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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Todos os vencedores do Oscar de melhor filme



O ano de 1929 ficou marcado no cinema por ter sido o ano em que o prêmio Oscar (o mais importante da história da Sétima Arte) foi criado para celebrar os melhores do ano. De lá pra cá, a Academia vem premiando todos os especialistas da área de cinema. Coloco aqui a lista completa de todos os vencedores ao Oscar de melhor filme. Assisti a todos eles, e posso dizer que muitos desses filmes foram premiados merecidamente, mas também há aqueles que nem de longe mereciam estar nessa lista. O ano citado diz respeito ao ano da premiação, e não o ano de produção do filme. Vale a pena conhecer a lista e os filmes.


1929 - Asas (Wings) – Cenas aéreas muito bem feitas – Nota 4 de 5
1930Melodia na Broadway (The Broadway Melody) – Musical sem tantos atrativos – Nota 3 de 5
1931Sem Novidades no Front (All Quiet on the Western Front) – Anti-Guerra excepcional – Nota 5 de 5
1932Cimarron (Cimarron) – Épico de faroeste – Nota 4 de 5
1933Grande Hotel (Grand Hotel) – Muitas estrelas e pouco conteúdo – Nota 3 de 5
1934Cavalgada (Cavalcade) – Drama sem muita novidade – Nota 3 de 5
1935Aconteceu Naquela Noite (It Happened One Night) – Ótima comédia otimista – Nota 5 de 5
1936O Grande Motim (Mutiny on the Bounty) – Bela reconstituição de época – Nota 5 de 5
1937Ziegfeld, o Criador de Estrelas (The Great Ziegfeld) – Musical esplendoroso – Nota 5 de 5
1938A Vida de Emile Zola (The Life of Emile Zola) – Bela biografia de um gênio – Nota 4 de 5
1939Do Mundo Nada se Leva (You Can’t Take It With You) – Comédia de estilo – Nota 4 de 5
1940...E o Vento Levou (Gone With The Wind) – O maior de todos os clássicos – Nota 5 de 5
1941 Rebecca, a Mulher Inesquecível (Rebeca) – Suspense psicológico genial – Nota 4 de 5
1942Como Era Verde Meu Vale (How Green Was My Valley) – Memórias da infância – Nota 4 de 5
1943Rosa de Esperança (Mrs. Miniver) – Ótima “propaganda” de guerra – Nota 4 de 5
1944Casablanca (Casablanca) – O romance perfeito – Nota 5 de 5
1945O Bom Pastor (Going My Way) – Ótimo mistura de drama e música – Nota 4 de 5
1946Farrapo Humano (The Lost Weekend) – O alcoolismo e suas conseqüências – Nota 5 de 5
1947Os Melhores Anos de Nossas Vidas (The Best Years of Our Lives) – Marcas de uma guerra – Nota 5 de 5
1948A Luz É Para Todos (Gentleman’s Agreement) – O anti-semitismo e a sociedade – Nota 4 de 5
1949Hamlet (Hamlet) – Shakespeare num clássico absoluto – Nota 5 de 5
1950A Grande Ilusão (All the King’s Men) – Retrato da sujeira política – Nota 4 de 5
1951A Malvada (All About Eve) – O melhor filme sobre o teatro – Nota 5 de 5
1952Sinfonia de Paris (An American in Paris) – Um musical alegre e deslumbrante – Nota 5 de 5
1953O Maior Espetáculo da Terra (The Greatest Show on Earth) – O circo em superprodução – Nota 4 de 5
1954À Um Passo da Eternidade (From Here to Eternity) – Pearl Harbor e suas histórias – Nota 5 de 5
1955Sindicato de Ladrões (On The Waterfront) – Show de interpretações – Nota 5 de 5
1956Marty (Marty) – O amor não tem idade – Nota 4 de 5
1957A Volta ao Mundo em 80 Dias (Around the World in 80 Days) – Clássico da literatura ganha as telas – Nota 4 de 5
1958A Ponte do Rio Kwai (The Bridge on the River Kwai) – Superprodução de guerra – Nota 5 de 5
1959Gigi (Gigi) – Musical sem muita força – Nota 3 de 5
1960 Ben-Hur (Ben-Hur) – Épico dos épicos – Nota 5 de 5
1961Se Meu Apartamento Falasse (The Apartment) – Segredos e revelações – Nota 4 de 5
1962Amor Sublime Amor (West Side Story) – O maior dos musicais – Nota 5 de 5
1963Lawrence da Arabia (Lawrence of Arabia) – Épico excepcional – Nota 5 de 5
1964As Aventuras de Tom Jones (Tom Jones) – Comédia com toques de romance – Nota 4 de 5
1965Minha Bela Dama (My Fair Lady) – Musical com bastante elegância – Nota 4 de 5
1966 A Noviça Rebelde (The Sound of Music) – Músicas inesquecíveis – Nota 5 de 5
1967O Homem que Não Vendeu Sua Alma (A Man for All Seasons) – Até o fim pelos ideais – Nota 5 de 5
1968No Calor da Noite (In the Heat of the Night) – Justiça e preconceito se encontam – Nota 4 de 5
1969Oliver! (Oliver!) – Charles Dickens em forma de musical – Nota 4 de 5
1970Perdidos na Noite (Midnight Cowboy) – Desilusão e solidão lado a lado – Nota 4 de 5
1971Patton, Rebelde ou Herói? (Patton) – A Guerra e seu preço – Nota 4 de 5
1972Operação França (The French Connection) – Policial ultra-realista – Nota 5 de 5
1973O Poderoso Chefão (The Godfather) – O melhor sobre a máfia – Nota 5 de 5
1974Golpe de Mestre (The Sting) – A sorte está lançada – Nota 4 de 5
1975 O Poderoso Chefão 2 (The Godfather Part II) – O épico continua – Nota 5 de 5
1976 Um Estranho no Ninho (One Flew Over the Cuckoo’s Nest) – A liberdade em discussão – Nota 5 de 5
1977Rocky, Um Lutador (Rocky) – O sonho americano realizado – Nota 4 de 5
1978 Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (Annie Hall) – Alegrias e tristezas do amor – Nota 5 de 5
1979O Franco-Atirador (The Deer Hunter) – Cicatrizes da guerra – Nota 5 de 5
1980Kramer vs. Kramer (Kramer vs. Kramer) – Tribunal entre família – Nota 4 de 5
1981Gente Como a Gente (Ordinary People) – A dor da perda – Nota 4 de 5
1982Carruagens de Fogo (Chariots of Fire) – Superação e limites – Nota 4 de 5
1983Gandhi (Gandhi) – A liberdade pela não-violência – Nota 4 de 5
1984Laços de Ternura (Terms of Endearment) – Conflitos em família – Nota 4 de 5
1985Amadeus (Amadeus) – Genialidade e rebeldia – Nota 5 de 5
1986 Entre Dois Amores (Out of Africa) – Romance proibido – Nota 4 de 5
1987 Platoon (Platoon) – O inimigo pode estar entre nós – Nota 5 de 5
1988O Último Imperador (The Last Emperor) – Superprodução sobre a decadência – Nota 5 de 5
1989Rain Man (Rain Man) – Superando as diferenças – Nota 4 de 5
1990Conduzindo Miss Daisy (Driving Miss Daisy) – A velhice e seus dramas – Nota 4 de 5
1991Dança com Lobos (Dances With Wolves) – O homem em busca de si mesmo – Nota 5 de 5
1992 O Silêncio dos Inocentes (The Silence of the Lambs) – Medo e tensão na forma humana – Nota 5 de 5
1993 - Os Imperdoáveis (Unforgiven) – O passado nem sempre é esquecido – Nota 5 de 5
1994A Lista de Schindler (Schindler’s List) – O melhor retrato sobre o Holocausto – Nota 5 de 5
1995Forrest Gump, o Contador de Histórias (Forrest Gump) – Limitações podem ser superadas – Nota 5 de 5
1996Coração Valente (Braveheart) – Luta pela liberdade – Nota 4 de 5
1997 O Paciente Inglês (The English Patient) – Um amor resiste à Guerra – Nota 4 de 5
1998Titanic (Titanic) – Nada poderia separá-los? – Nota 5 de 5
1999Shakespeare Apaixonado (Shakespeare in Love) – O gênio e seus amores – Nota 5 de 5
2000Beleza Americana (American Beauty) – Desmacarando as convenções – Nota 5 de 5
2001Gladiador (Gladiator) – O escravo que virou gladiador – Nota 4 de 5
2002 Uma Mente Brilhante (A Beautiful Mind) – Alucinações de um gênio – Nota 4 de 5
2003Chicago (Chicago) – O ultimo grande musical – Nota 5 de 5
2004 O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei (Lord of the Rings – The Return of the King) – Conclusão de uma grande trilogia – Nota 5 de 5
2005 Menina de Ouro (Million Dollar Baby) – Sonho realizado e perdido – Nota 4 de 5
2006Crash – No Limite (Crash) – Drama forçado que não empolga tanto – Nota 3 de 5
2007 - Os Infiltrados (The Departed) – Os dois lados da lei em conflito – Nota 4 de 5
2008Onde os Fracos Não Têm Vez (No Country for Old Men)A violência brutal – Nota 5 de 5
2009 Quem Quer Ser um Milionário? (Slumdog Millionaire) Em busca do sucesso – Nota 3 de 5
2010 Guerra ao Terror (The Hurt Locker) - O inimigo sem rosto – Nota 4 de 5
2011 - O Discurso do Rei (The King's Speech) - Superação e determinação - Nota 5 de 5

