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sexta-feira, 30 de abril de 2010

Fatores negativos dos relacionamentos amorosos.



Foi-se o tempo em que tudo era mais fácil num relacionamento entre um casal.
Antes, sabia-se que existia algo dentro das pessoas que as faziam crer em um compromisso sério. Mas hoje isso infelizmente mudou. Digo infelizmente porque tudo hoje mudou tão drasticamente a ponto de ter que parar e analisar onde chegou a humanidade na questão do relacionamento homem/mulher.
Não vou discutir aqui motivos que podem levar ao fim um relacionamento, mas alguns fatores que contribuem para que tudo em relação ao convívio conjugal se tornem ruins como estão. Não é preciso ir longe pra se verificar que tudo hoje gira em torno da incerteza, da ambição, dos desejos, da infidelidade, da canalhice, das palavras falsas.
Incerteza: Hoje é muito difícil encontramos casais muito felizes como víamos há pelo menos 20 anos atrás (claro que não existe nada 100%). Casais de namorados que hoje estão naquela de “meu amor”, “meu bem”, “minha paixão”, “meu encanto” parecem ser os menos propícios a darem certos. Com o mundo virado ao averso de hoje, nada mais garante que um relacionamento vá adiante. Há pessoas que, por passarem por tantas frustrações amorosas, já não acreditam mais no amor.
Ambição: O interesse “amoroso” em relação a quem tem dinheiro aumenta a cada dia mais. Muitas dessas pessoas se vendem em prol de uma vida “confortável”, na intenção prostituível de que alguém sustente seu luxo. Algumas dessas pessoas sabem que não estão sendo felizes ao lado de companheiros (as) arrogantes, violentos (as) infiéis, mas não se importam muito com isso, contanto que seu cartão de crédito esteja sempre com limites altos pra compras. Muitas dessas pessoas também são infiéis.
Desejos: A ciência chama de ninfomania, mas o termo popular poderia ser “safadeza” ou “descaração”, pessoas viciadas em sexo, que não agüentam ver uma folha de bananeira balançando que já pensam em sexo. Uma saia mais curta de uma mulher, ou um homem sentando de mal jeito já é o suficiente pra esses “ninfomaníacos” ficarem alvoraçados. Acho que isso é hoje reflexo de um mundo afundado em sua própria lama. Muitas pessoas só querem conhecer o outro pra irem direto pra motéis. Parecem animais irracionais que se entregam ao sexo selvagem, e a qualquer um. Mal sabem o nome do “parceiro (a)” e vão logo se entregando. Essas pessoas abrem mão de serem felizes ao lado de uma única pessoa (algumas até tem alguém, um trouxa que só serve pra dizer oficialmente que é o companheiro), pra ficarem em suas aventuras sexuais com desconhecidos. São pessoas vulgares e infelizes, e não passam disso.
Infidelidade: Já ouvi (e quem não ouviu?) falar de casos de homens que estão se matando no trabalho, enquanto suas mulheres estão em motéis ou outros lugares mantendo relações sexuais com outros homens. Há mulheres que estão pensando que os maridos estão viajando, mas esses estão em companhia de outras mulheres. Há casos de mulheres casadas ou comprometidas de outras formas (namoro, etc...) que mantêm relações sexuais com o montador do guarda-roupas, com o vendedor de seguros, com o técnico da antena de TV a cabo, com o chefe do trabalho, etc... Há homens que mantêm relações sexuais com a mulher ou filha do melhor amigo, com a manicure da esposa, com a colega do filho, etc. Pessoas infiéis logicamente não têm o direito de reclamar que estão sendo traídas. E cada um tem aquilo que merece (podia ter escolhido melhor). Pessoas infiéis são pessoas podres, e dessa podridão esse mundo está cheio.
Canalhice: Muito se sabe que a maioria das pessoas gostam de homens ou mulheres que não valem nada. Se sentem atraídas por pessoas cretinas, vagabundas, agressivas, mentirosas e infiéis. Portanto, todo sofrimento futuro na vida de quem escolhe pessoas ruins, não é nada mais que merecido, uma vez que sabiam (não são todos os casos) que a outra pessoa era ordinária. Homens e mulheres de boa índole têm por aí, mas são marginalizados, são ignorados e trocados pela pilantragem. Amigos e amigas minhas de bom caráter (os imprestáveis eu só considero conhecidos meu) me falam que não conseguem arrumar uma pessoa que seja direita, dizem que parece estar em extinção as pessoas corretas nesse mundo. Dê valor e procure conservar uma pessoa de bem quando estiver com ela, pois outras chances de encontrar alguém tão bom ou melhor pode não acontecer novamente.
Palavras falsas: Quem já não foi enganado (a) por palavras lisonjeiras, por galanteios de homens malandros ou mulheres fingidas? O que tem muito por aí são homens e mulheres que prometem mundos e fundos pra pessoas em busca da felicidade conjugal. Dizem palavras românticas, se descrevem como a personificação ideal do verdadeiro amor, a fim de seduzir suas vítimas, pra depois mostrarem suas verdadeiras faces. As pessoas (de bem, é lógico) estão sempre em busca de uma pessoa amável, carinhosa, fiel, romântica e sincera. Mas, à medida que o tempo passa, parece ser mais difícil encontrar pessoas com tamanhas qualidades. Em muitos casos uma pessoa correta não tem muita oportunidade de conhecer outra pessoa correta. E quando pensa que conheceu, descobre que não era nada daquilo que achava ser. É claro que é válido insistir e tentar achar uma pessoa que queira um compromisso sério, decente, e promissor. Não dê crédito a essas pessoas aventureiras que só querem “ficar” ou “paquerar”, essas pessoas têm suas vidas embaraçadas e por si só já mostram que não conseguem ter um equilíbrio emocional, social ou moral, e com isso só pensam em empatar suas próprias vidas e a vida de quem estão com elas.

