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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Naquela manhã

Naquela manhã eu estava cadastrando imóveis com um amigo, passávamos de casa em casa, até que, batemos à sua porta. Você abriu e nos recebeu muito educadamente. Fizemos toda a medição de sua residência, você sempre ao nosso lado, nos acompanhando, informando o que precisávamos saber. Daí terminei de fazer todo e esboço e fui embora com o meu amigo para a próxima casa.
Não, não foi assim.
Batemos em sua porta, você abriu. Explicamos a você sobre o nosso trabalho, e você gentilmente nos convidou a entrar. Fiquei encantado com tamanho encanto. Tudo em você me encantou naquele momento em que estávamos ao seu lado. Lá, fizemos todo o trabalho de cadastramento, você nos acompanhava, mas eu não conseguia parar de te olhar, era como se você tivesse o poder da atração.
Confesso que enrolei o quanto pude, a fim de ficar mais tempo ali te observando. Em certo momento, eu estava segurando uma prancheta e fazendo o esboço, quando você sentou ao meu lado e quis ver o que eu estava desenhando. Foi quando eu pude te ver melhor, ver que seus braços eram cheios de cabelinhos, seus olhos eram como uma jóia que nunca pára de brilhar, sua boca era a forma perfeita de um morango cortado, sua pele era o puro frescor das madrugadas da primavera, seus cabelos eram como o movimento das águas . Eu não poderia achar defeitos em você nem se os procurasse o dia inteiro. Sua beleza não consistia em arroubos estéticos, mas sim numa beleza campestre, singular. No entanto, mais do que sua forma física, o que me chamou mais a atenção em você foi sua simplicidade, sua educação, seu jeitinho meigo e doce.
Não me lembro bem sobre o que falamos, mas me lembro de que você me disse que pertencia a uma igreja, e até me fez um convite pra comparecer lá. Armadilha da memória, posteriormente não me recordava mais onde era. Sua mãe estava ali, mas não a vi, era como se o momento fosse só meu, de mais ninguém. Até meu amigo parecia não estar mais ali. Naquele instante, em meu mundo envolto em sua presença, se transformou numa fonte de paixão, um envolvimento com o belo e o inesperado.
Você não vai se lembrar, talvez nunca se lembre.
Ao sairmos dali, comentei com o meu amigo sobre você. Ele me aconselhou a voltar lá e te pedir o número de seu telefone, ou algo que fizesse manter contato, que não ficasse apenas em algo daquele momento. Voltamos a nos aproximar de sua casa, mas chegando perto da porta, recuei e fomos embora, levando comigo talvez a certeza de que não te veria mais.
Pra você, posso não ter passado de uma simples passagem, um aventureiro das circunstâncias. Pra mim foi um momento sublime, eterno. Foram menos de vinte minutos, minutos breves que te vi pela primeira e última vez. Vi você por pouco tempo, mas foi um tempo suficiente para não me esquecer de você.
Depois de alguns anos, imagino como você pode estar: casada, com filhos, talvez em outra cidade, ou sei lá, talvez esteja sozinha, morando na mesma casa. Mas acho que nada disso mais importa. Hoje não me recordo mais de seu rosto, ficou a forma, mas sumiu o semblante. Posso já ter te visto várias vezes por aí, mas o tempo tratou de me fazer esquecer de como você é. Olhos apaixonados só enxergam a forma, mas esquece os contornos.
Hoje eu sei que você ficou lá atrás no tempo, naquela casa, naquela manhã. 





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