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segunda-feira, 26 de julho de 2010

Amor, Sublime Amor



O diretor Robert Wise era conhecido por filmes de suspense, aventura e ficção, mas nada faria crer que ele se superaria naquele que é considerado sua obra-prima: Amor, Sublime Amor, ou West Side Story como é mais conhecido.
Os musicais estavam saindo de moda, os grandes espetáculos de dança e músicas pareciam estar com os dias contados. Clássicos como Cantando na Chuva, Sete Noivas para Sete Irmãos, Sinfonia em Paris e Sapatinhos Vermelhos eram imbatíveis, e o gênero estava se desgastando, como demonstrou o irregular Gigi de 1958, que apesar de ganhar 9 Oscars, fica bem aquém dos melhores musicais de Hollywood. Eis que Wise se une ao consagrado coreógrafo Jerome Robbins para adaptarem o sucesso da Broadway que colocava a história shakesperiana de Romeu e Julieta em pleno anos 50. Wise era um diretor determinado, talentoso e sabia bem o que queria em cena, pra isso não mediu esforços e se empenhou ao máximo para que tudo se encaixasse perfeitamente. Conta a história de duas gangues: Os Sharks (Porto-riquenhos) e os Jets (Anglo-saxônicos) em luta diária pelos mais diversos motivos. O filme já começa em rivalidade entre eles, tudo mostrado em forma de dança. Aos poucos vamos conhecendo a cada um deles. Até que, num baile, ficamos mais próximos do casal Tony e Maria, que desencadeará todo o drama da obra (representados como os Capuletto e os Montechio da famosa peça de Shakespeare). A cena em que eles se vêem pela primeira vez é antológica e define bem o título “sublime” do título. Aliás, esse título é um pouco infeliz, e deixa a desejar. Dali nasce uma paixão que será o pivô de uma grande tragédia. Tony é o melhor de amigo de Riff, líder dos Jets, e Maria é irmã de Bernardo, líder dos Shark. Sua história de amor é marcada por preconceitos e pela disputa entre duas gangues rivais que se confontam cegamente pelas ruas de Nova Iorque, onde um policial tenta a todo momento detê-los. Mas o ódio entre eles é mais forte do que a compreensão de que há algo errado com aquelas brigas inúteis. O final é inesquecível e carrega uma carga dramática que transcende a própria arte cinematográfica, é de uma comoção fora de qualquer conceito crítico, algo formidável que preenche toda a tela do mais puro lirismo, entre uma trilha sonora melancólica que expressa toda a dor daquela cena. As danças são fortes, intensas, com um vigor impressionante, exalando fúria e emoção de acordo ao momento. Repare como eles extravasam suas raivas através da dança e das canções. Aquelas explosões de desabafos são colocadas pra fora em meio a dança na sua forma mais visceral. Quem tem o cuidado de assistir a um filme em forma de estudo da arte, vai perceber esses detalhes que tornam esse filme um dos mais fortes manifestos da dor e da paixão, que o cinema já mostrou. Os números musicais (que não são poucos) estão entre os mais belos de todos os tempos. Lembrando que, quem não gosta de filmes musicais deve passar bem longe desse aqui, ou irá se decepcionar bastante. Não é um filme popular, mas sim um espetáculo áudio visual belíssimo. Talvez o maior épico-musical, o mais rebelde exemplar de uma arte em movimento que jamais foi superado.
Os atores foram selecionados criteriosamente, à exceção de Richard Beymer (que faz o mocinho Tony). Wise anos depois diria que este não havia sido uma boa escolha. Beymer vinha do belo e dramático O Diário de Anne Frank (1959) e tinha jeito de galã. Em minha opinião ele não compromete em nada. Natalie Wood substituiu Audrey Hepburn que estava grávida. Natalie é encantadora, e sua Maria é frágil e ao mesmo tempo decidida. Russ Tamblyn que faz o líder dos Jets havia feito O Pequeno Polegar (1958). O casal de porto-riquenhos que dá maior credibilidade e carga enérgica e emocional ao filme, é feito por George Chakiris e Rita Moreno (ambos foram premiados aos Oscars de Coadjuvantes). O resto do elenco é perfeito. Todos sabem dançar e demonstram isso da melhor forma possível.
Mas Amor, Sublime Amor não seria esse espetáculo todo se faltasse um dos principais ingredientes: a trilha musical do excepcional maestro Leonard Bernstein. Suas músicas são nada menos que excelentes e dão um tom de alegria (em algumas partes do filme) e tristeza (perto do final). As canções Something's Coming, Maria, América, I Feel Pretty, One Hand, One Heart, Somewhere e principalmente Tonight são simplesmente inesquecíveis.
Vencedor de nada menos que dez Oscars: filme, direção, ator coadjuvante, atriz coadjuvante, fotografia, montagem, direção de arte, figurino, som e trilha sonora, é sempre eleito como um dos maiores filmes da história, não só do gênero musical, mas em termo geral. E isso é mais que justo e compreensível, pois se trata de uma obra-prima indiscutível.
O diretor Wise voltaria ao gênero em 1965, com o também belo musical A Noviça Rebelde, onde sairia novamente premiado com o Oscar de direção. Aliás, A Noviça Rebelde fechou com chave de ouro o ciclo dos musicais clássicos da era de ouro de Hollywood. Mas não se compara a beleza e esplendor de Amor, Sublime Amor, um filme genial que é sinônimo de explosão de arte, paixão e criatividade como poucas vezes foi visto nas telas do cinema.