Um conselho para as mulheres: Antes de ver a aparência física de um homem, procure conhecer primeiro a essência interior de cada um. Isso pode parecer hipocrisia de minha parte nesse momento, mas amanhã eu garanto que fará uma grande diferença em suas vidas.
Um conselho para os homens: Dêem valor a suas mulheres. Não troque sua mulher por campeonatos de futebol ou cervejada com os “amigos” nos finais de semana. Se você não está presente ao lado dela, ela vai se cansando disso, e uma coisa é certa: se você não der valor a sua mulher, seu vizinho da casa ao lado dará.



domingo, 25 de abril de 2010

Cidadão Kane



Eleito o melhor filme de todos os tempos pela crítica mundial, em especial pelo American Film Institute, Cidadão Kane é um dos maiores clássicos da história do cinema. Um filme absolutamente genial, diferente de tudo que já se viu. E olha que já se passaram quase 70 anos que ele foi lançado. Continua muito atual e original. Seu diretor Orson Welles que na época tinha apenas 26 anos de idade, foi considerado um gênio por ter dirigido, produzido, roteirizado e estrelado essa obra revolucionária.
Eram tempos de guerra (A Segunda Guerra Mundial), o mundo vivia um colapso, mas Hollywood não parou (Durante os seis anos de guerra, foram produzidos alguns dos melhores filmes da história, como por exemplo: ...E o Vento Levou, Casablanca, Pacto de Sangue, O Falcão Maltês e Cidadão Kane, entre muitos outros), e com isso suas produções eram ousadas e muitas delas a frente de seu tempo, como essa obra máxima de Welles que conta a fictícia história de Charles Foster Kane que de menino pobre, se torna um milionário e manipulador magnata da imprensa jornalística. O filme já começa com Kane morrendo, pouco depois de dizer sua última palavra: ROSEBUD. Um jornalista decide procurar pessoas relacionadas ao passado de Kane, a fim de descobrir o que significa tal palavra. Seria uma mulher? Uma loja? Uma cidade? Aos poucos, amigos, amantes, ex-funcionários e ex-esposas do magnata vão descrevendo quem era aquele homem que se tornou tão poderoso a ponto de interferir e mudar suas vidas.
Depois de sua morte, o filme começa com Kane ainda criança, sendo entregue pelos pais pra ser criado por um milionário. Já adulto, ele vai gerenciar o jornal e chama seus amigos pra ajudá-lo. Ganhando muito dinheiro, se torna um influenciável homem que se perde em suas próprias ambições. Não consegue manter o equilíbrio com a esposa, se deixa levar por amantes e vai perdendo as pessoas à sua volta. Ou será que as pessoas à sua volta no fundo não se importavam com ele?
Vemos com o passar do tempo, que Kane vive mergulhado numa solidão que o acompanha desde sua infância. Ele vive sempre reclamando, questionando, não se contenta com quase nada, mas ao mesmo tempo procura agradar sempre a mulher que ele diz ter amado. Kane não consegue disfarçar a frustração de sua vida, seus anseios não condizem com sua realidade de homem influente. Ele parece sempre querer gritar algo que está dentro dele, mas as pessoas não parecem querer ouvir. Num dialogo sobre a riqueza com o homem que o adotou, ele diz: “A mim só interessava as colherzinhas de prata”. Deixando subentender que nada daquela grandeza o preenchia.