domingo, 26 de dezembro de 2010

A Montanha dos Sete Abutres



Um jornalista chega à pequena província de Albuquerque no Novo México, e convence o dono de um jornal a lhe dar emprego. Esse jornalista é Charles Tatum (Kirk Douglas), homem inescrupuloso e manipulador, que já foi despedido de vários jornais de prestígio pelas mais diversas razões. Um ano se passa sem que Tatum consiga uma grande reportagem que seria seu passaporte para sair dali e voltar a fazer parte dos grandes jornais de Nova York ou Chicago. Mas acaba surgindo uma oportunidade, quando seu chefe lhe manda juntamente com um jovem fotógrafo a um lugarzinho ali perto pra cobrir uma reportagem sobre cascavéis soltas. Mas a caminho, Tatum descobre que algo mais “atrativo” está acontecendo. Um homem ficou preso em uma velha mina indígena que desmoronou. O esperto jornalista prepara todo seu arsenal para que tudo se transforme em uma grande notícia. Começa então um grande show, um festival de sensacionalismo que envolve a visita ao local de milhares de pessoas, parques de diversão, circo, música ao vivo, e outros jornalistas da imprensa e TV afim de não deixar escapar nenhum detalhe, demonstrando assim a necessidade que muita gente tem em se sentir bem perante a desgraça de outros.
Tatum joga as cartas na mesa e se mostra dono do jogo. Manipula o xerife local (que é corrupto), prometendo-lhe a reeleição, em troca da garantia de que ninguém atrapalhará sua cobertura jornalística; obriga a esposa da vítima (a bela Jan Sterling) a se fazer de mulher desconsolada, sendo que esta só quer mesmo é lucrar com as vantagens que o show lhe proporciona, e descarta tudo que lhe é desfavorável nesse “circo” criado por ele. A influência de Tatum se torna tão grande ali, que em certo momento ele obriga que o trabalho de salvamento do homem soterrado não seja feito por dentro da mina (esse processo seria rápido, e isso consequentemente faria com que o show terminasse logo), mas através de uma escavadeira por cima da montanha, prolongando assim o que poderia ser algo bem mais rápido.
O diretor Billy Wilder ao dirigir A Montanha dos Sete Abutres sabia que estaria com isso, mexendo com casa de abelhas, ou melhor, mexendo com a imprensa. A mesma imprensa que pode elevar ou destruir a carreira de um filme nos cinemas. E foi isso que aconteceu, o filme de Wilder foi um grande fracasso. Mas, diga-se de passagem, que foi um fracasso injusto, porém, o tempo passou e o transformou em uma das obras-primas do cinema. Nunca o sensacionalismo foi visto no cinema de forma tão abrangente e lúcida. No também brilhante Rede de Intrigas (1976), o diretor Sidney Lumet expõe uma situação parecida, porém neste, critica-se o papel do sensacionalismo da TV. Em Paixões que Alucinam (1962). Samuel Fuller moostra a história de um jornalista que, na ânsia de ganhar o prestigiado prêmio Pulitzer, se finge de louco pra ficar por uns tempos em um manicômio e assim descobrir quem foi o assassino de um dos internos. Em 1940, o excelente diretor Howard Hawks mostra em Jejum de Amor a história de jornalistas que correm atrás da notícia, em especial alguma novidade sobre um homem acusado de um crime que está sendo condenado à forca. Mesmo que seja uma comédia “ligeira”, Hawks não deixa de dar umas alfinetadas, criticando a imprensa marrom.
Em Impacto Profundo, numa das cenas, um homem afetado por uma reportagem chega pra uma repórter e pergunta: “Antes de você ser repórter, você era um ser humano”? . Se a imprensa algumas vezes detona o cinema, o cinema em algumas ocasiões também não deixa por menos.
Mas A Montanha dos Sete Abutres não seria tão esplêndido se não fosse pela direção magistral de Billy Wilder e a excepcional atuação de Kirk Douglas. Wilder era um diretor versátil, dirigiu filme noir (Pacto de Sangue), dramas (Farrapo Humano, crepúsculo dos Deuses), drama de guerra (Inferno nº. 17), comédias (Sabrina, O Pecado Mora ao Lado, Quanto Mais Quente Melhor, Se Meu Apartamento Falasse), filme de tribunal (Testemunha de Acusação), voltou a falar do jornalismo em A Primeira Página. Kirk Douglas é um dos maiores atores de Hollywood, nunca vi uma atuação fraca de Douglas, e sempre se deu bem em todos os gêneros. Trabalhou com os mais respeitados diretores, entre eles: William Wyler (Chaga de Fogo), Vincente Minnelli (Assim Estava Escrito, Sede de Viver), Stanley Kubrick (Glória Feita de Sangue, Spartacus), Joseph L. Mankiewicz (Quem é o Infiel?, Ninho de Cobras), entre outros.
Em alguns cursos de Jornalismo e Comunicação Social, esse filme é muito comentado e discutido, até mesmo porque o próprio diretor Wilder já fora jornalista antes de entrar pra Sétima Arte. Se algum estudante dessa área ainda não assistiu A Montanha dos Sete Abutres, procure conhecer, certamente será mais um pilar para a matéria que envolve Sensacionalismo.
A Montanha dos Sete Abutres tem uma ótima história (foi indicado ao Oscar de Roteiro Original, aliás, sua única indicação), diálogos brilhantes, personagens fortes. Reparem que durante todo o filme só vemos três pessoas corretas: o pai da vítima, a mulher que reza e o dono do jornal em que Tatum pediu emprego; de resto, só vemos pessoas egoístas e manipuladoras. Em certo momento, Tatum diz ao seu editor: “Se não aparece uma notícia, eu saio na rua e mordo um cachorro”.
Todo o sensacionalismo e “importância” dados aos mineiros presos em uma mina no Chile esse ano, foi um exemplo de que a obra de Wilder não envelheceu, continua mais atual do que há quase 60 anos.



Nota: 5 de 5

Título original: Ace in the Hole

Lançamento: 1951 (EUA)

Direção: Billy Wilder

Elenco: Kirk Douglas, Jan Sterling, Porter Hall, Robert Arthur, Frank Cady

Duração: 111 minutos

Drama

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Um Conto de Natal, de Charles Dickens




O escritor inglês Charles Dickens se tornou famoso por obras como Oliver Twist, David Copperfield, Grandes Esperanças e Um Conto de Duas Cidades, mas nenhuma delas é mais querida pelo público do que Um Conto de Natal. Escrito em 1843, Um Conto de Natal (também chamado aqui no Brasil de Um Cântico de Natal) é a obra literária mais famosa sobre o Natal, sendo muito imitado e adaptado ao longo dos anos. Conta a história do velho Ebenezer Scrooge, um homem solitário e avarento que não gosta das festas natalinas, e vive cercado apenas de papéis e mesquinhez. Seu empregado Bob Cratchit apesar de tudo, tem grande consideração por ele. Bob tem um filho paralítico chamado Tim. O sócio de Scrooge que falecera dias antes, diz em forma de espírito que ele receberá a visita de três fantasmas. Na noite de Natal, o velho Scrooge recebe a visita do fantasma dos natais passados e mostra ao mesmo sua vida nos tempos em que ele gostava do Natal, antes de virar uma pessoa chata e ranzinza. Depois é a vez do fantasma dos natais presentes visitá-lo e mostrar-lhe como é feliz a família de seu empregado Bob, mesmo com a doença do pequeno Tim e suas dificuldades financeiras. O terceiro fantasma, o do Natal futuro, mostra a Scrooge como será sua morte envolta em solidão e sem ninguém para lembrar dele. Tudo isso faz com que o coração de Scrooge amoleça e ele acorde no dia seguinte transformado em um homem bom e generoso.
Com certeza você já deve ter lido, ouvido ou assistido algo parecido. Um Conto de Natal foi várias vezes adaptado e copiado para a TV e o cinema. Entre os mais famosos filmes, estão Scrooge (1951), Adorável Avarento (1970), Os Fantasmas Contra-Atacam (1988, uma versão modernizada da obra) e Os Fantasmas de Scrooge (2009). Filmes como A Felicidade Não se Compra (1946) e O Expresso Polar têm semelhanças com a história de Dickens. Pra quem não sabe, o personagem Tio Patinhas, da Disney, foi baseado em Scrooge.
Um Conto de Natal é um belo livro que traz uma mensagem positiva e reflexiva, que não pode faltar em sua coleção.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Selo Prêmios Dardos



Essa semana, fui contemplado com o prêmio dos selos Dardos, um prêmio que premia os blogs que:

"...transmitem valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc. que, em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras.”

Tudo começa em 2008, quando um moço espanhol chamado Alberto Zambade decidiu premiar alguns blogues que, segundo ele:

("... reconoce los valores que cada blogger muestra cada día en su empeño por transmitir valores culturales, éticos, literarios, personal, etc.., que en suma, demuestra su creatividad a través su pensamiento vivo que está y permanece, innato entre sus letras, entre sus palabras rotas.")
Assim, ele premiou tais blogs com o selo dos Prêmios Dardos ("Dardo" era seu sobrenome). E ele deixou algumas regras bem claras:

- Exibir a imagem do selo no seu blogue;
- Linkar o blog pelo qual recebeu a indicação;
- Escolher outros blogs para receber o Selo Dardos;
- Avisar aos escolhidos.