Nota: 5 de 5

Ttitulo original: West Side Story

Lançamento: 1961 (EUA)

Direção: Robert Wise & Jerome Robbins 


Atores: 
Natalie Wood, Richard Beymer,  George Chakiris, Rita Moreno, Russ Tamblyn

Duração: 151 minutos


terça-feira, 20 de julho de 2010

Infância

Em um famoso filme, o personagem principal, homem de muita fortuna e de muitas pessoas ao seu redor, se dá conta que seus melhores momentos foram durante sua infância. Ele trocaria tudo que tinha, para voltar a ser criança. Acho que cada um de nós tem um pouco disso. Quem não gostaria de voltar a ser criança? Com raras exceções de pessoas que sofreram muito quando eram crianças, a maioria das pessoas tem nessa fase suas melhores lembranças. Como diz uma frase do escritor Fernando Sabino:  

“Quando eu era menino, os mais velhos perguntavam: o que você quer ser quando crescer? Hoje não perguntam mais. Se perguntassem, eu diria que quero ser menino.” 

Temos saudades dos tempos em que nossos pais ou avós nos contavam histórias pra dormir; as pessoas diziam: “Olha que fofinho”; não tínhamos preocupações com dívidas ou se a economia do país ia mal. Quando criança, brincávamos, corríamos, nos alegrávamos com tudo. Mas quando crescemos, todo o encanto se esvai como fumaça ao vento, já não somos bajulados, não somos mais o centro das atenções, somos perdidos numa selva cruel onde impera o capitalismo, a individualidade e um modo de vida incapaz de nos satisfazer plenamente como pessoas. Na infância, projetamos um futuro perfeito, cheio de realizações e felicidades, mas quando crescemos nos dando conta que era tudo ilusão, que nada nos fazia mesmo crer que seria tão difícil e amargo. A vida parece ser um estágio em que, a cada ano que passa, tudo vai se tornando mais realista aos nossos olhos, os sonhos vão ficando para trás, dando lugar às intempéries do dia-a-dia. Não digo com isso que só temos felicidade quando somos crianças, mas uma coisa é certa: as desilusões surgem quando viramos adultos. O mundo é cheio de pessoas que fingem estar bem e felizes, mas no fundo são pessoas amarguradas. Em geral essas pessoas são as que mais têm dinheiro, status, privilégios. Mas não conseguem esconder pra si próprios uma frustração, um vazio.
É também na infância que vamos descobrir nossos medos, nossas paixões, nossos anseios, nossos dons, nossas qualidades e nossas fraquezas. É na infância que começamos a fazer as primeiras escolhas; vamos selecionando os amigos na escola, na rua em que moramos; os meninos vão ter uma paixão escondida pela professora, e as meninas pelo galã da novela das oito.
Infelizmente, vivemos em um país corrupto, desigual e injusto, em que boa parte das conseqüências disso recai sobre as crianças, podemos citar aí: exploração de mão-de-obra infantil, pedofilia, educação de má qualidade em boa parte das escolas públicas por culpa de baixos investimentos na área, descaso com as crianças pobres, etc. Muitas crianças nesse país vivem em estado de abandono total, sofrendo o desprezo de governantes preocupados apenas com reeleições e o próprio bem-estar.
A infância, quando bem vivida, nos deixa saudade e dá vontade de vivermos sonhando com aqueles tempos. Mas, nos apegar a uma época que não volta mais é como querer fazer a fumaça do chá quente voltar pra a xícara. Sentir saudade é uma coisa, mas não querer viver corretamente o presente achando que as coisas boas ficaram para trás, é renegar o que a vida pode lhe proporcionar de bom.
A Bíblia diz em I Coríntios 13:11:

“Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino.”