Welles se inspirou (mesmo que negasse) na vida do magnata da imprensa William Randolph Hearst, para fazer o seu Cidadão Kane. Welles via na história desse homem, um riquíssimo material para começar a sua carreira cinematográfica. Mas Welles mal sabia que pagaria um preço muito alto por isso. Hearst quando soube do filme (ainda em fase de produção) tentou a todo custo impedir a sua estréia, não conseguindo, manipulou tudo e todos a sua volta para destruir o filme em sua divulgação. O magnata usou de seu poder nas comunicações pra acabar com Welles, tendo se irritado ainda mais por ter visto sua amante (a atriz) Marion Davies sendo retratada nas telas (no filme é uma cantora). Depois desse filme, Welles perdeu a confiança dos produtores (tudo por influência de Hearst) e só conseguiria terminar seus filmes através de muitos esforços seu e de seus amigos. Alguns desses filmes eam feitos fora dos E.U.A. Welles aceitava participações secundárias em alguns filmes pra conseguir dinheiro pra seus próprios filmes. A participação mais marcante em um filme que não era seu foi em O Terceiro Homem, um ótimo filme de 1949 dirigido por Carol Reed (Oscar de direção por Oliver! De 1968) e protagonizado pelo amigo Joseph Cotten que está além de Cidadão Kane, no filme posterior de Welles: Soberba (do ano seguinte).
Tudo em Cidadão Kane é revolucionário: roteiro brilhante com uma estrutura narrativa fragmentada, os movimentos de câmera com closes e elementos em segundo plano, os tetos pela primeira vez eram mostrados em um filme, o som capturava até o barulho das gotas da chuva, a excelente atuação de Welles, passando de jovem a idoso com uma naturalidade incrível. Tudo muito fantástico, um espetáculo de primeira linha. Mas engana-se quem pensa que a genialidade de Welles é fruto de um só filme. Em suas obras posteriores como Sobeba, Macbeth e A Marca da Maldade, ele imprime uma originalidade extraordinária. Suas participações em filmes de outros diretores também são marcantes, como em Moby Dick (1956, de John Huston) e O Homem Que Não Vendeu Sua Alma (1966, de Fred Zinnemann).
Há um documentário feito pela rede de tv PBS chamado A Batalha por Cidadão Kane no qual é relatado o conflito entre Welles e o magnata Hearst. É um documentário revelador e muito importante pra quem quiser saber mais sobre um dos momentos mais famosos e contundentes da história do cinema envolvendo um de seus maiores gênios. Curiosamente, foi feito também um documentário chamado Muito Além do Cidadão Kane, feito por uma rede de tv britânica que surpreendentemente fala sobre a Rede Globo e seu poder de manipulção, onde seu fundador Roberto Marinho é comparado à Charles Forster Kane (manipulador da opinião pública, viram a semelhança?).
Cidadão Kane concorreu a 10 Oscars, mas só ganhou o prêmio de roteiro original (Welles em parceria com Herman J. Mankiewicz, irmão de Joseph Mankiewicz, o diretor de A Malvada e Cleópatra, entre outros), perdendo melhor filme e direção pra Como Era Verde Meu Vale (um bom filme de John Ford, mas que evidentemente é inferior à obra de Welles). Dizem que isso foi por influência de Hearst. Mas uma coisa nós sabemos: William Randolph Hearst só é lembrado hoje por algumas pessoas em sua localidade, mas Orson Welles entrou pra história do cinema como um dos maiores gênios de todos os tempos.
O final é um dos mais surpreendentes e reflexivos da história, onde é revelado o segredo da palavra ROSEBUD.