Decidi premiar com os selos Dardos os seguintes blogs:

http://cozinhasemdrama.blogspot.com/
http://limitesdesconhecidos.blogspot.com/


Tenho certeza que outros blogs surgirão.

Quero agradecer ao meu amigo Victor Tanaka do blog http://diario-cinefilo.blogspot.com/ por ter me premiado com os selos Dardos.



domingo, 12 de dezembro de 2010

Arma-X - A Origem de Wolverine



Em 1992 a editora Abril lançou mais um exemplar de sua trimestral série Grandes Heróis Marvel, o de número 35, estrelado pelo Wolverine, com o Título Arma-X – A Origem de Wolverine. Em setembro de 2003, a editora Panini relançaria essa mesma história (não confundir com a série mensal homônima). Trata-se da origem de Wolverine, o membro mais famoso da equipe de mutantes chamada X-men.
Wolverine surgiu em 1974, numa história do Hulk. O público viria a se agradar daquele personagem que continha garras metálicas e era bastante ágil. Daí ele evoluiu e entrou para os X-men, depois vindo a ter suas próprias histórias. Mas quem era aquele baixinho invocado? De onde ele vinha? Qual era o seu passado? Pra essas respostas, em 1991 o escritor e desenhista Barry Windsor-Smith (famoso por suas ótimas histórias de Conan) criou a obra Arma-X, em que procurava tirar essas e outras dúvidas. Em um pequeno resumo, a história é basicamente assim: Nos anos 60 no Canadá, Logan (depois Wolverine) é capturado e levado até a instalação militar do Projeto-X. Lá, ele é submetido a todos os tipos de testes e tem implantado em seu corpo, ossos e garras de adamantium (um metal inquebrável). Mas os cientistas ali presentes não contavam que algo daria errado, e Logan sairia dali em fúria, disposto a acabar com todos os que lhe fez de cobaia. Agindo como um animal feroz, o futuro membro dos X-men se vê em meio a lugares obscuros e cobertos de neve, sozinho e ameaçado por algo que nem ele mesmo sabe o que é. Essa história pode não soar estranha pra quem nunca leu a HQ, pois o mesmo conceito foi visto posteriormente nos filmes X-Men 2 e X-Men Origens – Wolverine. Também em uma animação chamada Hulk Vs. Wolverine, vemos muito do que foi mostrado nessa HQ criada por Smith. Um dos pontos altos das HQs nos anos 90, Arma-X foge dos clichês do gênero ao apresentar um personagem famoso envolto em mistérios e alucinações, diferente de muito do que já se viu anteriormente. Os admiradores de HQs atuais que não conhecem Arma-X, não sabem o que está perdendo. 

domingo, 5 de dezembro de 2010

Kevin Carter, o fotógrafo da morte


Em março de 1993 no Sudão, o fotógrafo branco Kevin Carter, nascido na África, vê uma menina africana se arrastar sem forças até um campo de alimentação da ONU em busca de alimento. Ali, um urubu está apenas esperando o momento em que a menina morrerá para que ele satisfaça sua fome. Naquele momento, Carter espera por 20 minutos para que o Urubu levante suas asas para que ele fotografe aquela situação e pegue um bom ângulo, mas desistindo da ação do animal, ele tira várias fotos daquela trágica cena. Depois disso, Carter sai dali afugentando o bicho e vai fumar um cigarro. Só depois, arrependido, ele volta pra saber sobre a criança, vindo a descobrir que ela havia morrido. Tal ação nos faz pensar em quem seria o verdadeiro urubu: o animal ou o homem? 
A foto é publicada no mesmo mês, e em maio de 1994, Carter ganha o cobiçado prêmio Pulitzer por essa fotografia. A verdade é que, mesmo ganhando prêmios e sendo elogiado, Carter por outro também foi duramente criticado por permitir que uma criança se submetesse a uma situação dolorosa pela sobrevivência enquanto ele ficava ali durante 20 minutos fotografando tudo. 
Kevin Carter fazia parte de um grupo de fotógrafos que se especializaram em fotografar mortes, atrocidades e misérias. Alguns desses fotógrafos tiveram morte trágica (alguns foram assassinados), outros se envolveram com drogas e alguns perderam tudo que tinham. No caso de Carter, ele perdeu tudo e logo após se suicidou, no dia 27 de julho de 1994, trancando-se em seu carro e inalando monóxido de carbono vindo de uma mangueira, direto do carburador do automóvel. Carter foi morrer em um local onde viveu a infância, e deixou ali um bilhete no qual expressava desesperança e  dor de consciência.

Um trecho do bilhete:

"Estou deprimido… Sem telefone… Sem dinheiro para o aluguel.. Sem dinheiro para ajudar as crianças… Sem dinheiro para as dívidas… Dinheiro!!!… Sou perseguido pela viva lembrança de assassinatos, cadáveres, raiva e dor… Pelas crianças feridas ou famintas… Pelos homens malucos com o dedo no gatilho, muitas vezes policiais, carrascos… Se eu tiver sorte, vou me juntar ao Ken…"

Os registros de mortes, misérias e carnificinas de Kevin Carter chegavam ao fim.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

1 ano de Blog (e 10 mil visitas)


10 mil visitas nesse blog, isso me deixa muito feliz. Parece pouco, mas em se tratando de um blog que não tem maiores intenções em ser algo relacionado a propagandas ou pretensiosismos. É um grande acontecimento poder comemorar não só 10 mil visitas, mas também 1 ano de existência desse blog. Como está escrito no blog, não tive e não tenho a intenção aqui em me posicionar apenas em um foco específico, mas falar de assuntos que estejam ao meu alcance. Cinema, literatura e Histórias em Quadrinhos são os assuntos que tenho conhecimento e embasamento para comentar a respeito. Mas falo também de artes plásticas (já trabalhei com pinturas, e também desenhando fotografias), relacionamentos amorosos (quem nunca se deu mal em relacionamentos e não tem algo pra relatar, ou encontrou alguém que valesse a pena?), e assuntos diversos.
O que me deixa mais feliz nesse blog é a interatividade que tenho com meus amigos, aqueles que compartilham comigo as postagens que constantemente coloco aqui.
Vou contar aqui algo que acho que servirá de base pra outras pessoas. Um dia eu fui fazer uma visita a um amigo e levei uns textos e contos escritos por mim, pra ele ler e me dizer depois o que achou. Eu disse algo do tipo: “São simples, não há nada de especial neles”. Ele respondeu: “Não seja modesto, temos que valorizar o que somos e o que fazemos”. Outra vez, estando eu na Biblioteca Municipal, eu conversava com outro amigo, e em certo momento ele me disse: “O que fazemos, o que criamos, é igual mulher, se não damos valor, o vizinho do lado dará”. Esses dois fatos serviram para que eu pensasse e refletisse a respeito do que fazemos, onde nem sempre valorizamos o que é nosso.
Um agradecimento especial a todos que comentaram no blog:

Daniana Bittencourt, Narinha (A.R. Moraes), Rodolfo, Andinhu, Victor Tanaka, Lucas Assis, Ronecson Gomes, Leda, A. R. Moraes, suellen.orrico95, Jeniiffer Maciel, Fran Bianchi, Mara, Valdecy Alves, Luis Otavio M. Guimarães, linda, Maria da Conceição, Magno Bittencourt, estelinha, Gian Le Fou, Lééttíy,  Emmanuela, Augusto César, Cláudia, Cristiano, Patric, Cristiano Contreiras, Mauro Coimbra e os amigos anônimos.

E muito obrigado a todos que passaram por aqui.

Um abraço!!!

domingo, 28 de novembro de 2010

Meus 10 filmes preferidos



 ...E O VENTO LEVOU (1939)

O filme mais visto em todo o mundo, é também a obra que melhor representa a Era de Ouro de Hollywood. Uma superprodução vencedora de dez Oscars que conquistou milhões de pessoas em todo o mundo durante mais de 70 anos. Lá pelo final da década de 40, o livro homônimo de Margaret Mitchell chega às mãos do produtor David O. Selznick, este se apaixona pela obra e resolve produzí-la, mal sabendo ele que seria um dos trabalhos mais difíceis da história do cinema. Uma lista enorme de atrizes que concorriam pelo papel de Scarlett O’Hara, Clark Gable foi imposto pelos fãs no papel masculino principal, três diretores passaram pelo projeto (George Cukor, Sam Wood e Victor Fleming, este último recebeu os créditos), e até mesmo o próprio Selznick chegou a dirigir algumas cenas; filmagens atrasadas, orçamento estourado. Mas o sacrifício valeu a pena, ...E o Vento Levou é de longe um os maiores monumentos do cinema. O casal principal feito por Clark Gable e Vivien Leigh entrou para a história. Uma história de amor em que o capitão Reth Butler ama Scarlett O’Hara, mas esta só tem olhos para um homem, já comprometido, durante a Guerra da Secessão. O final nada feliz é marcante e inesquecível, assim como todo o restante da obra. 