Bom ou ruim a situação em que cada um de nós vivemos atualmente, vamos viver a cada dia de acordo com o nosso tempo e nos esforçar para que as crianças de hoje tenham também boas lembranças de suas infâncias.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Prova de Amor

Todos que lêem meu blog, sabem que eu sou cético em relação ao amor entre homem e mulher. Não que eu não acredite no amor, pelo contrário, acredito até demais; creio que sou até mesmo um bobo romântico que ainda acredita que dar flores, caixas de chocolates e recitar poesias, vá fazer uma grande diferença no amor. Não fui muito feliz em se tratando de ter conhecido muitas mulheres românticas, dessas que gostam de receber flores e ouvir uma poesia dedicadas a elas. Eu, que sempre me considerei um homem prá lá de romântico, não tive a felicidade de conhecer até agora uma "Julieta", ou seja, aquela mulher mais romântica que eu pudesse dividir os sonhos, as boas lembranças, os planos de vida. Olhando para os lados, vejo uma geração de pessoas cada vez menos românticas e consequentemente mais mecanizadas. Tudo hoje em dia é curtição, paquera, "ficar por ficar", mas o verdadeiro amor tem se dissolvido e caído no ralo.
Mas às vezes eu me surpreendo quando de repente, percebo que nem tudo está perdido, e vejo que ainda existem pessoas românticas (são poucas, mas existem) que dão um sopro de vida ao amor. São pessoas que têm o fogo da paixão dentro de si, pessoas que acreditam que ainda podem ser felizes ao lado de alguém. Uma dessas pessoas é o jovem Patric Uallans, que fez um belo trabalho de imagens e texto para expressar um grande amor. Seu texto é triste, agonizante, porém exala esperança e uma resposta à dor da paixão. Seu trabalho pode ser conferido logo abaixo:


terça-feira, 6 de julho de 2010

Freud - Além da Alma












O filme começa no ano de 1885. O jovem Freud cuida de pacientes com histerias. Com idéias contrárias ao diretor Meynert do hospital onde trabalha, decide ir a Paris. Lá, ele se admira com as teorias de Chacort onde este demonstra aos seus alunos que, seus pacientes com problemas mentais, utilizando neles o processo de hipnose, lhes fariam reverter alguns traumas. Charcot hipnotiza suas “cobaias” e atesta que o inconsciente personifica uma vontade maior que comanda suas ações. Esses pacientes eram cheios de traumas e neuroses, e uma vez que a hipnose buscava a origem desses traumas,  seus problemas de algum modo poderiam ser resolvidos. Pouco depois, Freud retorna a Viena e se casa com Martha Bernays.
Em uma palestra, demonstrando suas novas descobertas acerca do elo consciente/inconsciente e suas tentativas de achar a origem do problema. Freud não obtém sucesso, mas fica amigo de Josef Breuer, seu futuro mentor e protetor. Breuer lhe fala sobre uma de suas pacientes, chamada Cecily Koertner, que tem um estado grave de perturbação histérica, e a apresenta a Freud. O jovem médico então fica conhecendo a paciente que um pouco tempo depois será seu objeto de estudos e a força maior de suas descobertas.
Freud vai analisar o caso de um rapaz chamado Carl Von Schlossen que tentou assassinar o próprio pai, um general. Ali, usando técnicas de hipnose, Freud descobre que Carl tem um desvio inconsciente de desejo pela mãe. Chocado, Freud abandona o caso. Ao se dar conta que deveria ter ido adiante, ele retorna a casa do paciente, mas é informado que o mesmo se suicidara. Freud ligando o caso do jovem ao caso de Cecily, começa a formular sua tese do Complexo de Édipo (e de Hamlet de William Shakespeare, como alguns estudiosos sugerem), no qual um menino tem repulsa pelo pai e deseja a mãe. Lembrando que, na tragédia Édipo Rei escrita por Sófocles há cerca de dois mil anos atrás, Édipo mata involuntariamente seu pai e se casa com sua mãe.
Seu pai tendo falecido, Freud descobre em si mesmo um bloqueio que lhe impede de se aproximar do túmulo do pai. Ele começa uma auto-análise, especulando que o pai poderia ter abusado da própria filha, e que o próprio Freud teria visto e criado um bloqueio que só se manifestaria anos depois. Mesmo tendo Breuer contra essa idéia, Freud mergulha a fundo e supõe que tudo acontecera em uma viagem de trem quando ele e seus irmãos eram pequenos. Mas durante uma conversa com sua mãe, esta lhe conta que durante a viagem de trem, sua irmã imaginada por Freud como vítima sexual de seu pai nem havia nascido ainda. Com essa revelação, Freud percebe que falta algo para ele montar o enigma da natureza sexual do inconsciente. Freud tem pesadelos no qual é puxado por Carl pra dentro de uma caverna, posteriormente esse sonho vai mudando de perspectivas.
Em hipnoses feitas por Breuer. tendo Freud ao seu lado, foi constatado algo que mudaria os rumos das análises feitas com Cecily. Esta é hipnotizada e conta que, estando em sua casa, ouve bater em sua porta tarde da noite, eram dois médicos avisando que seu pai estava morrendo, eles então a levam ao hospital. Entrando ali naquele hospital católico, ela vê as freiras cantando pelos arredores. Ao entrar no quarto onde seu pai estava, já o avista morto numa cama. Freud diz a Breuer que tal história é questionável, dizendo-lhe que médicos não vão nas casas das pessoas pra avisarem de ocorrências em seus hospitais. Freud então assumindo naquele momento a hipnose, tem aí então a verdade revelada: Aquela moça ouve bater tarde da noite em sua porta, mas os médicos dão lugar a policiais, que lhes avisam que seu pai está morrendo em um hospital. Eles a levam e, entrando ali se constata que freiras não ficariam cantando em um hospital altas horas da noite, as freiras então dão lugar a prostitutas, e o hospital na verdade vem a ser um bordel.
Breuer, preocupado com as investidas de Cecily e temendo perder seu casamento por causa disso, pede para que Freud assuma seu lugar. Nas várias consultas àquela moça, Freud descobre que ela carrega algo reprimido sexualmente desde a infância.
Freud percebe que Cecily resiste às sessões de hipnose e decide então tratá-la com análises, lhe fazendo perguntas acerca de sua infância com seu pai, buscando na livre associação, a resposta que ele tanto deseja. Ela lhe fala de um sonho que tivera na noite anterior, no qual há um emblema médico, com uma frase abaixo, por ali, um homem foge de alguma coisa e se lança correndo por uma praia e desaparece, e sua mãe em uma torre lhe diz algo de conotação repreensiva e ao mesmo tempo sexual. Freud usa interpretação de sonhos para tentar sentido a tudo aquilo. Ela lhe conta ainda que seu pai, que tinha fascínio por prostitutas, lhe colocava pra dormir com ele, enquanto que, sua mãe lhe causava repúdio. Freud constata que a jovem na infância era molestada pelo pai e dá como diagnóstico essa resposta. Mas no dia anterior ele descobre que ela não estava curada. Assim, ele busca a resposta para isso. Através de sua esposa Martha, ele percebe que a verdade às vezes pode ser o inverso, e descobre a origem de seu próprio problema de infância em relação a seu pai. Na verdade seu pai não havia molestado ninguém. O que aconteceu foi o seguinte: Quando era bem pequenino, Freud está na cama de sua mãe a vendo trocar de roupa, aquilo lhe gera um anseio sexual. Quando ela vai deitar ao lado dele, de maneira natural sem nenhuma intenção sexual, o pai chega ao quarto naquele momento e busca a esposa, indicando que o pequeno Freud poderia dormir sozinho. Era o pai (repulsivo) arrancando a mãe (desejo sexual) de ficar perto dele. Freud então retira a culpa de seu pai, e voltando a sua paciente Cecily, esta lhe diz que mentiu sobre o pai e que ela é quem sentia atração pela figura paterna.
Pouco depois, Freud, contrariando a vontade de seu mentor Breuer, discursa numa nova palestra e diz a todos ali suas teorias sobre o inconsciente sexual infantil e outras descobertas, dando origem à psicanálise. Freud vê seus colegas vaiá-lo e Breuer dizer a todos ali que não concorda com suas teorias.
O filme termina com Freud finalmente conseguindo se libertar de seus traumas visitando o túmulo de seu pai.
Após vários livros biográficos sobre Freud, publicados nos anos 50, inclusive um escrito pelo filósofo Jean Paul Sartre, e alguns textos autobiográficos e cartas traduzidos para o inglês, a figura de Freud (o lado mais humano dele) é desvendado e torna-se algo de cunho interessante e curioso.
O diretor John Huston, conhecido por seus filmes cheios de intrigas e aventuras, como O Falcão Maltês, O Tesouro de Sierra Madre, O Segredo das Jóias, Uma Aventura na África e Moby Dick, convida Sartre para escrever o roteiro de seu novo filme sobre Freud. Sartre passa uns dias na casa de Huston, preparando esse roteiro, mas como o filósofo francês gostava de escrever sem parar, acabou criando uma história enorme. Huston sabia que aquele material todo seria algo em torno de 7 horas no mínimo de filme (algo fora de cogitação, uma vez que um filme de quatro horas já é considerado muito longo). Huston pede para o amigo diminuir seu texto, mas depois de modificar bastante, Sartre se recusa a continuar e pede para que seu nome não conste nos créditos do filme.
De fato, Huston condensa bastante o roteiro escrito por Sartre. Esse roteiro foi publicado posteriormente na íntegra por Sartre, com o mesmo nome do filme: Freud – Além da Alma. O personagem Carl Von Schlossen é fictício, na verdade esse paciente é uma junção de vários outros pacientes que Freud tinha em sua vida. Cecily também é fictícia, ela na verdade é uma variação de Ana O. (pseudônimo de Bertha Pappenheim uma de suas pacientes mais famosas) e outras pessoas que foram tratadas por Freud. Ana O. seria de papel fundamental na catarse que posteriormente viria a ser um dos pilares para a criação da psicanálise. Na verdade, esse filme se concentra em 5 anos da fase mais prolífica de Freud, quando ele fez inúmeros estudos e descobertas que fariam dele um dos homens mais importantes da ciência médica do final do século 19 e século 20.
Afinal de contas, o filme Freud – Além da Alma ajuda a compreender um pouco as teorias de Freud? Bom, a resposta é sim e não. Sim porque abrange assuntos como neuroses, histerias, desejos reprimidos, inconsciente sexual e interpretação dos sonhos. E não, porque o filme resume em 5 anos o que Freud demorou quase duas décadas para descobrir, ou seja, Huston não condensa apenas os fatos, ele condensa também o tempo em que eles ocorreram. Mas num resultado final, isso não tira o mérito do filme, pelo contrário, ajuda a não torná-lo cansativo e didático demais, até mesmo porque não se trata de um documentário, mas sim de uma obra ficcional baseando se na realidade. No cinema algumas coisas precisam ser remontadas e mostradas de forma mais artística. Por exemplo: Freud era um neurologista que desenvolveu técnicas nas áreas de psicologia, psicopatologia, fisiologia, hipnose etc., até desenvolver a psicanálise. Imagine aí todos esses elementos médicos e científicos abordados em um único filme, certamente ficaria algo excessivamente acadêmico e cansativo ao grande público que não conhece a fundo as teorias freudianas. O objetivo maior desse filme é mostrar que Freud foi um homem dedicado em sua área, que mudou os conceitos de seu tempo, e criou a psicanálise (um termo que até então não era conhecido).
Tendo seu roteiro já pronto, Huston chama para o papel de Freud, um dos melhores atores americanos daquele tempo: Montgomery Clift, que já havia trabalhado com Huston em Os Desajustados.(1961). Clift havia tido um grave acidente de carro alguns anos antes; esse acidente deixou marcas em seu rosto, lhe tirando um pouco as expressões faciais. Mas isso não impede que ele tenha uma interpretação magistral no papel de Freud. Aliás, o próprio Clift em sua vida particular, se encaixaria perfeitamente no perfil de alguns pacientes de Freud. Clift tinha problemas com álcool, drogas medicinais e tinha que conviver com seu homossexualismo. Mas nas telas era um monstro sagrado. Para o papel de Cecily, é chamada a jovem atriz Susannah York (mais lembrada como a mãe kriptoniana de Kal-El ou Clark Kent em Superman - O Filme). A fotografia ficou a cargo do ótimo Douglas Slocombe (diretor de fotografia dos três primeiros filmes de Indiana Jones, entre outros). A trilha sonora é do consagrado Jerry Goldsmith. O roteiro ficou sobre a responsabilidade de Charles Kaufman (não confundir com outro roteirista atual de mesmo nome) e Wolfgang Reinhardt (lembrando que Sartre ficou de fora dos créditos, por vontade própria). A narração é do próprio John Huston.
Indicado aos Oscars de Roteiro original e trilha sonora, Freud – Além da alma continua atual e impactante quase meio século depois. Huston violou algumas censuras da época e mostrou cenas ousadas (não eróticas) para a época e termos científicos até então vistos apenas em livros.
Alguns acham que Freud foi um pervertido, arrogante, pretensioso e exibicionista. Outros o têm como um gênio que revolucionou a medicina, em sua determinada área de atuação: neuroses, histerias, inconsciente, sexualidade reprimida, etc.
Freud – Além da Alma ficou por muito tempo inacessível ao grande público, sendo transmitido aqui no Brasil por canal de TV paga. Nunca saiu em VHS e só foi lançado em DVD no ano de 2009. Nos Estados Unidos, até onde eu saiba, ainda não existe em DVD. Eu já havia visto antes pela TV, mas pude rever esse ano em seu formato original em widescreen, preservando melhor sua belíssima fotografia e trilha sonora. No DVD tem como extra um comentário bem esclarecedor do professor Renato Mezan, da PUC-SP, sobre esse filme. Vale muito a pena conferir.

