jackson conseguiu criar personagens e cenários altamente convincentes e chamar a atenção de Cameron. O diretor de Titanic se deu conta que havia chegado a hora de dar prosseguimento ao seu antigo sonho que era fazer Avatar.
Cameron sempre foi visto pelos atores e técnicos como um diretor megalomaníaco e perfeccionista, e isso é visível em seus filmes. Em Avatar, ele criou um planeta onde quase tudo que vimos ali é fruto de efeitos digitais; tirando os atores de verdade e algumas coisas básicas como cadeiras e mesas, todo o resto foi feito por computação gráfica (ou CGI como é mais conhecido no meio técnico). É impressionante como aqueles persoagens de três metros de altura parecem de fato existir. A interatividade dos atores reais com aquele mundo é perfeita, algo como nunca foi visto com tamanha perfeição em toda a história do cinema.
Pra quem ainda não assistiu a Avatar, aqui vai um pouco do enredo: No futuro, cientistas e fuzileiros norte-americanos exploram um planeta chamado Pandora. Esses cientistas criam os avatares (corpos movidos pela mente de pessoas pra interagirem com os habitantes do planeta, os Na'vi, seres humanóides azuladas de três metros de altura). Um dos fuzileiros (Sam Worthington de O Exterminador do Futuro 4 e do novo Fúria de Titãs) percebe que seus aliados estão com planos de exploração em massa a todo custo contra aquele povo e resolve mudar de lado e ajudá-los. Ele se envolve com uma guerreira (Zoe Saldana de Star Trek) filha do chefe da tribo, e inicia uma guerra (muito violenta, por sinal)contra os fuzileiros.
Ao invés da maioria dos filmes que mostram alienígenas invadindo a Terra e destruindo tudo, Cameron aqui faz o contrário: Os humanos é quem invadem outro planeta e tentam destruí-lo. A guerra final dos humanos contra os Na’vi é simplesmente fantástica.
Mas nem tudo é perfeito em Avatar. Sua história lembra outros filmes como Dança com Lobos (um homem abandona sua civilização e luta ao lado de um povo diferente) e Matrix (Transferência de mentes), entre outros. O problema não é Avatar se parecer com dezenas de outros filmes, mas se tornar um filme clichê em sua grande parte. O roteiro de Cameron não é bem aprofundado e nem sempre consegue sair do convencional. Mas nem por isso é um roteiro ruim. Consegue prender a atenção do início ao fim.
Cameron se sai muito bem no que ele sabe fazer melhor: interagir pessoas de verdade a cenários irreais e tornar tudo muito convincente. As plantas e vegetações são fantásticas, todo aquele processo deve ter com certeza dado um grande trabalho pra fazer. Além da empresa Weta Digital, entraram além de outras, duas das maiores autoridades em efeitos visuais do mundo: A Industrial Light & Magic (responsável pela concepção e movimento das naves e transportes do filme, entre outros) e a Digital Domain (empesa do próprio Cameron, responsável por alguns retoques, efeitos de transição, etc...).
No elenco estão nomes como Sigourney Weaver (Que já havia feito com Cameron Aliens – O Resgate), Giovanni Ribisi (O Resgate do Soldado Ryan), Michelle Rodriguez (Velozes e Furiosos) e Stephen Lang (Inimigos Públicos) como o vilão.
Avatar se tornou a maior bilheteria da história, superando Titanic, ou seja, James Cameron superou seu próprio recorde, e hoje detém os dois filmes de maior sucesso do cinema. Venceu os Oscars de: Efeitos visuais, direção de arte e fotografia, e ganhou também os Globos de Ouro de melhor filme e direção.
Se não é uma revolução em termos de narrativa e tem uma história já vista em outros filmes, é um épico que vale ser visto antes de tudo pelos seus excelentes efeitos visuais inovadores. Então, quem está em busca de um filme que não faça pensar muito e quer uma diversão de primeira, Avatar é uma boa recomendação.


Nota: 4 de 5

titulo original: Avatar

lançamento: 2009 (EUA)

direção: James Cameron

Atores: Sam Worthington, Zoe Saldana, Sigourney Weaver, Stepehen Lang, Michelle Rodriguez, Giovanni Ribisi

duração: 162 min

gênero: Ficção Científica, Ação

quarta-feira, 5 de maio de 2010

10 frases idiotas que você ouve durante o término de um relacionamento

Não fique chateado (a)
(Ao ouvir essa frase, aí é que você de fato fica chateado (a). É o mesmo que alguém te pedir pra não ficar nervoso sendo que você está calmo, aí você começa mesmo a ficar nervoso).

Foi ótimo ter estado com você.
(Se foi mesmo, porque então ele (a) te deu um “não”?).

Na verdade eu quero ficar só por um tempo.
(Conversa fiada. Certamente essa pessoa já está de olho em outro (a) e fala assim pra você não sentir sua cabeça coçando. Entendeu?).

Você vai achar alguém legal em sua vida.
(Sério? Muita bondade da pessoa em te dizer isso. Será que há 1% de sinceridade nisso?).

É melhor a gente dar um tempo.
(Dizem que “dar um tempo” é uma maneira “suavizada” de dar um “NÃO”).

Não era pra dar certo.
(Com certeza essa palavra de consolo só acaba te chateando mais ainda).

Não quero te magoar.
(Isso deveria ser dito durante o relacionamento nas discussões bobas, e não no fim do relacionamento).

Podemos ser amigos.
(Fala sério. Será que dá mesmo pra ser amigo de uma pessoa que terminou um relacionamento com você? Pra quem dá o “não” é fácil dizer isso, mas quem o leva, é muito difícil. No fim das contas essa pessoa quer vè-lo (a) é bem longe dela).

Um dia, quem sabe? Tudo pode acontecer.
(Você não é reserva ou está disponível pra quando ele (a) quebrar a cara lá fora e querer voltar pra você, e aí você receber de braços abertos. E esse “Tudo pode acontecer” te faz se sentir a pior pessoa desse mundo).

Tchau. A gente se vê por aí.
(Espero que te veja mesmo, você bem feliz ao lado de outra pessoa).

terça-feira, 4 de maio de 2010

Um abraço sincero


Entre as fotografias anônimas que circulam pela net, uma das que mais me chamou a atenção foi essa foto de um homem abraçando um tigre. Repare como tudo é tão sublime: o tigre parece bem feliz (animais podem ser felizes, eles brincam, pulam de felicidade...), e o abraço se mostra mais sincero do que muitos que eu vejo por aí entre pessoas. Acho que essa foto serve também como reflexão, mostrando que pode haver união até mesmo com quem menos esperamos.