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terça-feira, 20 de julho de 2010

Infância

Em um famoso filme, o personagem principal, homem de muita fortuna e de muitas pessoas ao seu redor, se dá conta que seus melhores momentos foram durante sua infância. Ele trocaria tudo que tinha, para voltar a ser criança. Acho que cada um de nós tem um pouco disso. Quem não gostaria de voltar a ser criança? Com raras exceções de pessoas que sofreram muito quando eram crianças, a maioria das pessoas tem nessa fase suas melhores lembranças. Como diz uma frase do escritor Fernando Sabino:  

“Quando eu era menino, os mais velhos perguntavam: o que você quer ser quando crescer? Hoje não perguntam mais. Se perguntassem, eu diria que quero ser menino.” 

Temos saudades dos tempos em que nossos pais ou avós nos contavam histórias pra dormir; as pessoas diziam: “Olha que fofinho”; não tínhamos preocupações com dívidas ou se a economia do país ia mal. Quando criança, brincávamos, corríamos, nos alegrávamos com tudo. Mas quando crescemos, todo o encanto se esvai como fumaça ao vento, já não somos bajulados, não somos mais o centro das atenções, somos perdidos numa selva cruel onde impera o capitalismo, a individualidade e um modo de vida incapaz de nos satisfazer plenamente como pessoas. Na infância, projetamos um futuro perfeito, cheio de realizações e felicidades, mas quando crescemos nos dando conta que era tudo ilusão, que nada nos fazia mesmo crer que seria tão difícil e amargo. A vida parece ser um estágio em que, a cada ano que passa, tudo vai se tornando mais realista aos nossos olhos, os sonhos vão ficando para trás, dando lugar às intempéries do dia-a-dia. Não digo com isso que só temos felicidade quando somos crianças, mas uma coisa é certa: as desilusões surgem quando viramos adultos. O mundo é cheio de pessoas que fingem estar bem e felizes, mas no fundo são pessoas amarguradas. Em geral essas pessoas são as que mais têm dinheiro, status, privilégios. Mas não conseguem esconder pra si próprios uma frustração, um vazio.
É também na infância que vamos descobrir nossos medos, nossas paixões, nossos anseios, nossos dons, nossas qualidades e nossas fraquezas. É na infância que começamos a fazer as primeiras escolhas; vamos selecionando os amigos na escola, na rua em que moramos; os meninos vão ter uma paixão escondida pela professora, e as meninas pelo galã da novela das oito.
Infelizmente, vivemos em um país corrupto, desigual e injusto, em que boa parte das conseqüências disso recai sobre as crianças, podemos citar aí: exploração de mão-de-obra infantil, pedofilia, educação de má qualidade em boa parte das escolas públicas por culpa de baixos investimentos na área, descaso com as crianças pobres, etc. Muitas crianças nesse país vivem em estado de abandono total, sofrendo o desprezo de governantes preocupados apenas com reeleições e o próprio bem-estar.
A infância, quando bem vivida, nos deixa saudade e dá vontade de vivermos sonhando com aqueles tempos. Mas, nos apegar a uma época que não volta mais é como querer fazer a fumaça do chá quente voltar pra a xícara. Sentir saudade é uma coisa, mas não querer viver corretamente o presente achando que as coisas boas ficaram para trás, é renegar o que a vida pode lhe proporcionar de bom.
A Bíblia diz em I Coríntios 13:11:

“Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino.”

Bom ou ruim a situação em que cada um de nós vivemos atualmente, vamos viver a cada dia de acordo com o nosso tempo e nos esforçar para que as crianças de hoje tenham também boas lembranças de suas infâncias.

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