Nota: 4 de 5

Ttitulo original: Freud

Lançamento: 1962 (EUA)

Direção: John Huston

Atores:  Montgomery Clift,  Susannah York,  Larry Parks, Susan Kohner, David McCallum

Duração: 139 minutos


domingo, 4 de julho de 2010

As frases célebres de Groucho Marx



O ator norte-americano Julius Henry Marx, mais conhecido como Groucho Marx, além de ter sido um comediante genial, também era dono das frases cômicas mais célebres do século 20.

Eis algumas de suas frases inesquecíveis:

"Acho a televisão muito educativa. Todas as vezes que alguém liga o aparelho, vou para outra sala e leio um livro."

"O casamento é a principal causa do divórcio."

"Só há um forma de saber se um homem é honesto... pergunte-o. Se ele disser 'sim', então você sabe que ele é corrupto."

"Eu não freqüento clubes que me aceitem como sócio."

"Há muitas coisas na vida mais importantes que o dinheiro, mas custam tanto."

"Eu não posso dizer que não discordo com você."

"O casamento é uma grande instituição. Naturalmente, se você gostar de viver em uma instituição."

"Eu pretendo viver para sempre, ou morrer tentando."

"Do momento em que peguei seu livro até o que larguei, eu não consegui parar de rir. Um dia, eu pretendo lê-lo."