 A LISTA DE SCHINDLER (1993)

O diretor Billy Wilder (Crepúsculo dos Deuses) era quem iria dirigir esse projeto baseado no livro de Thomas Kenneally, mas Steven Spielberg acabou dirigindo esta que é sua obra-prima máxima. Um relato triste e cruel da história real de Oskar Schindler (Liam Neesom), um empresário alemão que abre uma fábrica na Polônia e emprega ali vários judeus do Campo de Concentração de Plaszow. No início, Schindler se mostra um homem vaidoso, interessado apenas em lucros e amantes, mas ao presenciar um massacre de judeus pelos nazistas, em especial quando uma menina anda sem rumo tentando sobreviver, Schindler se dá conta de que sua vida boêmia é desprezível em meio a tanta gente morrendo e ele não fazer nada pra mudar tal situação. Com a ajuda de seu auxiliar (Ben Kingsley), ele cria uma lista de judeus para serem negociados com o temível comandante dos nazistas (Ralph Fiennes), para que os mesmos não morram nos Campos e continuem trabalhando para ele. Através de acordos e subornos, Schindler tenta a todo custo mantê-los vivos. Filmado em preto e branco e vencedor de 7 Oscars, A Lista de Schindler é o melhor filme já feito sobre o Holocausto.




 AMOR, SUBLIME AMOR (1961)

O Musical no cinema hoje em dia é um gênero que não tem mais vez, mas durante muito tempo foi um gênero que reinou em Hollywood. Clássicos como O Picolino, Os Sapatinhos Vermelhos, O Pirata, Cantando na Chuva, Sete Noivas Para Sete Irmãos e A Noviça Rebelde, entre tantos outros, encantaram o público que não se cansava de ver astros como Gene Kelly e Fred Astaire fazerem piruetas mirabolantes, sem contar que, ver a Cid Charisse em cena era um deleite para os olhos. De todos os musicais que já vi, o meu preferido é Amor, Sublime Amor, dirigido por Robert Wise (O Dia em que a Terra Parou) em parceria com Jerome Robbins. É um filme mágico, encantador, inesquecível, algo que só poderia sair das mentes criativas da Hollywood clássica. Baseado em Romeu e Julieta de William Shakespeare, Amor, Sublime Amor conta a hitória de um amor impossível entre Maria (Natalie Wood) e Tony (Richard Beymer) em meio à duas gangues rivais pela disputa de teritórios na Nova York dos anos 60. Belíssimas canções fazem desse clássico vencedor de dez Oscars, um filme singular na história da Sétima Arte. 




 CIDADÃO KANE (1941)

Orson Welles (A Marca da Maldade) tinha na época 26 anos quando resolveu fazer Cidadão Kane. Mal sabia ele que não seria um filme qualquer, mas sim aquele que muitos críticos consideram ser o melhor de todos os tempos. Não há qualquer exagero em considerar Cidadão Kane como um filme sem precedentes na história do cinema, pois trata-se de uma obra-prima incontestável, irretocável, onde cada elemento contido nele só o torna ainda mais excelente. Welles revolucionário a arte cinematográfica ao introduzir elementos até então inéditos no cinema, como filmagens de tetos, ângulos de câmeras colocados de forma a se ver o que acontece ao fundo dando a impressão de que estamos dentro do filme, além ainda da forma em que o roteiro nos apresenta uma história não linear, em que os acontecimentos vão e vem sem ter uma preocupação com uma cronologia direta dos fatos apresentados. O filme conta a história do magnata Charles Foster Kane da imprensa, de sua infância pobre quando é separado dos pais e vai viver com um banqueiro que lhe coloca no ramos das comunicações, até suas experiências fracasados nos relacionamentos com mulheres e amantes, culminando em seu fim solitário. Filme indispensável para quem quer estudar e entender a fundo a história do cinema. Vencedor do Oscar de roteiro original. 




 BEN-HUR (1959)

William Wyler foi um dos maiores diretores da Era de Ouro de Hollywood e já havia ganhado dois Oscars de direção por Rosa de Esperança (1942) e Os Melhores Anos de Nossas Vidas (1946). Diretor de vários gêneros, Wyler resolveu se aventurar em um épico para provar que também era capaz de dirigir uma superprodução de época. O resultado não poderia ter sido melhor, pois além de um enorme sucesso nas bilheterias, Ben-Hur conquistou nada menos que 11 Oscars, entre eles de filme, direção (o terceiro prêmio pra Wyler nessa categoria) e ator para Charlton Heston. Recusado por vários atores, o papel de Ben-Hur foi parar nas mãos de Heston que havia feito com Wyler no ano anterior o belo faroeste Da Terra Nascem os Homens. Conta aqui a história de Judah Ben-Hur, um rico judeu que é traído pelo amigo Messala e condenado a viver como escravo. Ele então parte em busca de vingança ao mesmo tempo em que procura a mãe e a irmã que desapareceram. Com belíssimas cenas, entre elas uma magnífica corrida de bigas, Ben-Hur é um filme que mostra um contexto importante da História: a conversão de judeus ao Cristianismo. Baseado no romance fictício de Lew Wallace, Ben-Hur é um dos maiores épicos já feitos em Hollywood.




 MATAR OU MORRER (1952)

Assim como o musical, o gênero faroeste também era muito aceito na fase áurea de Hollywood. O público enchia os cinemas para assistir aos filmes que eram considerados um gênero americano por excelência (depois na Itália foi surgindo os Western-Spaghetti). Diretores como John Ford, Howard Hawks, Anthony Mann, Henry King e Delmer Daves reinaram com os filmes de faroestes americanos. Mas o meu filme de faroeste preferido é dirigido por um diretor conhecido por filmes dramáticos, Fred Zinnemann, ganhador de dois Oscar de direção por À um Passo da Eternidade (1953) e O Homem que não Vendeu Sua Alma (1966). Matar ou Morrer faz parte de um ciclo de faroestes psicológicos que surgiu no final dos anos 40 e se estendeu até o começo dos anos 70. Em Matar ou Morrer, Gary Cooper (que levou seu segundo Oscar de melhor ator por esse filme) interpreta um xerife que depois do casamento, descobre que bandidos presos por ele estão voltando à cidade ao meio-dia para matá-lo. Ele pede ajuda aos moradores, mas ninguém o ajuda e ele se vê sozinho. Um belo filme que fala sobre o isolacionismo, uma clara alusão ao Marcathismo (um movimento “Caça às Bruxas” que se propagou nos anos 50 nos Estados Unidos). A Belíssima Grace Kelly interpreta a esposa de Cooper. Além de melhor ator, o filme ganhou mais 3 Oscars. 





 AMNÉSIA (2000)

O diretor Christopher Nolan ficou famoso quando deu nova vida ao Batman em Batman Begins (2005) e Batman – O Cavaleiro das trevas (2008), e em 2010 agradou críticos e público com A Origem. Mas seu melhor trabalho ainda é Amnésia, um filme diferente de tudo que já se viu nas telas. Para começar, é um filme que tem sua ordem cronológica ao inverso, ou seja, é de trás pra frente. Conta a história de um homem (Guy Pearce) que tem sua esposa violentamente assassinada; ao tentar salvá-la, ele também é vítima do bandido que lhe provoca uma lesão que o deixa com um sério problema: ele não se lembra de nada do que lhe acontece 5 minutos atrás. Ele só sabe que precisa vingar a morte da esposa, e tatua todo seu corpo com inscrições que o levem a novas pistas sobre o assassino. Amnésia é um filme complexo e inteligente, e que no final (ou seria o começo?) faz todo sentido. Não engana o espectador com truques baratos, mas lhe dá uma conclusão de cair o queixo. De longe é um filme que carrega um dos roteiros mais inteligentes já vistos. À cada vez que assistimos, vamos descobrindo novos detalhes que nos passaram em branco nas vezes anteriores. Excelente.




 A FELICIDADE NÃO SE COMPRA (1946)

Em uma cidadezinha dos Estados Unidos durante os dias que antecedem o natal, um homem correto e admirado por muitos se vê encrencado por causa de um dinheiro que lhe foi tomado. O dinheiro não era dele, por isso ele se vê em aflição. Desesperado, pensa em se jogar de uma ponte, mas um anjo aparece naquele momento e mostra como seria aquela cidade se ele não existisse. O diretor Frank Capra ganhou três Oscars de direção por Aconteceu Naquela Noite (1934), O Galante Mrs Deeds (1936) e Do Mundo Nada se Leva (1938),  todos eles são ótimos filmes. Mas sua obra-prima é mesmo A Felicidade Não se Compra, um dos melhores e mais emocionantes filmes já feitos. O cinema de Capra é conhecido pelo otimismo, onde um homem bom sempre luta contra os ricos e opressores. Em A Felicidade Não se Compra ele explora ao máximo esse tema, onde brilha o ótimo ator James Stewart (parceiro de Capra em outros filmes) que tem uma brilhante atuação. Começa com o herói em sua infância, onde em uma das cenas, uma menina (sua futura esposa) se aproxima do ouvido surdo dele e diz: “Eu te amarei para sempre!”, essa é uma de minhas cenas favoritas do cinema. Um filme belíssimo, repleto de momentos antológicos.




