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terça-feira, 22 de junho de 2010

1984 - Um estudo sobre a Distopia

Várias pessoas ao redor do mundo apontam 1984 como o melhor livro do século 21. Exagero? Creio que não. Estamos diante de uma das obras mais lidas, discutidas e interpretadas da história da literatura nas últimas décadas. O livro definitivo sobre a Distopia (Totalitarismo, forma de oprimir massivamente um povo, vigiando-as e tirando toda e qualquer liberdade de toda uma sociedade).
Escrita em 1948 pelo inglês Eric Arthur Blair, ou George Orwell como é bem mais conhecido, 1984 narra o drama de Winston Smith, um funcionário do “Ministério da Verdade”, encarregado de alterar documentos que vão contra o regime autoritário no qual ele está subjugado, e também expandir falsas idéias democráticas. As propagandas precisam favorecer o autoritarismo, e tudo é vigiado por Teletelas, onde o Grande Irmão observa tudo em suas casas; nada escapa ao vigia que está em forma de TVs nas paredes dos lares dos cidadãos . Winston é um insatisfeito, ele acredita que tudo pode mudar, voltar a ser como era antes, uma sociedade livre. Ele conhece uma funcionária que divide com ele todas as opiniões de que esse terror deve acabar. Ela lhe dá um bilhete onde está escrito: “Eu te amo”. Porém tudo é feito às escuras, porque tudo é proibido, até mesmo o contato sentimental entre homens e mulheres. Suas idéias e sentimentos são mantidos em segredo total. Mas a confiança ao novo ideal de liberdade os fazem recorrer a um aparente aliado nessa luta: um funcionário do alto escalão que os propõem a ajudá-los, mas tudo não passa de um plano do regime para saber quem se atreviam a desafiá-los; traídos por esse funcionário, eles são submetidos à torturas. Sem saída, eles recuam e cedem novamente ao grande pesadelo. Um pesadelo que forma uma sociedade de detenção, uma anarquia disfarçada de Estado. Ali, dois mais dois são cinco, e se você alguém negar isso, estará negando ao sistema, e a punição para os que assim o fazem é severa. Winston sabia que não deveria se atrever a ir contra um regime tão corrupto que age de forma onipresente, vigiando a todos e tudo. Mas ele sabia também que algo precisava ser feito, ou ao menos tentado, e é aí que a história ganha contornos de revolta, desespero e insubordinação.
Em 1948, o mundo já havia presenciado duas grandes guerras num período relativamente curto. A Alemanha e a Itália tentavam impor seus autoritarismos com o Nazismo e o Fascismo, respectivamente. Na Espanha, o general Francisco Franco espalhava seu regime nocivo; na Rússia, Josef Stalin não fazia por menos. Baseando-se nesses horríveis retratos da realidade, Orwell escreve seu 1984, sob uma forma de alerta, nos mostrando que uma forma de governo que adquire um apoio coletivo no início (um exemplo maior foi a simpatia do povo alemão pelas idéias de “mudanças” de Adolf Hitler, que culminou em uma das maiores tragédias a que se tem notícia na história mundial) pode trazer conseqüências drásticas a todo um povo e até mesmo ter sérias conseqüências no mundo inteiro.
Mas Orwell não condena em sua obra apenas os regimes visíveis a todos, mas também algumas coisas que não parecem, mas no fundo têm conteúdo de controle de uma sociedade, mas que não se apresenta de forma transparente. A censura foi um dos grandes males de diversos países, inclusive no Brasil. E ainda o é em alguns países por aí. Em muitos casos vemos essas censuras de forma “discreta” em países ditos democráticos, disfarçados de leis ou regras, mas que no fundo não passam de “fiscalizações autoritárias”. Uma das maiores influências de Orwell, parece ter sido o Absolutismo francês. A Revolução Francesa é também um grande espelho dessa obra. Daí tiramos a conclusão de que sempre na história da humanidade houveram déspotas decididos a aniquilarem o poder de liberdade das pessoas. No mundo atual, em maior ou menor grau, não é diferente. Quem já não se sentiu ou se sente de alguma forma vigiado? Quem não se sente calado por um governo mentiroso que se diz do lado do povo? Quem não se sente num emaranhado de situações burocráticas?
!984 influenciou várias mídias,como a TV e o cinema, além da própria literatura. No cinema, filmes como V de Vingança (Baseado nos quadrinhos de Alan Moore) e A Vida dos Outros falam de sociedades vigiadas e controladas. Na TV, deu nome a um programa discutível chamado Big Brother (Grande Irmão).
Entre outros livros, Orwell escreveu também A Revolução dos Bichos (1945), no qual faz uma severa crítica ao sistema opressivo, quando um bando de animais se revolta contra seu dono e toma o poder, mas esse mesmo poder nas mãos de alguns homens tende a criar um caos ainda maior do que antes. Uma clara alusão a regimes como os de Robespierre pós Revolução Francesa, e Stalin pós Revolução Russa, entre vários outros regimes estendidos a vários séculos.
A luta pela liberdade às vezes traz uma escravidão pior do que a que era vivida antes. O Brasil, um país pobre, injusto, com péssima distribuição de renda e serviços precários de saúde, segurança e educação, é um prato cheio para que a maioria da população venha a dar créditos a políticos que prometem mil soluções, mas no fim só escravizam um povo já maltratado, tornando-os desesperançosos. Mas há uma frase que diz: O povo tem o governo que merece.
Em A Peste, do escritor francês Albert Camus, no último parágrafo está escrito:

“Na verdade, ao ouvir os gritos de alegria que vinham da cidade, Rieux lembrava-se de que essa alegria estava sempre ameaçada. Porque ele sabia o que essa multidão eufórica ignorava e se pode ler nos livros: o bacilo da peste não morre nem desaparece nunca, pode ficar dezenas de anos adormecido nos móveis e na roupa, espera pacientemente nos quartos, nos porões, nos baús, nos lenços e na papelada. E sabia, também, que viria talvez o dia em que, para desgraça e ensinamento dos homens, a peste acordaria seus ratos e os mandaria morrer numa cidade feliz.”

Se o mundo não tomar cuidado, o mesmo pode acontecer com a liberdade dos povos. No lugar de ratos, serão homens que virão sorrateiramente, enganando a todos, e quando menos se perceber, já estarão no poder escravizando a todos e espalhando uma “peste” chamada totalitarismo.



3 comentários:

  1. Mto bom o comentário sobre o livroo!!!
    Só uma coisa....
    A parte a ver com o Big Brother era piada,né!
    kkk!!

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  2. É verdade mesmo, Fran. Os criadores do Big Brother se basearam no nome homônimo que traduzido é Grande Irmão. Grande Irmão em 1984 é a máquina que vigia a todos, assim como no programa da TV em que câmeras vigiam tudo (ou quase tudo) que aquele pessoal faz ali.

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  3. Quero ler esse livro. Será o próximo que vou comprar. :)

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