"As nossas esposas e namoradas: que nunca se encontrem."

"Inclua-me fora disso."

"Por que eu deveria me importar com a posteridade? Ela nunca fez nada por mim."

"Por trás de cada homem de sucesso há uma mulher, atrás dela está a esposa dele."

“O segredo do sucesso é a honestidade. Se você conseguir evitá-la está feito.”

"Serviço de quarto? Mandem-me um quarto maior!”

“Você prefere acreditar em mim ou em seus próprios olhos?”

“Ele pode parecer um idiota e até agir como um idiota, mas não se deixe enganar: é mesmo um idiota.”

“As noivas modernas preferem conservar os buquês e jogar seus maridos fora.”

"Disseram que dei vexame bebendo champagne no sapato de Sophia Loren. Não é verdade. Derramei quase metade porque ela se recusava a tirar o maldito pé do sapato."

"- Vamos descobrir um tesouro naquela casa?
- Mas não há nenhuma casa...
- Então vamos construí-la!"

"Esta conta é um absurdo! Se eu fosse você, não pagaria!"

"Case-se comigo e eu nunca mais irei olhar para outro cavalo."

"Estes são os meus princípios. Se você não gosta deles, eu tenho outros."

"Eu nunca esqueço um rosto, mas, no seu caso, vou abrir uma exceção."

"Eu corri atrás de uma garota por dois anos apenas para descobrir que os seus gostos eram exatamente como os meus: Nós dois éramos loucos por garotas."

sábado, 3 de julho de 2010

O triste fim dos relacionamentos amorosos



Quem ler esse texto, poderá dizer: “Ele deve ser frustrado, decepcionado nessa área de relacionamentos amorosos”. Mas como sou conhecido por minha sinceridade e transparência, confesso que realmente sou frustrado nessa área, mas daí eu pergunto: E quem não é? Quem pode dizer que nunca passou por decepções amorosas? Essas decepções se tornaram rotinas nos dias de hoje. Vejo no Orkut, casais que estão às mil maravilhas, com incontáveis declarações de amor, fotos e mais fotos demonstrando a paixão de um pelo outro, etc. Daí, para o meu espanto (ou nem tanto), vejo que algo mudou, aqueles casais já não estão mais juntos. Inexplicavelmente (pelo menos para os que estão de fora) já está cada um seu canto, separados.
A procura pela felicidade aumenta a cada dia que passa. Claro que é discutível o fato de felicidade ser sinônimo de uma pessoa amada ao lado. Mas ninguém nasceu para viver só; todo mundo quer ter alguém que gosta, e também ser gostado.
Relacionamentos atuais não são nada duradouros. E quando duram, é de alguma forma um caso em cem, ou porque de alguma forma ambos têm uma capacidade enorme de lutar contra as adversidades. Claro que existem casais que conseguem levar adiante um relacionamento, mesmo que hajam as tempestades diárias. Mas no geral, os relacionamentos parecem fadados mesmo é ao fracasso.
Nunca vi tantas pessoas em busca de um novo amor. Nunca vi tantos homens e mulheres separados à procura de uma nova chance de ser feliz com outro alguém. Em muitos casos se torna uma busca pelo inalcançável. Não é preciso ser nenhum estudioso no assunto pra ver que tudo vai de mal a pior, até mesmo porque esses assuntos antes de serem estudados, são vividos. E todos que viveram essas frustrações, sabem do que eu estou falando. Mas a dificuldade atual não é apenas manter um relacionamento, mas também encontrar alguém que valha a pena. Vivemos hoje em um mundo globalizado, corrido e concorrido, um mundo em que há uma variação enorme de sentimentos mútuos. Vou explicar melhor, de forma mais transparente: As pessoas em si, uma grande maioria anda preocupada mais consigo mesma, gerando uma gama de situações em que cada passo leva a uma decadência ainda maior em um mundo que necessita viver de forma coletiva. Porém, o individualismo leva à carência; ninguém consegue viver isolado, por mais que tente, e são nessas horas que começa a busca por um amor. Mas às vezes essas pessoas individualista-carentes se importam em querer mais do que dar. Essas pessoas querem ser amadas, mas às vezes não pensam que a outra pessoa também está em busca do mesmo. Geralmente, entre um casal, quem acaba terminando um relacionamento não é aquele que mais gosta e que mais se entrega, mas sim aquele que se sente gostado ou amado. Dizem que, em um relacionamento nunca é bom uma das partes gostar muito mais do que o outro, pois isto gerará um conflito de egos. A parte a ser mais gostada se sentirá acima da outra pessoa, chegará à conclusão de que pode estar com outra pessoa “melhor” e até mesmo ser mais feliz (Diga-se se aí, visando interesses próprios). Chamo isso de egoísmo, pra mim não tem outro nome.
Pensamento inevitável: “Estou ficando velho (a), o tempo passa, e se eu não arrumar alguém logo, amanhã será mais difícil”. Isso nos faz precipitar em algumas atitudes e acabar por embarcar em relacionamentos que desde o início já está mostrando que não dará certo. Começa aí uma corrida ao apelo. Vale de tudo, vale até mesmo conhecer alguém da NET que mora lá na Nova Zelândia e se casar sem nunca terem se visto e depois quem sabe quando der, ambos se encontrarem. Ou uma mulher que tinha seus valores preservados, começa a ir até mesmo a encontros marcados em lugares inapropriados, na esperança de se acertar com alguém.
A culpa de tudo ir tão mal é nossa mesmo. O que mais me chama atenção hoje em dia é a enorme atração que as pessoas têm por pessoas que não valem nada. É espantoso como tem tanta gente correta nesse mundo, que procura alguém e não acha. São pessoas de bem, sinceras, fiéis, amorosas, compreensíveis, românticas, companheiras, etc. Essas pessoas são trocadas por pessoas vagabundas, desprezíveis, arrogantes, individualistas, hipócritas, vaidosas, violentas, traiçoeiras, etc. Acho que uma pessoa que não dá valor a alguém que preste, é tão imprestável quanto.
Desde a Criação, a maioria da humanidade tem tendência a amar as coisas sujas e imprestáveis. Analisando por esse modo, até acho que de certa forma é merecedora a situação vivida nos dias de hoje no quesito amoroso.
Mas não me considero um desacreditado. Sei que existem muitas pessoas boas que encontrarão alguém correto em suas vidas e serão felizes nessa área.
Se você já passou por alguma situação amorosa no qual se entregou por inteiro (a) e não teve seu valor reconhecido e foi abandonado (a) por essa pessoa, pode crer que a vida dá muitas voltas, e um dia essa pessoa irá se dar mal lá fora, e irá te pedir pra voltar pra você.
Eu particularmente penso assim:
“Se não me quis e resolveu procurar outro lá fora, e aí arrependida depois de quebrar a cara querer voltar pra mim, me desculpe, mas não estarei mais aqui nesse dia”.
Aquele que se sente feliz ao lado de alguém, faça de tudo pra manter essa felicidade, porque, se você perder, nos dias de hoje será difícil recuperar.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Histórias de amor sem finais felizes