Nota: 5 de 5

titulo original: Citizen Kane

lançamento: 1941 (EUA)

direção: Orson Welles

Atores: Orson Welles, Joseph Cotten, Dorothy Comingore, Agnes Moorehead, Ruth Warrick, Ray Collins

duração: 119 min

gênero: Drama

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Câncer: a doença da morte

A medicina diz que o câncer pode ser causado através “do meio ambiente e aos hábitos ou costumes próprios de um ambiente social e cultural. As causas internas são, na maioria das vezes, geneticamente pré-determinadas, estão ligadas à capacidade do organismo de se defender das agressões externas. Esses fatores causais podem interagir de várias formas, aumentando a probabilidade de transformações malignas nas células normais”.
De uma coisa eu sei: hoje, eu particularmente não acredito mais em cura medicinal para o câncer. Não direi aqui o motivo de tanto ceticismo, mas tenho motivos de sobra pra dizer que uma pessoa hoje com câncer é uma pessoa já considerada morta. Sei que Deus tem o poder de curar uma pessoa da pior enfermidade do mundo, mas, se não houver a intervenção divina em salvar tal pessoa, quem está com essa doença oncológica está fadada à morte certa. De alguns tempos pra cá, tenho visto apenas uma porcentagem de uns 5% de pessoas com essa doença, sobreviverem. Esses 5% por outro lado não têm garantia que essa doença tão traiçoeira não virá com força total mais cedo ou mais tarde e deixará de dar uma segunda chance.
O câncer (ou cancro, como é conhecido em alguns meios) é uma doença que envolve as células do corpo. Essas células quando cancerígenas, se estendem, invadem e danificam tecidos e órgãos ao redor, atingindo a corrente sanguíneo ou o sistema linfático.
Em Portugal essa doença é a segunda maior causa de morte no país, chegando a matar cerca de 22 mil pessoas por ano.
Uma vez, uma mulher com cerca de 50 anos com um tom de deboche aos que sucumbem em uma cama com doenças desse tipo, me disse o seguinte:
“Quero morrer em paz na minha cama, sem dor, e tranquilamente”.
Mas talvez ela não saiba, devido à sua tamanha ignorância, que ninguém escolhe essas doenças pra si (exceto fumantes e alcoólatras), e que ninguém desejaria morrer sofrendo. Essa pobre infeliz talvez não saiba que essa doença não sai escolhendo as pessoas pra atacar. Nem ela e nem ninguém está livre disso. E sendo assim, que Deus tenha misericórdia de todos nós.

