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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Um Lugar ao Sol




Certa vez Charles Chaplin definiu o filme Um Lugar ao sol da seguinte forma: É o melhor filme que assisti na vida. registra a supremacia do cinema sobre todas as outras formas de arte". Não é difícil entender o porquê de tanta admiração vindo do genial Chaplin; afinal, ele se referia a uma obra-prima que resistiu ao tempo e se tornou um dos maiores clássicos da Sétima Arte. Mas de certo modo esse filme não teria sido o que é se não fosse pela genialidade do diretor George Stevens, um dos maiores realizadores do cinema americano de todos os tempos. Stevens acertou em todas as decisões tomadas ao contar a história de George Eastman (Montgomery Clift), um jovem que se muda para uma cidade e busca no tio uma oportunidade para se estabilizar em um emprego. Começa a trabalhar na linha de montagem da fábrica desse tio. Porém, descumpre a primeira regra que lhe é imposto: Não se envolver com funcionárias da mesma empresa. Conhece Alice Tripp (Shelley Winters) e se mantém secretamente com ela um caso amoroso. Certo dia em uma festa na casa do tio, ele conhece outra jovem, dessa vez da alta sociedade, a bela Angela Vickers (Elizabeth Taylor), iniciando a partir daí um sólido relacionamento com ela. George e Ângela se amam e vivem esse amor, mas o que ele não esperava era que Alice estaria grávida dele e começaria a pressioná-lo para se casar com ela. George vê seus sonhos desmoronarem; se isso vier à tona ele perde seu emprego no qual estava subindo de cargo e perde também seu grande amor. Num momento de desespero, George planeja a morte de Alice e a convida a um passeio de barco. Durante o passeio, o barco vira, Alice morre. George escapa e vai tentar levar sua vida normalmente ao lado de Ângela. Mas nada fica oculto, e as cobranças começam a aparecer para ele. Cobranças da lei pelo “assassinato” de Alice. Se houve de fato um crime, cabe ao promotor Frank Burlowe (Raymond Burr) avaliar. George vai a julgamento, sendo barbaramente atacado por Frank. O final é um dos mais trágicos, levando à punição um homem que amou demais, ficando a pergunta: a omissão de socorro é um crime? O diálogo perto do final, quando o padre pergunta a George o que foi que esse omitiu a todos mas lhe falaria naquele momento, é a peça chave pra se entender todo o pensamento do condenado em relação ao acontecido no momento em que o barco virou.
Baseado no livro Uma Tragédia Americana (1925) de Theodore Dreiser (o autor já era falecido quando o filme foi feito), Um Lugar ao Sol se tornou célebre por vários motivos, um deles era sua história forte e envolvente, na qual falava de ambição, condutas instáveis, rompimentos de regras, intolerância, desobediência e fatalidade. É interessante lembrar que um dos fatores para o declínio do personagem é a desobediência, quando ele rompe com o seu passado religioso e vai de encontro a uma vida de ambições, levando-o à ruína. O filme parece dizer ao personagem George Eastman: “Você tem todo o direito de buscar uma vida de ambições e prazeres, mas esteja preparado para arcar depois com as conseqüências”. A história é cruel com seus personagens, vai lhes dando alguns momentos de felicidade, para no final só lhes restarem dores e aflições.
Dirigido com maestria pelo consagrado diretor George Stevens, um gênio do cinema, considerado perfeito na condução de atores. Antes de Um Lugar ao Sol, dirigiu filmes como Ritmo Louco Gunga Din e A Primeira Dama. Depois fez o ótimo faroeste Os Brutos Também Amam, o épico Assim Caminha a Humanidade, o comovente O Diário de Anne Frank (1959) e o bíblico A Maior História de todos os Tempos. Em seus filmes predominavam a intolerância e o destino muitas vezes trágico. Ele deu aqui o melhor papel da carreira do excelente ator Montgomery Clift que está fenomenal no papel do trágico protagonista. Clift em muitas cenas não precisa dizer nada para expressar o que está sentindo, seu olhar diz tudo. A cena do barco por exemplo, em que ele passa pelo dilema em assassinar ou não a moça no qual engravidara, simplesmente entrega uma interpretação fora de série, algo simplesmente magistral. Clift era daqueles atores que era ótimo em todos os papéis. Trabalhou entre outros, com Howard Hawks no ótimo faroeste Rio Vermelho, com Alfred Hitchcock em A Tortura do Silêncio, com Fred Zinnemann no premiado À um Passo da Eternidade, com Stanley Kramer no contundente Julgamento em Nuremberg e com John Huston em Os Desajustados e Freud – Além da Alma.
Elizabeth Taylor (uma das mais belas atrizes de Hollywood) foi revelada nesse filme e não parou mais de brilhar, em filmes como Assim Caminha a Humanidade (novamente dirigido por George Stevens), Gata em Teto de Zinco Quente (uma de suas melhores interpretações), Cleópatra (um épico que fracassou), Disque Butterfield 8 (primeiro Oscar de sua carreira) Quem tem medo de Virgínia Woolf? (segundo Oscar) e A Megera Domada. Shelley Winters era uma atriz que os diretores gostavam de trabalhar, porque ela dava plena credibilidade a seus personagens. Alguns de seus melhores filmes são Winchester 73, O Mensageiro do Diabo, O Diário de Anne Frank, Lolita e O Destino do Poseidon. Raymond Burr (que faz o promotor) é mais lembrado pelo público como o assassino no clássico Janela Indiscreta de Alfred Hitchcock. Anne Revere que interpreta a mãe do protagonista, está em obras importantes como A Canção de Bernadette e A Luz é para Todos.
Um Lugar ao Sol teve nove indicações ao Oscar, levou seis nas seguintes categorias: Direção (o primeiro de Stevens, que viria a ganhar novamente por Assim Caminha a Humanidade), Roteiro adaptado, direção de arte em preto e branco, figurino em preto e branco (para a excelente Edith Head), montagem e trilha sonora (para Franz Waxman). Assim como Marlon Brando em Uma Rua Chamada Pecado, Montgomery Clift também dá um show de intrepetação em Um Lugar ao Sol, mas ambos perderam o Oscar pra Humphrey Bogart por Uma Aventura na África.
Um Lugar ao Sol pode ser visto como um estudo sobre o amor, atitudes precipitadas, ambição, ruína, desespero e conseqüências. Mas antes de tudo deve ser visto como uma das maiores obras do cinema mundial. Como todas as grandes histórias de amor do cinema, aqui também o que parecia ser um amor para a vida toda, termina de forma trágica. Imperdível para cinéfilos e também quem busca uma ótima e triste história de amor.


Nota: 5 de 5

Ttitulo original:
A Place in the Sun

Lançamento: 1951 (EUA)

Direção: George Stevens

Atores: Montgomery Clift, Elizabeth Taylor, Shelley Winters, Raymond Burr, Anne Revere.  

Duração: 122 minutos

Drama

Um comentário:

  1. Adorei seu texto, simplesmente conclusivo!

    Lá no cinema pela arte eu fiz uma postagem sobre o mesmo, gostaria que fizesse uma visita!

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