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domingo, 30 de janeiro de 2011

Homens que batem, traem e mentem

Há alguns anos quando fui trabalhar em uma cidade aqui na Bahia, fiquei hospedado em uma pensão. Lá, a dona do estabelecimento morava com o companheiro e dormiam em um quarto perto do meu. Essa mulher apanhava quase todos os dias desse homem. Sempre que a surra era das piores, no outro dia ela aparecia usando óculos de sol. O sujeito era alcoólatra assumido. Como sou alguém que vive questionando as coisas, pensava pra mim mesmo como aquilo terminaria. Depois do trabalho finalizado, fui embora dali e não soube mais notícias daquele povo. Sabe-se lá o que terá acontecido.
Daí vem a pergunta: em casos assim, quem é o pior, o homem que bate ou a mulher que se sujeita a apanhar? Homens que batem em mulheres já são podres de natureza, são “machões” descarados que, procuram descarregar suas frustrações (todo bêbado é frustrado) em suas esposas. Sendo assim, não caberia a essas mulheres se saírem desses tipos de elementos? Mas como pra tudo se tem uma desculpa, muitas delas dizem que é por medo de que eles possam matá-las (nesse caso, o problema é mais delicado, ainda que solucionável), outras dizem que é porque teriam que abandonar a casa e assim não teriam pra onde ir. Algumas “Amélias” se tornam tão independentes de seus maridos, que não sabem dar um passo a frente sem eles.
Há homens (pode-se chamar de homens?) que colocam fogo em suas casas na intenção de matar mulher e filhos, e depois saem dessa impunemente, como se nada tivesse acontecido. A mulher o aceita de volta (esse tipo de mulher acaba sendo pior do que seus agressores), e ficam dizendo pra todo mundo que eles mudaram. Mentira, não mudam nada, pelo contrário, fingem que mudaram, pra depois voltarem ainda piores, mais violentos. Uma amiga minha que estuda psicologia me disse que não há mudança nesses casos, que eles inventam “melhora de comportamento” pra não serem punidos, mas na verdade estão prontos pra atacar novamente, esperando apenas o momento certo pra isso.
Será que é mesmo verdade que existem mulheres que gostam de apanhar? Eu particularmente me recuso a acreditar nisso, ainda que, em se tratando de seres humanos, tudo é possível. 
Vale muito mais morar em um barraco, mas tendo sossego e paz, do que morar em uma casa toda confortável, mas que impera ali a violência e o sofrimento. Não permita que seus filhos crescam em lares conflituosos, para que no futuro eles não se tornem pessoas traumatizadas e até mesmo violentas. 
Conheci uma mulher que me disse ter apanhado do marido por mais de dez anos, depois foi que tomou a decisão de largá-lo. Hoje não quer vê-lo nem pintado de ouro. Mas a atitude dela não foi tarde? Poderia ter tomado essa atitude na primeira vez que o canalha lhe agredisse. Cada “Maria da Penha” sabe o inferno que passa com seu marido, e sabe que não é fácil tomar uma atitude radical pra mudar a situação em que vive. Mas uma coisa é certa: ou procuram cair fora desses monstros, ou morrerão nas mãos deles.
Acho graça quando vejo alguns homens que engrossam a voz para parecerem mais “machos”, a fim de impressionarem suas esposas ou namoradas. Desconfio que esses “machões” vestem às escondidas a calcinha de suas mulheres à noite. Esses mesmos sujeitos são os que mais traem suas mulheres, inventam mil e uma desculpas, dizem que estão fazendo hora extra no trabalho, ou que foram visitar um “amigo”, etc. Se seu marido saiu pra pescar, certifique-se que na volta, o peixe que ele trouxe foi realmente pescado, ao invés de ter sido comprado (!!!)
Mas há mulheres que parecem não se dar valor, se humilham, deixando-se levar por conversas fiadas de seus maridos/namorados. Estes lhes prometem que não irão mais traí-las ou agredí-las. Só mesmo rir pra não chorar.
Um dia desses eu estava saindo de uma palestra às 10:00 da noite, quando vi duas mulheres esperando o ônibus em um ponto, as duas em conversa diziam que esperavam seus maridos irem buscá-las, mas ambos lhes ligaram, dizendo que estavam jogando bola (?!) e não poderiam chegar a tempo, então lhes sugeriram que fossem pra casa de transporte coletivo. Uma delas estava segurando um capacete. O que acho interessante é que para a maioria das mulheres, homens assim é que têm valor, são esses que prestam.
Admiro muito mulheres que se posicionam, que preferem ficar só em vez de arrumar qualquer elemento canalha apenas pra acabar com a solidão. Tenho amigas que não se deixam levar por conversinhas “doces”, essas sabem discernir quem é quem.
Há casos impressionantes de mulheres que ficam noivas por mais de dez anos e durante esse tempo vivem bem com seus noivos, mas depois que se casam, descobrem que esses homens tinham a façanha do ótimo fingimento, e daí o casamento acaba não durando nem um ano.
Mulheres, procurem se valorizar, não se enganem por aparências ou conversinhas de príncipe encantado. Antes de amar alguém, procure amar a si própria, só assim você terá visão pra enxergar o que pode vir pela frente. O que tem muito por aí são homens violentos, traiçoeiros, enganadores, mentirosos e traidores. 


terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Naquela manhã

Naquela manhã eu estava cadastrando imóveis com um amigo, passávamos de casa em casa, até que, batemos à sua porta. Você abriu e nos recebeu muito educadamente. Fizemos toda a medição de sua residência, você sempre ao nosso lado, nos acompanhando, informando o que precisávamos saber. Daí terminei de fazer todo e esboço e fui embora com o meu amigo para a próxima casa.
Não, não foi assim.
Batemos em sua porta, você abriu. Explicamos a você sobre o nosso trabalho, e você gentilmente nos convidou a entrar. Fiquei encantado com tamanho encanto. Tudo em você me encantou naquele momento em que estávamos ao seu lado. Lá, fizemos todo o trabalho de cadastramento, você nos acompanhava, mas eu não conseguia parar de te olhar, era como se você tivesse o poder da atração.
Confesso que enrolei o quanto pude, a fim de ficar mais tempo ali te observando. Em certo momento, eu estava segurando uma prancheta e fazendo o esboço, quando você sentou ao meu lado e quis ver o que eu estava desenhando. Foi quando eu pude te ver melhor, ver que seus braços eram cheios de cabelinhos, seus olhos eram como uma jóia que nunca pára de brilhar, sua boca era a forma perfeita de um morango cortado, sua pele era o puro frescor das madrugadas da primavera, seus cabelos eram como o movimento das águas . Eu não poderia achar defeitos em você nem se os procurasse o dia inteiro. Sua beleza não consistia em arroubos estéticos, mas sim numa beleza campestre, singular. No entanto, mais do que sua forma física, o que me chamou mais a atenção em você foi sua simplicidade, sua educação, seu jeitinho meigo e doce.
Não me lembro bem sobre o que falamos, mas me lembro de que você me disse que pertencia a uma igreja, e até me fez um convite pra comparecer lá. Armadilha da memória, posteriormente não me recordava mais onde era. Sua mãe estava ali, mas não a vi, era como se o momento fosse só meu, de mais ninguém. Até meu amigo parecia não estar mais ali. Naquele instante, em meu mundo envolto em sua presença, se transformou numa fonte de paixão, um envolvimento com o belo e o inesperado.
Você não vai se lembrar, talvez nunca se lembre.
Ao sairmos dali, comentei com o meu amigo sobre você. Ele me aconselhou a voltar lá e te pedir o número de seu telefone, ou algo que fizesse manter contato, que não ficasse apenas em algo daquele momento. Voltamos a nos aproximar de sua casa, mas chegando perto da porta, recuei e fomos embora, levando comigo talvez a certeza de que não te veria mais.
Pra você, posso não ter passado de uma simples passagem, um aventureiro das circunstâncias. Pra mim foi um momento sublime, eterno. Foram menos de vinte minutos, minutos breves que te vi pela primeira e última vez. Vi você por pouco tempo, mas foi um tempo suficiente para não me esquecer de você.
Depois de alguns anos, imagino como você pode estar: casada, com filhos, talvez em outra cidade, ou sei lá, talvez esteja sozinha, morando na mesma casa. Mas acho que nada disso mais importa. Hoje não me recordo mais de seu rosto, ficou a forma, mas sumiu o semblante. Posso já ter te visto várias vezes por aí, mas o tempo tratou de me fazer esquecer de como você é. Olhos apaixonados só enxergam a forma, mas esquece os contornos.
Hoje eu sei que você ficou lá atrás no tempo, naquela casa, naquela manhã. 