domingo, 11 de abril de 2010

Amantes




O amor é feito de ocasiões? É possível um homem gostar de duas mulheres ao mesmo tempo? Por que damos mais valor ao que é proibido? Essas são algumas das perguntas que o protagonista desse Os Amantes certamente teria pra fazer. Leonard Kraditor é um homem trintão que mora no apartamento dos pais e trabalha para eles em uma lavanderia. Leonard carrega em si um trauma do passado, um trauma amoroso que o faz se sentir amargurado. Ao se jogar de uma ponte no início do filme, ele é salvo e volta pra casa, após essa frustrada e infeliz tentativa de tirar a própria vida, ele volta pra casa. Um casal, amigos de seus pais, vai a sua casa e lhes apresenta sua filha, no intuito de formar ali um relacionamento arranjado entre ele e a jovem. Começa um namoro que poderá melhorar bastante a vida de Leonard: a moça gosta muito dele, os pais dela apóiam, juntamente com seus pais também. O que poderia dar errado? Resposta: A nova vizinha do prédio, uma moça meiga e comunicativa que logo fisga o coração de Leonard, fazendo que ele se apaixone de imediato por ela. Mas eis que sua nova paixão não é uma mulher desimpedida, mas namora um homem que ainda por cima é casado.
Começa aí um triângulo amoroso que poderá trazer conseqüências dolorosas pra Leonard. Sua namorada (Vinessa Shaw de Os Indomáveis) gosta dele, e ele gosta da vizinha (Gwyneth Paltrow de Shakespeare Apaixonado). Pode parecer uma história batida, afinal quanto filmes já não vimos sobre triângulos amorosos. Mas esse aqui tem uma diferença, ele não carrega tanto na história de amor, mas sim no drama de um homem que só quer amar e ser amado.
O protagonista, feito pelo ótimo ator Joaquin Phoenix (Gladiador) é um homem amargurado e ao mesmo tempo disposto a mudar isso em sua vida, como fica claro na cena em que ele sai com a vizinha e suas amigas. É muito triste a cena em que Leonard conversa com seu futuro sogro no escritório, e sabemos das reais intenções dele. O filme nos mostra que um triângulo amoroso pode trazer graves conseqüências para os envolvidos.
Dirigido com habilidade por James Gray, um diretor especialista em dramas policiais como Os Donos da Noite (também com Phoenix), Amantes é um frio cheio de nuances realistas; difícil não se identificar com essa história que poderia estar acontecendo conosco, com um amigo ou com o vizinho do lado.
Mas não seria o filme que é se não fosse a força de seu elenco, em particular Phoenix, que aparece praticamente em todas as cenas. Phonix é um ator completo, compõe um personagem difícil e se sai muito bem.
O final é de um impacto formidável, nos mostra que o amor pode ser algo feito de momento, ocasional. Depois que terminamos de assistir, ficamos com a sensação de que algo mudou em nossa concepção em relação ao amor.
Um dos melhores filmes lançados no ano passado.




Nota: 5 de 5

titulo original: Two Lovers

lançamento: 2008 (EUA)

direção: James Gray

Atores: Joaquin Phoenix, Gwyneth Paltrow, Vinessa Shaw, Isabella Rossellini, Elias Koteas, Moni Moshonov

duração: 110 min

gênero: Drama

sábado, 10 de abril de 2010

A hora certa de cair fora de uma conversa

Você está no msn teclando com uma pessoa, o papo está indo mais ou menos assim:

VOCÊ: ...E como foi o seu dia?
A OUTRA PESSOA: Bem.
VOCÊ: Que bom. Você se divertiu bastante no final de semana?
A OUTRA PESSOA: Sim.
VOCÊ: Que bom. Fez o que de bom?
A OUTRA PESSOA: Muitas coisas.
VOCÊ: Legal. Assistiu algum filme por esses dias?
A OUTRA PESSOA: Não.
VOCÊ: Eu fiquei em casa, não saí.
A OUTRA PESSOA: Rsrsrs.
...

Quando você estiver conversando com uma pessoa, seja virtual ou pessoalmente, e essa pessoa responder apenas coisas do tipo: "sim", "não", "bem", "mal", "ok", "rsrs" (às vezes eu prefiro que a pessoa fique em silêncio do que ficar respondendo "rsrs" em todas as perguntas feitas, dá um ar de quem está dando pouca importância prá você), e não perguntar quase nada, saiba que é a hora certa de você cair fora do papo e se mandar.
Você obviamente já percebeu que essa pessoa que está teclando ou falando com você na verdade só está sendo formal e nada mais, quase lhe dando um sinal de que você já se encontra na lista de futuros excluídos dela.