Mais do que em qualquer outra época, nunca a arte imitou a vida com tanta profundidade quanto os dias atuais em se tratando de finais nada felizes em histórias de amor. Em tempos que os relacionamentos duram apenas questões de dias ou meses, na arte, os relacionamentos são mais intensos e apaixonantes, porém em sua grande maioria acabam mal também. 
Abaixo cito alguns exemplos na literatura e no cinema de obras que não tiveram finais felizes. Se você não é uma pessoa acostumada a ler muito ou assistir a muitos filmes, pode ser que não tenha visto ainda alguns que vou citar como exemplo, apesar de serem livros e filmes bem conhecidos do grande público. Nesse caso eu aconselho então a parar a leitura por aqui a fim de não estragar nenhuma surpresa. Mas se você não se importar com isso, siga em frente.

Na literatura cito os seguintes exemplos:

Dom Casmurro: O amor inatingível entre Bentinho e Capitu dá lugar posteriormente a excessos de ciúmes e desconfianças por parte dele. No final ela morre e ele não parece se abalar com isso.
Inocência: A história de amor entre o médico de fora e Inocência, filha de um fazendeiro, termina com o assassinato do rapaz e o desconsolo da moça, tudo por inveja e ciúmes de um dos empregados.
Romeu e Julieta: Os jovens Romeu e Julieta se amam, mas encontram uma barreira para esse amor quando percebem que a rivalidade entre suas famílias vai além de qualquer coisa. Tudo termina com o suicídio de ambos.
Os Sofrimentos do Jovem Werther: O jovem e aristocrático Werther tem uma paixão avassaladora pela esposa de um amigo. Ao ver que não tem chances, ele planeja seu suicídio a fim de que sua amada tenha uma participação indireta na tragédia.
Eurico, o Presbítero: Eurico pede ao pai de Hermengarda a mão desta em casamento, negado o pedido, este vai lutar nas Cruzadas. Tempos depois ele reencontra seu grande amor, mas acaba morrendo em combate e ela enlouquece.

No cinema, temos como alguns exemplos:

E o Vento Levou: Scarleth O’Hara só vai valorizar o amor que Rhett Butler sente por ela depois de já ser tarde demais. Casados, ele sente o menosprezo dela; quando ela se dá conta de que ele era o amor de sua vida, ele a abandona e vai embora.
Doutor Jivago: o médico Yuri Jivago mesmo estando casado, se apaixona por outra mulher, a bela Lara. Eles têm um caso de amor, mas tudo é interrompido pela guerra da Revolução Russa. Ele morre sem vê-la depois de muito tempo.
Titanic: Jack e Rose se conhecem a bordo do famoso trasatlântico de luxo e iniciam um tórrido romance, mas eles não esperavam que aquele navio estivesse fadado a afundar. Ele morre afogado e ela vai viver sua vida da maneira como ele queria, não desperdiçando as oportunidades.
Ghost – Do Outro Lado da Vida: Sam e Molly vivem juntos e se amam. Um dia ele é assassinado. Ela fica desolada. Ele, mesmo morto, tenta livrá-la do perigo de um falso amigo. No final ele a vê pela última vez e vai embora pra sempre.
Cidade dos Anjos: Um anjo se apaixona por uma mulher que ele tinha como missão ajudar. Ciente de seu amor por ela e vice-versa, ele abdica de tudo para virar humano também para ficar com ela. Mas ela acaba morrendo em um acidente numa estrada. 