 APOCALYPSE NOW (1979)

Nos anos 70, o diretor Francis Ford Coppola reinou em Hollywood com nada menos que quatro obras-primas: O Poderoso Chefão (1972), O Poderoso Chefão – Parte II (1974), A Conversação (1974) e Apocalypse Now (1979). Este último é o meu preferido, é aquele que apresenta toda a megalomania típico de Coppola, seus arroubos visuais e técnicos. Apocalypse now é um filme de guerra como nenhum outro. Trata-se de um verdadeiro pesadelo nas selvas perigosas do Vietnã durante a guerra travada pelos norte-americanos nesse país. Coppola leva um grupo de soldados a viverem os maiores horrores em um barco rumo a uma área desconhecida onde um ex-coronel do exército americano (Marlon Brando, simplesmente genial) se rebelou e agora lidera uma aldeia de vietcongues fanáticos. À medida que os soldados vão seguindo pela selva, vão encontrando todos os tipos de situações, das mais inusitadas possíveis. Em certo momento, eles chegam em uma área onde está sendo travado um combate, ali, os soldados mais se parecem com mortos-vivos, atirando não se sabe em quem ou em que. Ao chegarem ao destino planejado, se encontram com o coronel que os recebe cordialmente. Mas aquele homem que enlouquecera naquele ambiente selvagem, precisa ser detido. Apocalypse Now tem um estilo bem diferente de outros filmes de guerra, aqui o que importa não á a guerra em si, mas sim mostrar a loucura de homens lutando contra inimigos invisíveis em um lugar onde impera o medo e a carnificina. Vencedor de dois Oscars. Vagamente inspirado no livro O Coração das Trevas de Joseph Conrad.




 LAWRENCE DA ARÁBIA (1962)

A História real de Thomas Edward Lawrence (autor de Os Sete Pilares da Sabedoria), que de simples observador e relator na guerra entre árabes e turcos na Primeira Guerra Mundial, acabou entrando em combate a favor dos árabes e se destacou pela sua coragem e determinação. Obra-prima de David Lean, um dos maiores diretores do cinema que fez filmes como Desencanto (1945), Oliver Twist (1948), A Ponte do rio Kwai (1957, aqui vencendo seu primeiro Oscar de direção) e Doutor Jivago (1965), entre outros. Contando com um excelente elenco que inclui Peter O’Toole no papel principal, e ainda Omar Sharif, Alec Guiness e Anthony Quinn, este é um filme que ficou marcado na história do cinema por ter as mais belas imagens do deserto já feito. Com uma fotografia deslumbrante, Lawrence da Arábia reina no quesito técnico como nenhum outro. É uma superprodução excepcional, contando a história de um homem que luta por um povo do qual ele não faz parte. Mas aqui Lean não deixa seu personagem cair no estereótipo do herói exemplar, mas o mostra de forma humana, que em alguns momentos se mostra um homem vaidoso e sedento por sangue inimigo. É uma biografia esplendorosa como poucas vezes foi mostrada no cinema. Um verdadeiro espetáculo, ganhador de sete Oscars, entre eles de melhor filme e o segundo de direção para David Lean. 




domingo, 21 de novembro de 2010

Drácula



Em 1897, o autor irlandês Bram Stoker criaria sua obra-prima que imortalizaria o mito do vampiro, trata-se de Drácula, um romance escrito em forma de cartas que narra uma história de terror com um diferencial das demais: não há propriamente um personagem principal, qualquer personagem é relevante mas alguns também podem ser irrelevantes à medida que os acontecimentos vão se sucedendo. Obviamente destaca-se a figura do Conde Drácula da Transilvania, que certo dia recebe a visita de Jonathan Harker, que vai lhe vender uma propriedade na Inglaterra. Ao chegar à mansão de Drácula, o visitante se vê preso a situações nada convencionais. Harker em meio a fatos assustadores, percebe então que é um prisioneiro, e que seu cliente na verdade é uma criatura das trevas, um vampiro que se alimenta de sangue humano. Drácula vai para a Inglaterra em busca de novas vítimas. Durante o percurso num navio, ele vai espalhando medo e terror. Harker foge do castelo e consegue depois de muito sacrifício chegar em sua cidade, onde já se conhece os primeiros atos macabros do terrível Drácula. Este mata uma amiga da noiva de Harker. A moça se torna uma morta-viva e começa a ter um terrível prazer em matar. A próxima vítima é Mina, a noiva de Harker. Drácula a leva para seu castelo na Transilvânia, fazendo com que Harker se reúna ao Dr. Van Helsing e alguns amigos e partam em busca de Mina e consequentemente acabarem com o terrível ser.
Ao contrário do que se pensa, Bram Stoker não foi o criador da lenda dos vampiros. O mito já existia, era dessas histórias que passavam de mãos em mãos, onde havia em tempos bem antigos alguém bastante cruel que se assemelhava ao personagem de Stoker, claro que não era um morto-vivo sugador de sangue como na obra literária.
Com o passar dos tempos, novos livros sobre vampiros foram lançados, como por exemplo Entrevista com o Vampiro de Anne Rice. Adaptações para o cinema é que não faltam. O genial diretor alemão F.W. Murnau fez aquela que se tornaria o melhor filme sobre Drácula: Nosferatu (1922). Em 1931 tivemos Drácula, dirigido por Tod Browning e estrelado pelo lendário ator Bela Lugosi. Seguiram-se várias adaptações e variações da mesma história, até que em 1992 o diretor Francis Ford Coppola se gabava de ter feito o filme definitivo sobre Drácula, sendo bastante fiel à obra original: Drácula de Bram Stoker. Apesar do filme ser bem interessante, é importante frisar que a obra de Coppola não é tão fiel assim à história criada por Stoker. Um dos maiores diferenciais do filme com a obra é o fato do vampiro no filme ser uma espécie de cavalheiro sedutor ao chegar à Inglaterra, quando no livro ele é nada menos que um ser aterrorizante. No filme, Mina é seduzida por Drácula e se deixa levar por uma paixão pela criatura. No livro, Mina é feita refém pelo monstro, vivendo uma espécie de hipnose; nos momentos de lucidez ela demonstra ter repulsa pela criatura. Histórias em quadrinhos, RPGs, games, canções e diversas outras mídias já exploraram o mito de Drácula.
Drácula é até hoje bastante lido e estudado, e ainda provoca bastantes sustos, Entrando  pra história como uma das obras mais assustadoras já feitas.  

O trecho abaixo é do primeiro capítulo do livro, logo nas primeiras páginas, quando Jonathan Harker recebe uma carta de Drácula, que o faz crer ser este alguém bastante receptivo e "normal":

Meu amigo: Seja bem-vindo aos Montes Cárpatos. Espero-o com ansiedade. Desejo que passe uma boa noite e amanhã, às três horas, tome a diligência que se destina a Bucovina, e na qual já está reservado um lugar para o senhor. No Passo de Borgo, minha carruagem o estará esperando e o conduzirá até mim. Espero que sua viagem de Londres até agora tenha sido boa e estou certo de que será agradável sua estada em meu belo país. Seu amigo,
DRÁCULA.


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Investigação Sobre um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita



O cinema político é quase tão antigo quanto o próprio cinema. D. W. Griffith em O Nascimento de uma Nação (1915) e Intolerância (1916) mostrava os dissabores de uma sociedade presa em impasses sociais, povos sendo reprimidos pelo poder em suas mais diversas formas. Em 1925, Sergei Eisenstein cria aquela que é talvez a maior obra política do cinema: O Encouraçado Potemkin, no qual ele narra os episódios reais que deram origem à Revolução Russa, onde carne podre servida aos marinheiros é o motivo para um motim que tomaria dimensões estrondosas em todo o país, culminando na execução de vários militantes nas escadarias de Odessa (essa cena é até hoje considerada um primor de montagem). Muitos desses filmes ficaram proibidos durante muitos anos aqui no Brasil e outros países, devido à censura. Até hoje pode ser visto como filmes que mexem em casa de abelha, incomodando muita gente, porque são obras que fazem pensar, levam à reflexão e abrem os olhos para uma direção muitas vezes não conhecida.
A Itália nos anos 70 produziu algumas das maiores obras do cinema político, onde talvez a mais importante seja Investigação Sobre um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita. Nessa obra dirigida por Elio Petri, vemos um inspetor de polícia (Gian Maria Volonté) que assassina sua amante (Florinda Bolkan) sem nenhum motivo aparente. Após o crime, ele não retira as impressões digitais do local, e faz questão de tocar em garrafas e copos no intuito de deixar registrado sua presença ali. Ele deixa tudo “mastigado” para que a polícia saiba que foi ele o autor do crime. Mas, como se trata de um homem com um cargo muito influente, ele está acima de qualquer suspeita, ou melhor, ele está num patamar onde ninguém ousa denunciá-lo. Em dado momento ele chega na sala de seu superior e diz que conhecia a vítima; seu chefe faz alguns gracejos na intenção de dizer: “Não sei do que você está falando, voltemos ao trabalho!”. Peritos criminais passam por cima de provas plantadas pelo próprio inspetor, e fazem de conta que o suspeito não está ali na frente de todos. Entre represálias contra estudantes manifestantes, um jovem é preso, “suspeito” do crime, o que causa uma raiva muito grande no inspetor que só quer que a justiça trabalhe de forma exemplar e chegue até ele. Mas todo mundo faz vista grossa, com receio de se dar mal e/ou perder o emprego. Todo o departamento trabalha “incessantemente” a fim de prender o assassino, mas muitos ali sabem que o verdadeiro autor do crime não pode ser tocado. O que fazer então?
O diretor Elio Petri faz aqui uma crítica ao autoritarismo disfarçado e ao mesmo tempo um alerta contra a censura. O personagem principal age de forma altamente questionável, manipuladora, exercendo seu poder sobre a grande massa submissa a ele. Tudo pra ele é um jogo no qual sabe que não tem a perder. No início ele ri de tudo aquilo, se diverte em ver que tudo saíra como planejado; mas aos poucos vai mudando de pensamento, percebendo que a lei não está funcionando. Essa mesma lei que ele tanto se esforçou pra funcionar de forma ágil e severa está falhando com ele por se tratar de algo até então inédito. Vemos então aqui uma metáfora sobre o poder de manipulação, onde governos e autoridades em muitos casos usam suas influências pra passar por cima de fatos claramente óbvios aos olhos de todos.
No final dos anos 60 até os anos 70, o cinema viu a necessidade de criar filmes-denúncias, mostrar os absurdos de um sistema desigual que imperava em várias partes do mundo. Em 1969, Costa-Gravas com sua obra-prima Z, nos mostra um político sendo assassinado na frente de uma multidão de pessoas. O Estado quer fazer crer que foi um acidente e ignora todas as provas. Cabe a um promotor honesto ir contra tudo e todos e tentar desmascarar uma teia de corrupção que alcança elevados níveis de hierarquia.
Em 1971, Elio Petri faria (novamente com o ator Volonté) o polêmico A Classe Operária Vai ao Paraíso, em que um operário exemplar de uma indústria perde um dedo em uma máquina de trabalho e depois disso se dá conta de como funcionam os movimentos sindicais. Outra denúncia sobre a sociedade e seus impasses ideológicos, sempre fugindo de algo e ao mesmo tempo em busca de alguma coisa.
A brasileira Florinda Bolkan tem em Um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita, seu grande momento de estrelato, mas é sem dúvida Gian Maria Volonté quem brilha, no papel do inspetor. Volonté é o ator que melhor expressou o cinema político da Itália, ele está ótimo também em outro filme-denúncia: Giordano Bruno (1973). Em A Moça com a Valise (1961) de Valério Zurlini, Volonté aparece em uma ponta no papel de um ex-namorado da personagem interpretada por Claudia Cardinale. Porém, Ele é mais lembrado pelo grande público por ter feito o vilão nos dois primeiros filmes da famosa trilogia de western spaghetti feito por por Sergio Leone: Por um Punhado de Dólares e Por uns Dólares a Mais.
O final é um grito de desespero, onde ecoa a agonia de um homem disposto a fazer justiça por um crime que ele mesmo cometeu. Assim nos perguntamos: a "Lei", que procura ser tão severa com o cidadão, funciona quando é exercida sobre ela mesma?
Investigação Sobre um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro e concorreu ao prêmio de roteiro original. Em Cannes, venceu o Grande Prêmio do Júri. Imperdível para os admiradores de um cinema crítico e inteligente.


Nota: 5 de 5

Título original: Indagine su un cittadino al di sopra di ogni sospetto

Lançamento: 1970 (Itália)

Direção: Elio Petri

Elenco: Gian Maria Volontè, Florinda Bolkan, Gianni Santuccio, Orazio Orlando, Sergio Tramonti

Duração: 112 minutos

Policial/Drama


quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Preconceito - Pense bem antes de falar o que não deve

Essa semana, uma estudante de Direito e estagiária em um escritório de advocacia teve sua vida arruinada em questão de segundos e por causa de 140 palavras aproximadamente que ela escreveu em seu Twitter. A estudante de iniciais M. P. (não estou aqui pra incitar o ódio contra essa pessoa, por isso não colocarei seu nome completo aqui) foi super infeliz quando resolveu postar em seu microblog a seguinte frase: Faça um favor a Sp, mate um nordestino afogado”. Em pouquíssimo tempo isso se espalhou pela NET, causando uma tremenda dor de cabeça pra essa estudante. Acusada de racismo, ou xenofobia (aversão por outros povos), M. P. vai ser processada por racismo pelo Ministério Público. Isso se deve pelo fato de milhares de pessoas terem se manifestado contra a atitude da estudante. Foi uma avalanche de comentários contra esse ato bárbaro vindo de alguém que poderia estar lutando pelos direitos humanos. A vida de M. P. nunca mais será a mesma depois disso. Na NET, se elevam ao sucesso em questão de minutos, mas a mesma NET também pode ser um instrumento de autodestruição, onde quem resolve falar besteiras se dá muito mal. Um ditado popular diz: “Em boca fechada não entra mosquito”, ou seja, se você não quer ser incomodado pelo fato de não conseguir deixar sua boca fechada quando deveria, as conseqüências virão. Não é de hoje que pessoas se dão mal por abrirem a boca pra falar o que não deve; vez ou outra, na TV vemos muitas gafes que podem vir a comprometer quem as disse. No final de 2009, um jornalista famoso criticou humilhadamente dois garis depois de uma reportagem no qual eles desejavam feliz ano novo. Pra infelicidade do jornalista, ele fez um comentário preconceituoso acreditando que o microfone estava desligado. Coisas desse tipo já aconteceram com outros jornalistas e apresentadores de TV. Isso só nos faz crer que muitos deles que parecem ser tão corretos na frente das câmeras, na realidade prega a intolerância. E se há algo condenável no meio social é a intolerância, principalmente contra o próximo. Ideologias nazistas e fascistas são hoje em dia mais do que em qualquer outra época, espalhadas à exaustão. Algumas comunidades no Orkut como “Mate um negro e ganhe um prêmio", e “Jesus deveria ter apanhado mais” só mostram quão questionáveis são alguns seres humanos que habitam esta terra. Tais idéias são perigosíssimas, pois leva ao ódio, e esse mesmo ódio espalha separação entre raças, nos remetendo a pensamentos de líderes com espírito de destruição como Adolf Hitler e Benito Mussolini, entre outros. Alguém certa vez me disse: “Quem fala pouco, ouve mais”, essa frase me faz lembrar um velho provérbio chinês: "O sábio não diz o que sabe e o tolo não sabe o que diz". Na falta de algo de bom pra falar, escute. A estudante M. P deve estar nesse momento apenas escutando, e o som das palavras da população contra ela nesse momento não é nada bom para os ouvidos.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

A Casa de Pequenos Cubinhos





Já assisti filmes longos com mais de três horas de duração, que ao final não há nada que acrescente coisa alguma, filmes vazios que se tornam um tédio, não havendo absolutamente nada que os tornem memoráveis. Eis que é uma grata surpresa que um curta-metragem de apenas 12 minutos consiga transmitir uma gama de emoções e reflexões que não vemos em muitos longas-metragens por aí. Me refiro à pequena animação japonesa com o título internacional em francês: La maison en petits cubes, ou traduzindo seria: A Casa de Pequenos Cubinhos.
Vencedor do Oscar de melhor curta-metragem, é de fato merecedor de prêmios e de reconhecimento essa pequena obra-prima dirigida em 2008 por Kunio Katō. É um trabalho artesanal muitíssimo bem feito, que conta a história de um homem bem velho que mora numa cidade submersa pela água. Um dia ele acorda e percebe que precisa construir um novo cubo acima, pois a água já alcançara a parte que ele estava morando. Terminada a construção, ele perde seu cachimbo. Com roupa de mergulho ele vai procurá-lo, é quando vem em sua mente as recordações do passado. A cada nível que ele vai descendo, as memórias lhe vem à tona. Sua esposa, filha e genro aparecem em forma de velhas lembranças à medida que ele vai passando pelas partes submersas ou vai revendo velhos objetos. Onde antes ele vivera seus bons momentos ao lado das pessoas que amava, hoje ficou submerso em água, perdido para sempre.
A Casa de Pequenos Cubinhos é uma história magnífica, exalando poesia em cada cena, ao som de uma belíssima trilha sonora. Pode ser vista como uma metáfora da vida, do tempo, do amor e da solidão. A triste trajetória de um homem que teve uma linda história de vivências e relacionamentos familiares que não voltam mais.
Podemos ver refletido naquele homem a nossa própria história. Quem nunca teve lembranças de coisas boas que ficaram para trás?
Belo e tocante, A Casa de Pequenos Cubinhos é uma comovente lição de vida para adultos e crianças. São poucos minutos que tem muito a dizer. 


Clique aqui e assista a esse curta-metragem na íntegra.
 