domingo, 23 de janeiro de 2011

Dois Destinos



Dois Destinos é considerado por muitos a obra-prima do diretor italiano Valerio Zurlini, superando até mesmo A Primeira Noite de Tranqüilidade. Eu não saberia dizer qual é o melhor, sendo que os considero igualmente obras singulares da Sétima Arte. Os pouquíssimos cinéfilos que conhecem Zurlini, sabem que seu cinema é individual, amargo, de uma natureza reflexiva e melancólica, como nenhum outro cineasta. Portanto, é de se esperar que seus melhores trabalhos traduzam o que há de mais caro à natureza humana e ao próprio cinema: a desilusão. Dois Destinos narra o drama de Enrico (Marcello Mastroianni), um jornalista frustrado que perdeu sua mãe quando tinha apenas 8 anos de idade. Seu irmão Lorenzo é doado ainda novinho para uma família rica. Anos depois, Lorenzo perde tudo que tem e procura seu irmão, em busca não apenas de instabilidade, mas principalmente procurando formar uma união que nunca havia tido com um parente de sangue. Mas Enrico culpa Lorenzo pela morte da mãe, mas nunca lhe diz nada a respeito disso. Certa noite, Lorenzo o procura e fica hospedado em seu mísero quarto. Começa assim uma nova etapa de vida para os dois irmãos. Cada um ao seu jeito, vai procurando se aproximar um do outro, visitam sua avó que está numa espécie de asilo, debatem sobre a vida, vão em busca de empregos, e um dia se separam novamente. Até que Lorenzo diz a Enrico que sofre de uma grave doença sem cura. Enrico acompanha todo o processo de tratamento do irmão, se aproximando mais dele. Como você pode ver, não é uma obra que apresenta uma história acessível ao grande público, mas trata-se de um drama forte, seco, sem nenhum senso de humor, sem coadjuvantes engraçadinhos. Aqui, Zurlini demonstra o que sabe fazer melhor: desilusão, solidão, questionamentos. Conhecido como o poeta da melancolia, Zurlini em seus filmes não abre espaço pra subtramas, vai direto ao ponto que interessa. Também não apela para o melodrama. Tudo gira em torno desses dois irmãos, seus dramas, suas lutas, suas esperanças de que as coisas possam melhorar, mas ao mesmo tempo percebemos durante todo o tempo que eles estão fadados ao pior, como já deixa anteceder o início da obra. Poucas vezes na história do cinema um filme foi tão cruel com seus personagens, tirando-lhes toda e quaisquer perspectivas de um “amanhã glorioso”. Mas Dois Destinos não seria uma obra tão forte e esplêndida se não tivesse à frente seus dois atores fantásticos: Marcello Mastroianni (Enrico) tem aqui a melhor interpretação de sua carreira, segundo alguns críticos, mostrando porque que realmente era o melhor ator italiano de todos os tempos. A cena em que ele conta para o irmão já doente, sobre sua mãe, é de uma naturalidade espantosa, entrando para a lista das melhores interpretações da história. Mastroianni era fenomenal, incomparável, um monstro nas telas. O francês Jacques Perrin (Lorenzo) também está ótimo como o irmão mais novo em estado terminal. Perrin já havia feito um ano antes com Zurlini, o belo A Moça com a Valise, e é conhecido do grande público de arte pelo seu desempenho em Cinema Paradiso, em especial na emocionante cena final em que ele assiste às cenas dos filmes cortadas pela censura. Ótimos atores aliás, era prioridade para Zurlini. Ele sabia que seus filmes eram fortes, sinceros, e só grandes atores poderiam expressar toda a fúria e desesperança de seus personagens, entre os grandes atores “zurlinianos” estão: Jean-Louis Trintignant e Eleonora Rossi Drago (Verão Violento), Claudia Cardinale (A Moça com a Valise) e Alain Delon e Giancarlo Giannini (A Primeira Noite de Tranqüilidade).
Valerio Zurlini foi injustamente esquecido por um tempo, sendo redescoberto há pouco tempo em amostras de cinemas. Injustiça mesmo, porque se iguala aos grandes diretores italianos como Roberto Rossellini, Federico Fellini, Vitório de Sica, Michelangelo Antonioni, Ettore Scola e Luchino Visconti. Zurlini era pintor, artista nato, era exigente nas escolhas de cenários e ângulos de câmeras, seus filmes são verdadeiros estudos para cinéfilos e estudiosos da área. Seu cinema é lento, introspectivo, sempre em busca de respostas. Está entre o que o cinema mundial pode oferecer.
Dois Destinos é cinema bruto, sério e avassalador.