Enfim, a vida imita a arte e a arte imita a vida. Mas como dizia o poeta Vinícius de Moraes em seu Soneto do Amor Eterno:

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


quinta-feira, 1 de julho de 2010

Consciências Mortas




O Ano é 1885, dois forasteiros chegam a uma cidade e descobrem que algo ali está tirando a calma daquelas pessoas. Depois de alguns minutos, eles ficam sabendo que um grande fazendeiro dali foi assassinado por ladrões de gado. Suspeitos a princípio, eles são informados que os suspeitos estão acampados em um lugar próximo dali. Algumas pessoas então se armam e vão atrás dos criminosos. Os forasteiros os acompanham. Mas o que deveria ser uma captura se torna algo inesperado para aqueles dois homens de passagem por ali. Aqueles cidadãos aparentemente pacatos e justos estão ali não para prender os três suspeitos, mas para fazer justiça com as próprias mãos. O linchamento é inevitável. O que vemos ali são aquelas pessoas fazendo um pré-julgamento daqueles três homens suspeitos, sem muito direito ou tempo pra se defenderem. Durante o pouco tempo que os réus têm para se defenderem, são feitos todos os tipos de acusações contra eles. Os dois forasteiros indignados, poucos têm a fazer, mas mesmo assim não medem esforços pra tentarem convencer aquelas pessoas a deixar a lei decidir o destino dos suspeitos. Durante todo esse processo de perguntas e respostas, vemos cair as máscaras daquelas pessoas, em especial o major autoritário que coloca sempre seu filho em situações de constrangimentos. O final é de estarrecer até mesmo aos mais céticos. É um final amargo e desesperançoso.
O interessante aqui, é que esse filme tem mais de 60 anos e continua super atual. Não se engane quem pensa que, por ser um faroeste, encontrará só tiros e cavalos correndo, a história é disfarçada de faroeste, sendo que no fundo é um drama sobre pessoas falhas, que poderia e pode acontecer a qualquer momento e em qualquer lugar. Dirigido pelo especialista William A. Wellman, que fez Asas (1928, o primeiro filme a ganhar o Oscar de melhor filme), e estrelado pelo excelente Henry Fonda no papel do forasteiro de maior destaque, é ele quem tenta a todo o momento abrir os olhos daquelas pessoas cegas por vingança e conscientizá-los do terrível engano que eles podem estar cometendo. Consciências Mortas é um libelo pela vida e uma denúncia da inescrupulosidade humana. O filme não defende atos errôneos praticados por criminosos, ele apenas mostra que, todos merecem um julgamento justo, até mesmo porque ninguém ali tem certeza de que aqueles três homens são mesmos os autores do crime. Tudo é muito vago, ficando apenas em opiniões e relatos contados por quem viu as evidências mas não viu quem os praticou. O roteiro escrito por Lamar Trrotti é baseado no livro de Walter Van Tilburg Clark e é de uma excelência fora de série, focando as agonias tantos dos forasteiros em busca de uma justiça real quantos dos três suspeitos. Aliás, esse é um dos pontos altos do filme, o fato de mostrar três condenados ao linchamento, de forma bastante humana. Eles choram, se desesperam, tentam a todo custo convencer seus algozes de que não são as pessoas que cometeram o crime. Dois dos suspeitos são interpretados por dois bons atores: Anthony Quinn e Dana Andrews.
Foi indicado apenas ao Oscar de melhor filme, mas obviamente merecia todos os prêmios da época.
Aqui no Brasil esse filme tem uma força ainda maior, pois aqui é onde mais se vê assassinos confessos que escapam ilesos depois de passarem pelas brechas da lei, enquanto ladrões de galinhas são presos e perseguidos à exaustão, ou até mesmo casos de pessoas que ficam anos acusados de crimes que nunca cometeram, e só anos depois é que são inocentados.
Consciências Mortas é um dos filmes mais fortes e contundentes da história do cinema, denunciando todo tipo de precipitação quando se têm em jogo vidas humanas.



Nota: 5 de 5

Ttitulo original: The Ox-Bow Incident


Lançamento: 1943 (EUA)


Direção: William A. Wellman


Atores: Henry Fonda, Anthony Quinn, Dana Andrews, Jane Darwell, Mary Beth Hughes


Duração: 75 min

Gênero: Faroeste