É péssimo passar por isso, ser a pessoa que mais fala e a outra só responder (e monossilabicamente).
Mas se você não gosta que façam isso com você, pense duas vezes antes de fazer isso com alguém, ok?


sexta-feira, 9 de abril de 2010

Marvels


Lançada em janeiro de 1995, Marvels é uma HQ (História em quadrinhos) muito interessante por ter sido além de outras coisas, a primeira a mostrar personagens com traços mais realistas, cortesia do genial desenhista Alex Ross que desenha quase tudo à base de fotografias e modelos reais e brinquedos. Sua arte é incrível, difícil não ficar admirado com seus desenhos, uma verdadeira obra de arte. A história escrita por Kurt Busiek faz um panorama de décadas sobre os personagens da Marvel (Uma das editoras de quadrinhos mais famosas do mundo), e seus principais momentos. Saiu primeiramente em 4 edições mensais, a primeira edição vinha com a capa do Tocha Humana original, mostrando primeiramente sua origem, e depois começando a narração pelo ponto de vista do fotógrafo Phil Sheldon (isso acompanha toda a série). Daí vemos a primeira aparição do Namor e sua luta com o Tocha Humana. Logo depois o Capitão América surge e dá início ao grupo dos Vingadores. É com esse grupo que termina a primeira edição e começa a segunda, tendo como capa o Anjo dos X-Men, e é esse grupo mutante o foco principal dessa segunda parte, onde eles são perseguidos pelos humanos, há uma revolta coletiva na cidade contra eles, tudo fotografado pelas lentes de Sheldon. Inversamente a eles, o Quarteto Fantástico vira celebridade nacional. Na terceira edição, uma ameaça alienígena aterroriza o planeta Terra. Galactus, o devorador de mundos quer consumir tudo, mas o Surfista Prateado, até então seu subordinado, se volta contra ele e ajuda o Quarteto Fantástico a combatê-lo. Na quarta e última edição, temos a parte mais dramática da obra, quando Sheldon procura Gwen Stacy (Namorada de Peter Parker, o Homem-Aranha) pra saber sobre a morte de seu pai, o Duende Verde numa vingança contra o Aranha usa a moça numa armadilha. Na luta entre o Aranha e o Duende, Gwen sofre uma queda mortal, terminando em tragédia.
Ainda mais do que o ótimo roteiro de Busiek, o q mais impressiona é a arte de Ross. Ele reproduz com fidelidade vários momentos clássicos das HQs; leitores com um bom entendimento sobre o assunto vê logo de cara cada referência aos momentos mais marcantes da Marvel, um bom exemplo é quando o Aranha carrega Gwen Stacy morta em seus braços.
Além disso, há muitas outras curiosidades na arte de Ross, vamos à algumas delas: O artista utilizava amigos, os próprios pais e bonecos como modelos. Ross se baseou também em celebridades como Errol Flynn e Timothy Dalton entre outros. Personagens como Clark Kent e Popeye também estão aqui, lógico que discretamente. Até mesmo o próprio roteirista Busiek posou pra Ross. Há situações históricas que se interagem com o enredo da obra.
Logo após, Ross desenharia pra editora concorrente DC Comics, outras obras marcantes: O Reino do Amanhã e Superman – Paz na Terra, entre outras. Marvels firmou um novo conceito de como se fazer HQs, e se tornou uma referência para várias obras posteriores.
No último volume das edições lançadas em 1995, Ross fez um agradecimento que se tornou famoso:

“Eu não gostaria de agradecer a ninguém, pois todos estavam contra mim.”

Na edição encadernada de alguns anos depois já não havia mais esse agradecimento.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Uma vela para Dario