Nota: 5 de 5

Título original: Tsumiki no ie

Lançamento: 2008 (Japão)

Direção: Kunio Katō

Duração: 12 minutos

Animação

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Sandra Regina Machado


No dia 24 de agosto na cidade paulista de Santos nascia Sandra Regina Machado, posteriormente chamada Sandra Regina Machado Arantes do Nascimento Felinto.
Mas quem era Sandra Regina? Pra chegar a essa resposta, vamos falar um pouco de alguém que o mundo inteiro conhece: Edson Arantes do Nascimento, mais conhecido como o ex-jogador Pelé. Em 1963 Pelé teve um caso com uma dona a dona de casa A. M. e daí resultou o nascimento de Sandra. Mas ao contrário de muita gente famosa que assume a paternidade mesmo em circunstâncias adversas, o tão adorado “Rei do futebol” de forma alguma quis saber da filha, nunca a reconheceu. Sandra entrou na justiça para que o pai a reconhecesse, mas este sempre rejeitou tal idéia. Depois de muito tempo para conseguir a paternidade de Pelé, em 1996 a justiça por meio de DNA atestou que Edson Arantes era de fato o pai de Sandra. Mas Pelé recorreu 13 vezes, e nunca quis se aproximar da filha.
Sandra era considerada uma pessoa exemplar. Casada, ela teve dois filhos, e sempre foi trabalhadora. Foi vereadora duas vezes em sua cidade, e estudava Direito. Muito de seu esforço era também para mostrar ao pai que ela não precisava dele em relação a questões financeiras, mas sim como pai na melhor definição da palavra. Mas o chamado “Rei” Pelé (pra mim só existe um Rei, o Rei dos reis) com receio de que o reconhecimento da paternidade sujasse sua carreira, optou por nunca se aproximar de Sandra. Isso mostra que às vezes as pessoas se encantam tanto com “ídolos” que se esquecem que muitos deles não são exemplos de pessoas corretas.
Em 2005, entre outras doenças, foi constatado que Sandra estava com câncer de mama.  Depois de alguns tratamentos, Sandra não resistiu e veio a falecer no dia 17 de outubro de 2006 aos 42 anos de idade. Pelé nunca foi visitá-la no leito de morte e sequer foi ao seu velório, mesmo que ela tenha se manisfetado em querer vê-lo pela última vez. O que ele fez no dia do velório de Sandra foi apenas mandar flores em nome das “Empresas Pelé”. A família sabiamente recusou e mandou de volta.
Edon Arantes até hoje é aclamado e idolatrado mundo afora. Mas a vitória é de Sandra, que viveu exemplarmente e entra pra posteridade nos corações daqueles que a admiraram e admiram até hoje pelo seu exemplo de força e perseverança.  

sábado, 23 de outubro de 2010

A correspondente Amanda


Quem me conhece sabe que eu gosto de conhecer bastante sobre o que me chama a atenção. É assim com o cinema, literatura e histórias em quadrinhos, entre outras coisas. Quando eu era adolescente, colecionava histórias em quadrinhos, e só parei depois de ter 1200 edições ou um pouco mais. Se eu pudesse teria mais de 10 mil. E naquela época eu fuçava minhas revistas de ponta cabeça, sendo que, além das histórias, o que mais me chamava a atenção eram as cartas dos leitores. Confesso que nas áreas de cinema não encontro muitos amigos que tenham um amplo conhecimento dessa arte para que eu possa entrar num debate com eles. Claro que há dois ou três, mas não há uma gama maior. Por falar nisso, hoje a noite um amigo me ligou e começamos a falar do filme Tron, do início dos anos 80, ele me lembrou de algumas cenas que eu havia esquecido. Lembramos desse filme quando falei que em dezembro vai estrear sua continuação. Fiquei feliz por ter me lembrado desse filme que fez parte de minha infância, algo bem nostálgico mesmo. Voltando às revistas em quadrinhos, em relação às cartas dos leitores, era assim: o leitor que tivesse dúvidas ou tinha algo a dizer sobre algum personagem, escrevia para a editora, e a mesma publicava. Como eu queria trocar idéias sobre essa arte, e como eu queria ver o ponto de vista de alguém que morasse em outra cidade, vi o nome de uma adolescente, contendo ali também seu endereço. Escrevi-lhe uma carta, mas não achava que ela fosse dar muita importância. Um mês depois (ou menos tempo) ela me escreveu também. Vi que ela era atenciosa e educada, voltei a escrever novamente pra ela, e houve retorno. Os meses se passaram e descobrimos que estávamos ficando bem amigos, onde os assuntos não se limitavam apenas a histórias em quadrinhos como era no início, mas também em conhecer mais um ao outro. Seu nome era Amanda. Me lembro que eu adorava as cartas que ela me enviava, sua letra era única, super especial, as folhas eram sempre diferentes, com detalhes que só mulher teria esse talento pra bolar algo daqule tipo. Um dia eu pedi que ela beijasse uma das cartas e me enviasse; não achei que ela fosse fazer isso, mas ela fez. Não preciso dizer que fiquei nas nuvens com aquela carta, me levou às alturas. Depois de várias cartas, enviei a última. Digo que foi a última porque não recebi depois mais nenhuma carta dela. Nesses anos todos, às vezes eu me lembrava dela quando pegava uma história em quadrinhos e lia as cartas dos leitores. Essa semana fiquei curioso em saber por onde ela andava e pesquisei sobre ela; achei no Orkut e adicionei pra ver se ela me aceitava. Ela, mantendo sempre sua enorme atenção e educação, me aceitou. Gosto de relembrar coisas boas que me deixaram saudades, e fiquei feliz em saber que ela está bem.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Eleições brasileiras - A vergonha de uma nação



Inicio esse texto utilizando o subtítulo de um filme de Howard Hawks chamado Scarface - A Vergonha de uma Nação. É uma frase que se encaixa perfeitamente em nosso atual painel político, em especial durante as eleições brasileiras. Nosso país é conhecido por ser a terra da injustiça, da intolerância, da desigualdade, da corrupção e da insegurança entre muitos outros adjetivos que infelizmente são reais, mas precisamos acrescentar mais uma característica: “terra da bagunça eleitoreira”. Nunca se viu tamanha falta de respeito com o eleitor quanto nos dias de hoje com essa eleição para presidente do Brasil, um tremendo circo dos horrores onde ambos os lados apelam pra tudo que podem para “desarmar” e constranger o adversário. É um pega-pega onde é rato correndo atrás de rato.
Vou ser logo claro: não sou filiado a nenhum partido político, não faço campanhas pra ninguém, sempre procurei votar em candidatos por si só, e não porque um ou outro faz parte de determinado partido; portanto, não estou aqui criticando o atual descaso eleitoreiro da atualidade, com intenções de favorecer determinado X, Y ou Z.
O que há aqui no Brasil não é política, mas sim politicagem, esse jogo sujo do poder, essa máquina podre de conseguir mandatos não para fazer algo de bom pelo país, mas sim pra ganhar em benefício próprio. Pelo que vimos no primeiro turno, constatamos ainda mais claramente que os eleitos para os cargos de governadores, deputados e senadores (em sua maioria) não tinham e não têm nenhuma preocupação em construir algo, mas apenas em garantir um bom salário no final do mês. Muitas “celebridades” e esportistas decadentes apelaram pedindo voto e se deram bem. Política hoje é um bom negócio, mas infelizmente, muitos políticos não satisfeitos com o que já ganham, ainda metem a mão no dinheiro público, agindo de forma criminosa, sabendo que esse país é onde impera a impunidade.
Nunca tivemos tanta corrupção na política, onde já virou até caso de piada (onde deveria ser caso de justiça) com aquela história do dinheiro na cueca. Seria cômico,  mas a questão é que é o dinheiro de altos impostos que pagamos. Muitos além de roubarem, ainda sabem ser cínicos e inventam mil e uma teorias para dizerem que não sabem de nada. Mas o povo sabe, quer dizer, não todos, porque o que eu vejo de gente alienada por aí não é brincadeira. Gente que idolatra políticos onde só lhes faltam beijar os pés. Aliás, Brasil virou terra de idólatras, aqui se idolatra de tudo: artistas, participantes de reality shows, jogadores de futebol e agora a nova febre: idolatrar políticos. No começo do ano tivemos uma propaganda cínica em forma de filme, do Lula; um filme até mesmo pobre de conceitos onde não funcionou nem mesmo a idéia de se colocar Luís Inácio como santo. À Propósito, se tivessem colocado asas e uma auréola na cabeça dele talvez convencesse um pouco. Mas a maioria do povo brasileiro dessa vez não engoliu essa jogada (não sei que milagre foi esse) e rejeitou essa produção. Isso faz parte do jogo sujo, tentar de tudo, até mesmo o cinema pra ganhar a simpatia do povo. Será que farão também um filme do Collor? Quem é esperto sabe que votando em um candidato deve exigir dele o que ele deve fazer por pura e simples obrigação. Não devemos favores a políticos, mas eles sim nos devem. Não temos que idolatrá-los, isso é coisa de pessoas puxa-sacos, de mente pequena ou vazia.
Essa luta de interesses eleitoreiros entre petistas e tucanos virou uma palhaçada sem tamanho. Um aponta uma difamação (ou verdade, não sei), o outro rebate com outra ainda maior, e aí o bolo vai aumentando e azedando. São candidatos que traem aliados, se unem a políticos que fizeram da máquina pública um cofre particular.
Não vivemos em uma democracia como muitos querem fazer crer por aí. Num país democrático o povo não é obrigado a votar. Parece até piada quando dizem: “O voto é livre”. Não, não é livre; se fosse livre o povo poderia escolher em não votar. Mas aqui somos obrigados, e isso acaba virando uma grande contradição: o voto é livre, porém obrigatório.
É interessante como a Petrobrás, empresa que mais lucra em todo o país é hoje alvo de interesse nos programas políticos, onde se discute entre outras coisas o andamento do projeto do pré-sal e de outros assuntos ligados à essa “gigante”. E Por que numa hora dessas todos os candidatos são contra o aborto? Simplesmente porque o aborto vai contra as normas e éticas da religião cristã, e pra não perderem essa fatia de eleitores, os candidatos se transformam em não-liberais. Independente de ser ou não uma discussão delicada, o aborto é aqui nesse contexto uma discussão de interesse puramente eleitoreiro.
O que eu critico aqui não é o voto em si, não é a política, mas sim o modo como as coisas estão se encaminhando para o precipício em relação a política brasileira. Estamos diante de um painel enganador, um show de ilusionismo pra enganar aos olhos mais desatentos. O coelho não está na cartola, ele foi implantado em nossas mentes através de propagandas bem feitas, palavras bonitas que na verdade foram escritas por assessores, “melhorias” que estão somente em nossa imaginação, mas que na prática nada funciona. Na Roma antiga, durante os duelos de gladiadores nas arenas, os senadores mandavam distribuir pães para o povo durante os espetáculos de lutas. Isso tinha o propósito unicamente de fazer com que o povo naquele momento se divertissem de barriga cheia e aplaudissem  a soberania e o poder do imperador romano. Mas quando aquele povo voltava para suas casas, percebiam que a comida acabou e o espetáculo também. Os que não se deixavam levar pelos farelos, se impunham e procuravam estabelecer um raciocínio de não-aceitação de migalhas, mas sim correr atrás de seus verdadeiros direitos e valores como cidadãos. Aqui no Brasil é até complicado correr atrás dos próprios direitos, sobre o risco de virar “carta marcada”. O sistema “burrocrata” brasileiro engole o cidadão e o coloca no lugar de espectador nas “lutas entre opositores políticos”. Nessa arena brasileira durante os espetáculos de candidatos pedindo votos, há muitas pessoas que comem as migalhas de pães que lhes distribuem.  