Nota: 5 de 5

Título original: Cronaca Familiare

Lançamento: 1962 (Itália, França)

Direção: Valerio Zurlini

Elenco: Marcello Mastroianni, Jacques Perrin, Valeria Ciangottini, Sylvie

Duração: 115 minutos

Drama

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Gente que "véve" falando e escrevendo errado


O país em que moramos nos oferece sujeiras políticas, injustiças sociais, marketeiros sem piedade, mentiras sociais e mais um montão de coisas que só ajudam a piorar ainda mais um país em que muitos teimam em dizer que está indo bem. Sem nos deixarmos cair nos contos de mentirosos, podemos ver que há muito a se fazer nesse país para que se possa dizer que ainda há esperança de se tornar um bom lugar para se viver. A educação é um desses elementos que precisa ser posto em xeque, ou seja, precisa ser melhorado drasticamente. Nunca se viu um povo que, em sua grande maioria tem o (péssimo) hábito de falar e escrever errado, aliás, não é hábito, é a maneira como acham mesmo que deve ser falado e escrito. Não creio que alguém fale ou escreva errado porque quer.
De quem é a culpa de tamanha ignorância educacional? Seria dos professores? Não, não é culpa dos professores. Se há um mal aprimoramento na educação no Brasil, a culpa não é dos que são pagos pra ensinar. Estes em sua quase totalidade se empenham em passar os ensinamentos, mas à medida que o tempo passa, muitos alunos não têm se interessado em aprender, chegando ao ponto de verem no professor, um inimigo.
Você ouvir dizer que um lavrador ou cortador de cana não sabe ler e escrever, é claramente compreensível, mas saber que alguém que mora em uma cidade não sabe nem mesmo escrever o próprio nome é um absurdo. Conheço pais de família que não sabem ler ou escrever. Esses mesmos pais têm filhos cursando o segundo grau. Daí pode-se afirmar que isso é antes de tudo desleixo e muita preguiça. Temos escolas de sobra que alfabetizam, e essas pessoas analfabetas também podem pedir ajuda aos filhos ou vizinhos para que ao menos aprendam a escrever o próprio nome. Porém, piores do que esses que se acomodam e são analfabetos de tudo, são aqueles que estudam e parece não aprender muita coisa. E o pior de tudo é que, quem lê e escreve errado, consequentemente irá falar errado também, não tem jeito. Em se tratando de escrever e falar, há erros e há erros imperdoáveis. Uma coisa é você escrever algo no MSN, sem a mínima preocupação ou tempo em deixar tudo de forma certinha em relação à ortografia, outra coisa é você escrever errado, sem a consciência de que está errado. Fico pensando na BURRICE de quem escreve na NET, seja em páginas sociais como Orkut, Facebook e Twitter e nem ao menos verificam no Google em caso de dúvida, se a palavra ali escrita está certa ou errada. Eu sempre procurei errar o menos possível no que eu escrevo,  posso até errar concordâncias das palavras, etc., mas procuro escrever uma palavra de forma correta. Livros e filmes legendados me ajudaram bastante. Obviamente posso cometer erros ortográficos como quaisquer outras pessoas, mas me lamentaria grandemente se cometesse erros grosseiros como os que eu vejo em muitos Orkuts, placas e blogs por aí. A ignorância cultural desse país é muito grande, chega a ser assustador. Mas o que se pode esperar de um povo que em sua grande maioria é alienado por novelas, Big Brother e filmes enlatados e vazios de vampiros adolescentes? O poeta Mario Quintana dizia: “O maior analfabeto é aquele que aprendeu a ler, mas não lê”. Quem não lê fica emburrecido, escreve errado e fala muito mal.
Há palavras super complicadas que, realmente confundem na hora de serem escritas, mas há palavras fáceis demais que se tornam um desastre nas mãos de muitas pessoas. Ler, escrever e falar corretamente não tem raiz em estudos de nível superior ou coisa do tipo, vem do interesse de cada um em aprender. Se você faz parte do grupo dos “ignorantes sociais”, não PASSE vergonha, e sim, TOME vergonha e vá ler um bom livro.