Uma Vela para Dario é um conto de Dalton Trevisan, no qual se tornou mais conhecido do público literário quando Ítalo Moriconi o selecionou pra fazer parte de Os cem melhores contos brasileiros do século. É um texto curto e direto, que fala de um homem chamado Dario que passa mal, senta numa calçada em meio a algumas pessoas que o socorre superficialmente e a seguir morre ali mesmo. Diferente do que se poderia imaginar, tudo só fica pior para aquele falecido homem na calçada. As reações e atitudes das pessoas são equivocadas e algumas delas de forma bastante discutíveis. Tudo se precipita ao pior em relação ao pobre homem que jaz morto ali naquela calçada: seu guarda-chuva e cachimbo já não se encontram mais ali; alguns chegam a coloca-lo em um táxi, mas pensando bem, quem pagaria a conta? Questionam eles. Até o relógio do morto é levado; enquanto isso, largado na porta de uma peixaria, as moscas não o deixam em paz. Sem dinheiro na carteira, só descobrem o seu nome e endereço que era de outra cidade. Um senhor tira o paletó de Dario para o encostar a cabeça, mas logo depois nem paletó se vê mais, e nem a aliança que o morto carregava no dedo. A única boa ação dentre os mais de duzentos curiosos que estão ali, vem de um menino de rua que lhe acende uma vela. Mas aos poucos, com as gotas da chuva, a vela vai se apagando.
Trevisan cria aqui um dos textos mais amargos que se tem notícia. Retratando o ser humano como uma espécie individualista e preocupados apenas com a superficialidade dos fatos, sem nunca ter realmente uma atitude de dor e sentimento pelo próximo Lendo esse conto, nos vem a mente a comparação com os tempos em que vivemos, onde muitos por aí se preocupam apenas com o próprio umbigo. E além de não ajudar, acabam por tirar o que ainda resta do outro. Mas como um sopro de esperança, o autor nos traz um menino com uma vela (também uma metáfora, simbolizando uma luz no fim do túnel, mostrando que nem tudo está perdido) eu se sensibiliza com tudo aquilo; um menino pobre, de pés descalços, mostrando que a ajuda (mesmo que algo tardio e sem muita utilidade) pode vir dos menos favorecidos financeiramente e não dos que realmente têm condições de fazer algo mais.
Fica aí a dica: Quem não conhece, procure conhecer esse conto pequeno em tamanho mas grande na pretensão em mostrar as hipocrisias humanas. Uma ótima leitura.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

