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domingo, 28 de fevereiro de 2010

Valsa com Bashir















Imagine um filme sobre uma guerra histórica, contada em forma semi-documental e ainda por cima como animação? Nada comum não é? Agora imagine que esse filme tem um roteiro no qual os acontecimentos vão e vem no tempo. Parece ser complexo não é? pois é, Valsa com Bashir na verdade é muito complexo do que podemos imaginar, vai além de uma mera experiência de um soldado em uma guerra. É uma obra forte e contundente no qual os fatos surgem do nada, prá começarem a fazer sentido na cabeça de um homem que involuntariamente não imaginava que um dia esteve no massacre dos campos de refugiados palestinos Sabra e Chatila, em Beirute no Líbano. Com o exército de Israel no foco desse extermínio.
O interessante é que o diretor Ari Folman é o próprio protagonista, o ex-soldado sem memória que vê sua vida mudar depois de um sonho contado por um velho amigo. No sonho, seu amigo está sendo perseguido por 26 cães raivosos. Seu amigo lhe conta o significado desse sonho. Depois disso, Folman começa a ter lampejos de lembranças de seu período como soldado das tropas israelenses. Ele vai entrevistando amigos do passado, procurando colher informações que o ajude a entender qual o seu papel naquela guerra, e por que ele se esqueceu de algo que ninguém jamais esqueceria? Afinal, se não nos esquecemos de pequenas coisas em nossas vidas, como esquecer de um massacre de proporções gigantesca?
Aos poucos tudo vai sendo mostrado em flashbacks e a verdade vindo à tona. Vamos sendo apresentados aos maiores horrores de uma guerra, suas loucuras e consequências. Não há uma cena desnecessária, não há discursos planfletários, nem atos de heroísmos. Mas o que vemos são atitudes inusitadas e até mesmo covardes de soldados, seus desvaneios (um deles literalmente surta em pleno tiroteio e atira a esmo no inimigo, dançando ao lado de cartazes do libanês Bashir Gemayel, líder de uma forte milícia contra muçulmanos e militantes palestinos. Todas as cenas de guerra são de forte impacto visual e emocional. Ao montar seu quebra-cabeças, Folman chega ao fatídico clímax, onde culminou no terrível massacre que dizimou milhares de pessoas naqueles campos de guerra (Algo que nos faz lembrar dos campos de concentração da Segunda Grande Guerra).
Os pais devem ser avisados de uma coisa: Por ser uma animação, muita gente confunde as coisas e acha que todo "desenho animado" é coisa prá criança, e isso é um grande erro. Valsa com Bashir nada tem de infantil, pelo contrário, ele chega a ser mais forte e chocante do que por exemplo: Platoon, de Oliver Stone. Aqui há cenas que vão mexer até mesmo com os mais acostumados com esse tipo de produção. Confesso que me chocou bastante, e me fez refletir sobre muitas coisas relativas à atitudes de homens que detém o poder bélico. Repito, não é um filme prá crianças, há cenas de todos os tipos, é de fato um filme prá adulto, com temática adulta. O diretor Folman fez em forma de animação, na tentativa de atrair públicos de várias faixas etárias, lógico que estamos falando de pessoas adultas. Na verdade usou-se uma técnica chamada rotoscopia (alguém se lembra de O Homem Duplo, com Keanu Reeves, no qual é utilizado esse mesma processo?)em que desenha-se em cima dos quadros de filmagens de atores reais e o resultado animado dá uma sensação de que estamos vendo pessoas em forma de de cartoon.
Concorreu à Palma de Ouro no Festival de Cannes e ganhou o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro. Ao concorrer nessa mesma categoria no Oscar, perdeu o prêmio prá o japonês A Proposta (outro belíssimo filme).
Valsa com Bashir é um espetáculo visual, uma obra-prima, uma aula de história e uma reflexão sobre o próprio ser humano. Com certeza um dos melhores filmes dos últimos tempos.



Nota: 5 de 5

titulo original: Vals im Bashir, 2008

lançamento: 2008 (Alemanha/França/Israel)

direção: Ari Folman

Animação

gênero: Guerra, Documentário
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