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora é Outro




Há três anos foi lançado Tropa de Elite, um dos filmes brasileiros mais aclamados da história do cinema nacional. Assim como Cidade de Deus que mostrava o crime organizado de maneira ultra-realista e sem nenhuma maquiagem, Tropa de Elite mostrou além do crime organizado, a ação da equipe policial Bope, uma das mais temidas do Rio de Janeiro. Liderado pelo Capitão Nascimento (Wagner Moura), o esquadrão Bope recrutava homens para ingressar e fortalecer seu corpo tático, mas não era qualquer um que tinha peito pra fazer parte da equipe.
Tropa de Elite poderia ter se tornado o maior sucesso do cinema nacional se não fosse por um detalhe: a cópia do filme vazou e foi parar nas mãos dos “piratas” antes mesmo de ser lançado no cinema. Resultado: muita gente não quis ir ver na tela grande o que poderia ver a qualquer momento em casa, e não era cópia gravada de dentro do cinema, mas o filme em si com sua cópia bastante boa. Três anos depois é lançado sua continuação, porém com outro detalhe: o próprio diretor deixou claro que esse é pra ver exclusivamente no cinema, se referindo à impossibilidade de haver cópias. Mas uma coisa é certa: mesmo que esse filme venha a ser vendido nas ruas (dessa vez com imagem de cam, é claro), o bom mesmo é vê-lo na tela de cinema exibindo suas maiores qualidades. Aliás, qualidade é o termo que cai super bem à continuação Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro. Se o primeiro já era muito bom, esse agora é ótimo.
Começa de forma a não revelar muita coisa: o Capitão Nascimento é alvo de uma emboscada. Daí em diante seguimos sua trajetória (e sua narração), nos colocando dentro da penitenciária Bangu 1, onde há uma rebelião de presos liderados por um violento criminoso (Seu Jorge). Nessa que é uma das melhores seqüências dos últimos tempos em um filme brasileiro, acompanhamos o Bope entrando em ação pra tentar contornar (ou acabar de vez) com essa situação, quando é chamado um defensor dos direitos humanos (Irandhir Santos). Tudo acaba de forma imprevisível e começa então uma guerra entre policiais, bandidos e políticos (!!!). Aliás, os políticos são os verdadeiros vilões aqui, eles mentem, contratam, fazem acordos e preparam o terreno para que um grupo de policiais corruptos chefiados pelo comandante Russo (Sandro Rocha) estabeleçam uma milícia ultra-violenta nas favelas cariocas. Essa milícia detém o poder do tráfico, seja roubando e matando, seja assaltando delegacias pra roubar armas. Obviamente não vou falar mais acerca dos acontecimentos pra não estragar a surpresa de quem ainda não viu o filme, só adianto que muitas reviravoltas acontecem em pouco menos de duas horas. O Capitão Matias (André Ramiro) e o comandante Fábio (Milhem Cortaz) continuam tendo participação importante na história). Uma repórter (Tainá Müller) tenta descobrir até onde vai toda a corrupção). Um apresentador de um programa sensacionalista de TV tenta manipular a opinião pública. Se lembram daquele comandante do primeiro filme que disse aquela famosa frase: “Pra eu te ajudar, você tem que me ajudar a te ajudar. Se é pra rir, tem que fazer rir.”? Pois é, esse aqui se tornou peça-chave em toda a sujeira, ele é o líder da milícia que eu citei mais acima. Russo é o maior vilão de Tropa 2, ele é quem manipula as facções e faz a maior guerra nos morros. Mas Russo não comanda tudo sozinho, ele tem o apoio de aliados dentro da própria polícia, além de chefes de gabinetes, deputados, e o governador do estado. O diretor José Padilha não faz vista grossa, e sai atirando pra todos os lados, não poupando ninguém. Padilha que além de diretor é um dos roteiristas e produtor pode ser considerado o cineasta mais corajoso do cinema brasileiro. Tudo que ele mostra no filme não parte da mente exagerada ou paranóica de alguém, mas de fatos que são de conhecimento de todos, ele só estende toda a sujeira e o “ventilador” se encarrega de jogar pra todos os lados. Sua direção é exemplar, seca, e sem rodeios; tudo é mostrado de forma direta, sem espaço pra sub-tramas desnecessárias ou romances forçados pra atrair público mais jovem em busca de situações água-com-açúcar.
Tropa de Elite 2 não deve nada aos melhores filmes do cinema mundial. É tenso, direto e corajoso; brilhantemente dirigido, produzido e interpretado. Falando de interpretação, vale ressaltar o formidável trabalho de todo o elenco. Wagner Moura está novamente perfeito na pele do Capitão Nascimento. Ele passa ao seu personagem todo o drama e aflição, interpretando um homem que se vê acuado e sem poder confiar em mais ninguém; André Ramiro retorna com toda sua seriedade impondo respeito no papel do Capitão Matias; Milhem Cortaz dessa vez mostra outra faceta na pele do comandante Fábio. Sandro Rocha está ótimo no papel do líder da milícia, seu personagem assusta e causa repulsa todas as vezes que entra em cena. André Mattos mostra todo cinismo no papel do apresentador de TV e futuro político; Irandhir Santos faz com profundidade o papel do defensor dos direitos humanos (seu papel é fundamental para o entendimento de todo o filme); Seu Jorge está sinistro como o líder dos amotinados de Bangu 1. Todo o elenco de apoio brilha e enriquece um filme que não se preocupa em discutir fatores sociais, ele apenas joga na mesa e cabe a cada um de nós tirar nossas próprias conclusões.
Longe de filmes maniqueístas vistos recentemente que tentam exaltar figuras públicas, Tropa de Elite não joga nada pra debaixo do tapete, mas sim expõe toda a corrupção de forma crua e nada sensacionalista. O diretor Padilha optou por um tom bastante realista que chega a causar arrepios: as cenas dos bandidos nas favelas e o momento em que políticos e policiais corruptos estão numa festa ao som de samba e tiros, é de uma veracidade fora de série. Palavrões não são poupados, tudo é falado da forma mais realista, sem medo de censuras. O discurso final do Capitão Nascimento na CPI é fantástico, onde ele não poupa ninguém e diz o que todos os brasileiros tem vontade de dizer mas não tem oportunidade.
O primeiro Tropa de Elite ficou de fora, não sendo selecionado pelo Brasil pra ser indicado ao Oscar de filme estrangeiro e acabou sendo premiado na Alemanha com o Leão de Ouro no Festival de Berlim. Moral da história: enquanto alguns brasileiros não gostam de ver o Brasil sendo “mal” representado no exterior com filmes que denunciam toda a corrupção e sujeira verde-amarela, os estrangeiros não estão com essa preocupação e reconhecem o verdadeiro valor do que é bem produzido.
Andando a passos largos pra se tornar o maior sucesso do cinema brasileiro de todos os tempos, Tropa de Elite 2 é o filme mais corajoso, tenso e brilhante dos últimos anos e um dos melhores do cinema brasileiro. Exagero? Confira e tire suas próprias conclusões.


Nota: 5 de 5

Ttitulo original: Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora é Outro

Lançamento: 2010 (Brasil)

Direção: José Padilha

Atores: Wagner Moura, Maria Ribeiro, André Ramiro, Milhem Cortaz, Irandhir Santos, André Mattos, Sandro Rocha, Seu Jorge.

Duração: 116 minutos

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