A Paixão de Cristo




Já foram feitos inúmeros filmes sobre a vida de Cristo, desde obras que desrespeitam sua história: A Última Tentação de Cristo dirigido por Martin Scorsese em 1988 e Jesus, um péssimo telefilme de 1999, até obras abrangentes: O Rei dos Reis, dirigido por Nicholas Ray em 1961, A Maior História de Todos os Tempos, dirigido por George Stevens em 1965 e Jesus de Nazaré (o maior de todos em duração, cerca de 5 horas), realizado por Franco Zeffirelli em 1977 e preferido pela comunidade cristã em muitos países. Até mesmo um ateu já dirigiu um filme sobre a vida de Cristo, foi o italiano assumidamente homossexual Píer Paolo Pasolini e o seu O Evangelho Segundo São Mateus em 1964. Porém, a obra de Pasolini ao contrário do que se esperava de um diretor polêmico como ele, não desagradou, muito pelo contrário, foi vista como um dos melhores filmes sobre o tema já realizados.
Em 2004, o ator e diretor americano (não australiano como muitos pensam) Mel Gibson realizou o mais polêmico de todos, o violento A Paixão de Cristo. Gibson é católico fervoroso, e pretendeu mostrar nas telas o que segundo ele são “As últimas 12 horas da vida de Cristo”. Cristo é preso, negado por Pedro, julgado e condenado à morrer na cruz (assassinos e malfeitores eram mortos na cruz na era do Império romano). Gibson pretendeu mostrar que o único homem perfeito da face da terra sofreu torturas como ninguém antes de ser pregado numa cruz e morrer, em conseqüência de acusações de coisas que ele nunca foi ou fez em toda a sua vida. O filme t
em flashbacks que mostram passagens como a infância de Cristo, sua mocidade, o Sermão da Montanha, a convivência com a sua mãe e o encontro com os discípulos, num paralelo com as cenas do sofrimento. Ali por perto está Judas, atormentado por estranhas figuras que o perseguem (aqui serve como uma metáfora da culpa da traição) e que ocasionalmente o levam a cometer suicídio.
As cenas do sofrimento de Cristo e toda sua peregrinação com a cruz nas costas até chegar ao Calvário são o ponto alto do filme, porém, também é o que há de mais discutível. Ponto alto por que Gibson mostra cenas chocantes de violência que fazem filmes sangrentos por aí parecerem comédias. Ele filma tudo como se realmente aquilo de fato estivesse acontecendo no momento em que assistimos. São cenas fortes, de grande impacto, que causam a comoção de quem as vê. Agora vou dizer por que são discutíveis, fazendo algumas perguntas que o filme não responde: Por que Cristo sofreu tanto ali? Por que há tantas revoltas entre aquele povo? Por que os discípulos e pessoas que ali estão sofrem tanto com as dores de Jesus naquele momento, inclusive Maria Madalena? Às vezes temos a impressão que estamos assistindo a apenas uma parte final de um filme, como se a obra tivesse três partes por exemplo, e estivéssemos assistindo a última parte. Por isso, é discutível por que se perde muito tempo com cenas violentas (alguns dirão que são cenas necessárias, porém seria de maior importância mostrar por que Cristo sofreu tanto, o que levou a tudo isso, quais os motivos que o levaram a ser alvo do ódio daqueles judeus.
Alguns dizem que Pôncio Pilatos foi “humanizado” demais por ser romano, uma referência à igreja católica apostólica romana. Satanás é mostrado na figura de uma mulher que às vezes se metamorfoseia a uma cobra (o que Gibson pretendia mostrar com isso não se sabe). Porém, o que muitos também não sabem é que Gibson se baseou nos relatos da freira alemã Anne Catherine Emmerich (1774-1824), que segundo ela escreve em seu livro, teria tido algumas visões sobre os últimos momentos de Cristo a caminho da crucificação. Estudiosos apontam uma série de passagens no filme que não constam nas Escrituras. Mas como é de cinema (onde é comum se romancear os fatos) que estamos falando, não cabe aqui mencioná-los.
Mas uma coisa é certa: nos dias de hoje onde impera a falta de vontade de se conhecer melhor sobre Cristo, era de fortíssima importância que um filme desse porte mostrasse com mais ênfase e não em flashbacks a vida do maior homem da história da humanidade. Seus ensinamentos, sua vida purificada sem pecado, suas parábolas, seu real motivo de mostrar aos homens que o pecado só leva a um caminho: a morte eterna. Isso, a produção milionária de Mel Gibson não mostrou e deixa a impressão que é uma produção com propósitos maiores de emocionar e assim levar mais pessoas aos cinemas. Aliás conseguiu: Essa é uma das cem maiores bilheterias da história do cinema.
Mel Gibson foi acusado de ser anti-semita, e causaria uma forte onda de problemas ligados a isso que quase arruinaria sua carreira. Ele começou fazendo filmes na Austrália, ficando famoso com as séries cinematográficas Mad Max e Máquina Mortífera. Seu primeiro trabalho na direção foi em 1993 com O Homem sem Face. Ganhou os Oscar de filme e direção por Coração Valente, de 1995. Seu filme seguinte depois de A Paixão de Cristo é Apocalypto, em que uma tribo da civilização Maia de séculos atrás é invadida, muitos deles são massacrados e outros mantidos prisioneiros; um dos sobreviventes tenta a todo custo escapar pra tentar salvar a vida de sua esposa e filho. Esse filme tem duas características que Gibson utilizou em A Paixão de Cristo: A extrema violência e a língua original do povo retratado, enquanto em sua aventura dos povos Maias, ele usa a linguagem original, Em A Paixão de Cristo são usados as verdadeiras linguagens da época: aramaico, latim e hebraico. Portanto, nada de dublagens, nem mesmo no DVD.
Felizmente Gibson acerta na cena chave, justamente no final quando ele mostra a ressurreição, de forma bastante cuidadosa e emocionante.
Como cinema é um filme extremamente bem feito, com ótima reconstituição de época e atores cumprindo bem suas funções. O americano Jim (ou James) Caviezel interpreta o Messias, Maria Madalena é feita pela italiana Mônica Bellucci. O restante do elenco são de nomes pouco conhecido. Teve três indicações ao Oscar: melhor fotografia, melhor trilha sonora e melhor maquiagem.




Nota: 3 de 5


titulo original: The Passion of the Christ

lançamento: 2004 (EUA)

direção: Mel Gibson

Atores: • James Caviezel, Maia Morgenstern, Monica Bellucci, Hristo Jivkov, Hristo Shopov

duração: 126 min

gênero: Drama